Jovem destaca autonomia após receber próteses em Sorocaba: 'A gente consegue superar tudo'
Milena Nenemann reconquistou sua autonomia e mostra muita alegria em viver. Crédito da foto: Fábio Rogério (19/8/2019)
Quem vê a estudante Milena Nenemann, de 20 anos, sente um impacto emocional de difícil descrição. Ela sofreu amputações no braço direito, nos dedos da mão esquerda e nas duas pernas. Com o uso de próteses, adaptou-se bem, recuperou a autonomia de mobilidade e até se maquia sozinha. Além disso, mostra uma alegria de viver que nem todas as pessoas possuem.
Uma empresa de Sorocaba especializada em tecnologia de próteses, a Conforpés, ajudou Milena a ter nova chance com a doação das próteses e a reabilitação.
Nascida em Rio Negrinho (SC), ela tem família em Rio Negro (SC) e atualmente mora em Curitiba (PR), onde cursa o segundo ano de nutrição. É filha do meio de uma família composta dos pais e três filhos.
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O empresário Nelson Nolé, dono da Conforpés, informou que após uma pneumonia sofrida aos 17 anos, Milena contraiu uma bactéria não identificada que causou infecção generalizada. O que provocou necrose (falta de circulação) em partes dos membros e as amputações foram necessárias para salvar a vida dela. A jovem ficou 52 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Nelson Nolé : “exemplo de vida”. Crédito da foto: Fábio Rogério (19/8/2019)
Nolé disse que a prótese da mão direita tem tecnologia biônica com sistema que lê os sinais emitidos pelo cérebro e faz 14 movimentos. “Ela lê o sinal cerebral que você emitiu e automaticamente faz o mesmo movimento que você faria com a sua mão. É a mão mais moderna que existe no mundo atualmente.”
Uma luva com textura semelhante à cor da pele reveste essa prótese. No membro esquerdo, a abertura entre o que restou de dois dedos também facilitou os movimentos. A prótese das pernas é de carbono e permite o uso de salto, que pode ser regulado com o acionamento de um botão.
Superação
Perguntada como encara a nova vida com as adaptações, Milena informa que tem autonomia para morar sozinha. Compartilha apartamento com uma amiga da faculdade em Curitiba. E mostra disposição para inspirar quem vive as dores extremas da vida.
“Para mim foi tudo normal. Eu vi a minha situação no hospital, eu sabia que ia morrer. Então eu agradeço por estar aqui. Nunca foi para mim um momento difícil. A gente consegue superar tudo, o ser humano é capaz de superar tudo. Para mim, parece que eu sempre usei prótese. É normal. Hoje eu moro sozinha (longe da família), dirijo.”
Bem-humorada, Milena diz que frequenta baladas como as outras garotas da sua idade. Gosta de cerveja, curte música gaúcha e sertaneja, é antenada nas redes sociais e torce para o Flamengo.
“Os pais dela (Eliane e Márcio) estavam numa depressão monstruosa por causa da situação dela. Ela é que consola os pais. ‘Sou normal, estou viva aqui’”, disse Nolé, reconstituindo o processo de adaptação familiar.
Segundo Nolé, Milena se destaca também pela inteligência e disse que essa qualidade -- associada ao fato de ser muito jovem -- faz diferença na adaptação. “Dependendo do QI que a pessoa tenha, a adaptação é muito superior a outras pessoas que têm o QI muito menor. Ela caminha normalmente, se movimenta, tem a vida normal.”
Nolé disse que atende na Conforpés pessoas que perdem um dedo e acham que a vida acabou: “Quando começam a ver o exemplo dessa menina (Milena) e outros casos que temos lá, ficam até com vergonha de reclamar. A grande importância é mostrar que a vida não acabou.” (Carlos Araújo)
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