Justiça condena quadrilha desarticulada pela Operação Alquimia
O atual delegado assistente da Delegacia Seccional de Sorocaba, Rodrigo Ayres, participou das investigações. Crédito da foto: Emidio marques / Arquivo JCS (7/11/2019)
A quadrilha acusada de extorsão e agiotagem em Sorocaba e detida durante a Operação Alquimia, em 2018, em trabalho de cooperação entre Polícia Civil e Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), teve seus membros condenados a até 97 anos de prisão. A sentença, da 2ª Vara Criminal de Sorocaba, data desta terça-feira (30).
De acordo com a decisão, o chefe da quadrilha foi condenado por extorsão, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele teve pena de 97 anos de prisão -- a maior dos nove integrantes do grupo. O filho dele teve pena de 73 anos. Todos foram condenados, sendo que a menor pena é de 16 anos. Somadas, todas as condenações dos integrantes da quadrilha chegam a 426 anos.
No decorrer da operação, 18 vítimas foram identificadas. O esquema funcionava com empréstimos feitos de forma criminosa, sendo o custo efetivo da operação financeira muitas vezes maior que o valor emprestado. A cobrança ocorria de forma ilegal, com uso de arma de fogo e agressão.
O valor obtido pela quadrilha era usado, conforme a investigação, pelo crime organizado -- caracterizado pela atuação no caso de ao menos duas facções criminosas. Ao menos R$ 118 milhões em poder da quadrilha foram bloqueados judicialmente, incluindo aplicações financeiras. As apreensões também incluem imóveis, iates e diversos automóveis de luxo, como Ford Mustang, Chevrolet Camaro e Land Rover Evoque. No total, 18 veículos foram apreendidos.
Hoje delegado assistente da Delegacia Seccional de Sorocaba, Rodrigo Ayres participou da operação em 2018 e comentou a decisão da Justiça. “Essa organização agia usando dinheiro das facções para extorquir as pessoas, agir dessa forma criminosa. Já havia sido comprovado, no decorrer da investigação, não só a existência dessa organização criminosa, mas a prática de dezenas de extorsões e assim como o crime de lavagem de dinheiro. Todos os membros da organização que foram identificados foram condenados”, ressalta.
Apenas uma pessoa está presa: um homem de 54 anos, que havia sido detido em maio de 2018 e liberado com um habeas corpus emitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro de 2019. Ele voltou a ser preso em Sorocaba, por extorsão, em abril de 2019. Na ocasião, segundo a Polícia Civil, ele ainda figurava como acusado de ser o chefe da quadrilha. Os demais integrantes são considerados foragidos da Justiça. Todos foram presos, mas beneficiados pelo mesmo habeas corpus do STF.
Operação Alquimia
Operação foi deflagrada em 2018, em conjunta entre Polícia Civil e MP-SP. Crédito da foto: Arquivo / Divulgação Dise
A Operação Alquimia foi deflagrada pela Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público em 16 de maio de 2018. Mais de 70 policiais, comandados por sete delegados, foram às ruas para o cumprimento de 23 mandados de busca e oito de prisão expedidos pela Justiça. A quadrilha desarticulada era acusada, naquele momento, de agiotagem, extorsões, movimentações financeiras ilegais, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro na cidade. As investigações foram iniciadas em 2016.
O grupo era liderado por um homem, na ocasião com 54 anos, e seu filho, de 32 anos. Os altos valores seriam, segundo as investigações, “lavados” por meio da aquisição de veículos (alguns modelos de luxo), embarcações, imóveis e outros investimentos em construção civil. De acordo com Ayres, o chefe da quadrilha tinha uma conta de previdência privada que acumulava R$ 11 milhões. Essa foi uma das contas que foram bloqueadas. (Marcel Scinocca)
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