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Instituições de ensino de Sorocaba e Tatuí desenvolvem respiradores de baixo custo

23 de Julho de 2020 às 00:01

Instituições de ensino de Sorocaba e Tatuí desenvolvem respiradores de baixo custo Protótipo de respirador ficou pronto na Fatec de Tatuí. Crédito da foto: Divulgação

Instituições de ensino de Sorocaba e Tatuí estão envolvidas no desenvolvimento de respiradores pulmonares de baixo custo, equipamentos utilizados para o tratamento de pacientes com Covid-19. Uma equipe do Instituto Federal São Paulo (IFSP), campus Sorocaba, trabalhou em um projeto do gênero, feito em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e a Marinha do Brasil. Os respiradores pulmonares estão sendo utilizados por 40 pacientes com a doença em tratamento no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

A equipe da IFSP ficou responsável pela integração entre a programação e a parte mecânica dos respiradores. De acordo com o professor Denilson de Camargo Mirim, diretor geral do campus Sorocaba, a equipe se associou ao projeto ainda no início dos trabalhos. “É um equipamento de suporte à vida, mas a pandemia criou uma limitação ao acesso a esses respiradores, que sumiram do mercado. É uma alternativa imprescindível para esse período”, disse.

Além do diretor do campus, a equipe também foi formada pelos professores André Martins e Sérgio Shimura, e pelo aluno de iniciação científica Anderson Blank. Antes, o grupo do IFSP colaborou com a startup Pi Project, incubada no Parque Tecnológico de Sorocaba, trabalho esse que foi apresentado aos coordenadores do projeto de respiradores de baixo custo, os professores Raul González e Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da USP.

Instituições de ensino de Sorocaba e Tatuí desenvolvem respiradores de baixo custo Projeto é uma parceria da USP, Marinha do Brasil e IFSP. Crédito da foto: Divulgação

Denilson de Camargo Mirim destacou a colaboração entre as instituições públicas envolvidas no projeto e frisou algumas características dos respiradores pulmonares, como o fato de ser uma iniciativa de livre patente e de ter um custo mais baixo. “É um equipamento que poderá ser fabricado por outras empresas, desde que cumpridas as regras e certificações necessárias. O último levantamento feito mostrou que o custo de cada respirador é de cerca de R$ 5 mil, enquanto que o valor dos que já estão no mercado gira em torno de R$ 70 mil”, afirmou.

O diretor do IFSP em Sorocaba disse, ainda, que uma das exigências da parceria era de que a tecnologia utilizada no equipamento fosse nacional. A fabricação dos respiradores foi realizada no Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo.

Antes de ser utilizado nos pacientes internados no Incor, para fins de pesquisa, os respiradores pulmonares passaram por uma fase de testes. Os equipamentos foram desenvolvidos para tratar aqueles que apresentam alto comprometimento das vias respiratórias.

Tatuí

A Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Tatuí também desenvolveu um respirador pulmonar de baixo custo. Segundo o diretor da unidade, professor Mauro Tomazela, a intenção é que, futuramente, o equipamento possa ser distribuído aos hospitais da região a preço de custo. “O projeto pode ajudar a suprir uma demanda reprimida”, apontou.

A construção do protótipo do respirador pulmonar foi feita em parceria com a Associação da Justiça Restaurativa, ligada ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Tomazela explicou que o projeto já passou por todas as fases de testes, mas ainda está em processo de certificação por órgãos do setor. A estimativa é de que o equipamento custe dez vezes menos do que os que estão no mercado.

O projeto ficará à disposição para as empresas da área que se interessarem pela fabricação em larga escala.

Produção ainda é em pequena escala

Pacientes com o novo coronavírus internados no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo começaram a utilizar no dia 16 de julho os respiradores pulmonares desenvolvidos pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

“Estes equipamentos demonstram a capacidade dos pesquisadores, professores e alunos da Universidade de São Paulo que desenvolveram em apenas quatro meses -- e a um baixíssimo custo -- a produção de respiradores. Ainda em pequena escala, mas que ao longo do tempo e gradualmente ganhará condições mercadológicas”, disse João Doria, governador de São Paulo.

A expectativa é de que esses respiradores comecem a ser produzidos em larga escala, após receberem autorização e cumprirem algumas exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma parceria entre o governo paulista e a Marinha prevê a produção de dez a 20 equipamentos por dia.

Os equipamentos foram produzidos com custo reduzido e tecnologia majoritariamente brasileira. Podem ser usados tanto em casos de média complexidade como nas ocorrências de infecção por coronavírus que exigem terapia intensiva. (Erick Rodrigues, com informações de Agência Brasil)

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