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Loja Maçônica Perseverança III comemora 150 anos e lembra trajetória na Educação

28 de Outubro de 2018 às 00:47

Loja Maçônica Perseverança III comemora 150 anos e lembra trajetória na Educação O professor-doutor na área de Direito, Vanderlei Silva, que também é gerente do Serviço de Obras Sociais (SOS), falou sobre a história da PIII. Crédito da foto: Fábio Rogério

Tanto no passado como no presente do Brasil e também em projetos para o futuro, a Maçonaria brasileira priorizou a Educação como projeto nacional de divulgação das ideias liberais e republicanas e de ensino para todos e, dentro desse propósito, a Loja Maçônica Perseverança III, de Sorocaba, desempenhou atuação de grande destaque desde a sua criação, em 31 de julho de 1869. Este assunto foi o tema da palestra “A influência da Loja Maçônica Perseverança III na Educação de Sorocaba. O passado, o presente e o futuro”. A exposição do tema foi feita pelo professor-doutor na área de Direito, Vanderlei Silva, que também é gerente do Serviço de Obras Sociais (SOS). O evento faz parte da programação do “Projeto PIII Rumo aos 150 anos” e foi apresentado no auditório do Colégio Politécnico de Sorocaba para um público de professores e membros da Perseverança III.

Silva recordou que a Perseverança III foi criada por um grupo de maçons oriundos da Loja Maçônica Constância. “As lojas maçônicas eram espaços de bastante importância para a sociabilidade das pessoas, e nesses espaços havia a discussão sobre de que forma a Maçonaria e aquele grupo de pessoas podiam influir no futuro das cidades”, diz Silva.

Nesse processo, a Maçonaria projetou-se como instituição dedicada à causa do progresso e priorizou a Educação como instrumento de transformação de uma sociedade até então escravagista, baseada na agricultura, e que se preparava para a mudança de um sistema de governo monárquico para o republicano. Um dos projetos era a luta contra o analfabetismo, com a ideia de que por meio da educação era possível mudar a estrutura da sociedade brasileira.

Desse modo, as lojas maçônicas foram as primeiras a criar escolas noturnas para os trabalhadores. Silva informou que o objetivo “primordial” da Perseverança III foi lutar pela abolição da escravatura no Brasil e pela educação dos trabalhadores da nascente classe operária da cidade. “Não bastava libertar os escravos se não houvesse um processo de educação para inserir esses ex-escravos no mundo do trabalho”, conta.

O binômio “libertação e educação”, entre a libertação dos escravos e a proclamação da República, gerou a necessidade de criar escolas para a população. Nesse esforço, houve a participação de outras instituições na preparação da nova sociedade. Um exemplo em Sorocaba foi o movimento protestante, por meio da igreja Presbiteriana. Junto a outros atores sociais, a Maçonaria concluiu que contribuir para o Brasil entrar para a modernidade exigia um ensino de qualidade laico e em condições de servir a população.

Naquele período, os porta-vozes dos maçons, entre outros, eram Matheus Maylasky, Júlio Ribeiro e Ubaldino do Amaral. Num tempo em que as feiras de muares ainda se destacavam como base econômica, Maylasky entendia que era preciso adequar Sorocaba aos novos meios de produção. E os três líderes eram unânimes em considerar que a escola era a base para iniciar um processo de industrialização.

Passado e presente

A Perseverança III, já no ano de sua fundação, em 1869, criou a primeira escola noturna de Sorocaba. Também participou da ativação do Liceu Sorocabano, escola criada pelo município em 1887. A Perseverança III ainda registrou participação intensa nas campanhas que visavam implantar o ensino secundário na cidade na década de 1920. Até que em 1928 teve participação na criação do ginásio, que deu origem à escola estadual Júlio Prestes de Albuquerque, o Estadão.

Em 29 de abril de 1946, a loja maçônica anunciou o plano de criar uma escola de amparo à infância. Era o nascimento do Lar Escola Monteiro Lobato, que passou por várias transformações. Em 1991, adaptou-se ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, em 2002, passou a ser núcleo do Colégio Politécnico de Sorocaba, com o ensino fundamental. Esse núcleo deixou de existir. Hoje o Lar abriga o projeto Renovar, serviço de convivência e fortalecimento de vínculo, com atendimento de 130 crianças na faixa etária de 6 a 11 anos no período do contraturno escolar.

O ano de 1999 foi marcado pela criação do Colégio Politécnico, que oferece cursos de qualidade nos ciclos dos ensinos infantil, fundamental e médio, e até hoje formou mais de 7 mil alunos.

O futuro

Vanderlei Silva ainda citou, que, com relação ao futuro, a Perseverança III, por meio da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), prepara-se para inaugurar uma instituição de ensino superior que deverá ser um centro de excelência em estudos acadêmicos, com forte atuação em inovação.

A proposta é oferecer cursos de graduação nas áreas de Comunicação Social, com as habilitações em Publicidade e Propaganda, em Jornalismo e em Rádio e TV; e Tecnologia, em Gestão da Tecnologia de Informação e em Tecnologia e Sistemas para a Internet. “O impacto que se pretende com essa nova empreitada é inserir a faculdade dentro do jornal e da rádio e inserir a rádio e o jornal dentro da faculdade”, define Silva, referindo-se ao Cruzeiro do Sul e à Cruzeiro FM 92,3. “A ideia é fazer de fato um ensino diferenciado, no qual a teoria e a prática sejam implementadas.”

‘É uma responsabilidade muito grande’

Loja Maçônica Perseverança III comemora 150 anos e lembra trajetória na Educação Hélio Sola Aro, presidente da Perseverança III, falou sobre o empenho da loja maçônica em ajudar a sociedade. Crédito da foto: Fábio Rogério

O presidente da Loja Maçônica Perseverança III, Hélio Sola Aro, disse que a palestra de Vanderlei Silva mostra que a filosofia da instituição, desde os seus primórdios, “sempre foi voltada para a educação”. Referindo-se aos relatos do palestrante, Aro afirma: “É uma responsabilidade muito grande manter esse passado e construir um futuro melhor ainda.”

Dirigindo-se à plateia de professores e à direção do Colégio Politécnico, Aro acrescenta: “Uma educação de qualidade é feita dentro da sala de aula. Vocês estão de parabéns, levando a educação para essas crianças.” Também complementa: “A Loja Perseverança III tem um passado maravilhoso, os diretores da Fundação Ubaldino do Amaral fazem um trabalho maravilhoso com esse ensino superior que vem pela frente, o Colégio Politécnico também a cada dia se aprimorando, crescendo, com novos desafios. Isso é muito enriquecedor para todos nós.”

Além de Aro e Vanderlei Silva, compuseram a mesa dos trabalhos a diretora do Colégio Politécnico, Sidnei Silva; a auxiliar de direção Luciane Durigan; Archimedes Alvarenga, membro do Conselho Administrativo da FUA; e João Carlos Wey, membro da Perseverança III. Luiz Antonio Zamuner, membro do Conselho Editorial do Cruzeiro do Sul, também esteve presente.

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