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Hospital Leonor, em Sorocaba, não tem data para reativar leitos da UTI

03 de Outubro de 2019 às 09:19
Ana Claudia Martins [email protected]

Hospital Leonor Mendes de Barros é referência em atendimento oncológico para pacientes adultos. Crédito da foto: Emídio Marques (02/10/2019)

O Hospital Leonor Mendes de Barros teve 20 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desativados nos últimos anos e a Secretaria Estadual da Saúde, responsável pelo Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), e que inclui o Leonor, não informou se pretende reativá-los. A carência de leitos na UTI está prejudicando pacientes que necessitam de atendimento específico. Além disso, há salas cirúrgicas que precisam de investimentos e equiparações. O CHS completou 50 anos este ano e atende pacientes de 48 municípios da região de Sorocaba.

Em julho último, o superintendente do Seconci, entidade gestora do CHS, Paulo Quintaes, repassou os dados sobre a situação do CHS para os deputados estaduais e membros da Comissão de Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa do Estado (Alesp): presidente Rodrigo Moraes (DEM), e vice-presidente Danilo Balas (PSL).

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A Secretaria Estadual da Saúde informa que, “desde o primeiro semestre de 2019, foram reativadas as quatro salas cirúrgicas localizadas no Leonor Mendes de Barros. Isso contribuiu para que o hospital aumentasse em 30% o volume de cirurgias, em comparação a 2018”, diz.

A secretaria destaca ainda que “atualmente, o CHS conta com 350 leitos, e é referência em atendimentos de alta complexidade para toda a região de Sorocaba. A unidade atende mensalmente 2,8 mil pacientes de urgência e emergência e mais de 12 mil pacientes ambulatoriais”, diz. No entanto, para quem trabalha no CHS e conhece a demanda do complexo hospitalar, os atuais 350 leitos não são suficientes.

Segundo o Estado, o CHS, do qual o Leonor faz parte, tem um total de 350 leitos. Crédito da foto: Fábio Rogério

Na ocasião da visita dos deputados estaduais, o superintendente do CHS disse também que um projeto no valor de R$ 65 milhões foi enviado à secretaria estadual para uma reforma completa do complexo. Além disso, Quintaes afirma que o repasse mensal de R$ 10,3 milhões do governo estadual, incluindo a incorporação da farmácia de alto custo, é insuficiente para cobrir todos os gastos do CHS.

A Secretaria Estadual da Saúde, no entanto, não informou se pretende ou não efetuar o projeto de reforma do CHS. A resposta da pasta é que, “neste ano, está investindo R$ 6,9 milhões no CHS, entre infraestrutura e equipamentos, com a recuperação da estrutura física do hospital em alas como pronto-socorro, farmácia, enfermarias e UTI neonatal”.

Contudo, o valor que o governo estadual está investindo atualmente no complexo hospitalar é praticamente 10% do que seria necessário, segundo o projeto de reforma enviado pelo superintendente do CHS.

Novamente questionada, a pasta estadual afirma que “cabe esclarecer que toda e qualquer intervenção é feita de forma gradativa para que não haja impacto na assistência”. “Também foram realizadas obras no terreno para implantação de um novo aparelho de radioterapia, dentro do plano de expansão do Ministério da Saúde, prevista para o próximo ano. Além disso, desde o ano passado a região conta com o novo Hospital Regional Dr. Adib Domingos Jatene, que reforça a assistência de média e alta complexidade na região com mais 240 leitos, centro cirúrgico, unidades de terapia intensiva adulto, neonatal e pediátrica e ambulatório”.

Pacientes com câncer são os mais afetados

De acordo com as reclamações de familiares de pacientes do CHS, a falta de leitos de UTI no Hospital Leonor Mendes de Barros atinge principalmente adultos com câncer, já que o Leonor é referência regional em oncologia adulta. Com o fechamento de leitos de UTI, as famílias alegam que o sofrimento dos pacientes é maior nos leitos comuns, e que muitas vezes eles recebem alta hospitalar por falta de vagas.

Familiares de doentes reclamam da falta de leitos na UTI. Crédito da foto: Erick Pinheiro (15/7/2019)

A família de um paciente de Capela do Alto já falecido, por exemplo, afirma que o sofrimento do familiar poderia ter sido amenizado se ele tivesse conseguido transferência para um leito de UTI, o que não ocorreu. Os familiares preferiram não se identificar. A filha do paciente acredita que o pai teria sofrido menos se tivesse sido atendido em seus últimos momentos de vida em uma UTI.

Os familiares de outro paciente, de Piedade, também reclamam da falta de leito de UTI no Leonor. O familiar, também já falecido, até conseguia vaga na UTI, mas por períodos. Ele fazia tratamento contra câncer de pulmão. Segundo a família, praticamente todo mês ele recebia alta para liberar vaga para outro paciente.

Já a família de um paciente de Araçoiaba da Serra, que fazia tratamento contra câncer de bexiga, reclama da dificuldade para fazer exames, falta de material no centro cirúrgico do Leonor e reagendamentos de cirurgia. O paciente também já faleceu e os familiares acreditam que a demora na realização da primeira cirurgia acabou comprometendo a saúde dele.

Desde novembro de 2018, a Organização Social de Saúde (OSS) Seconci é a responsável pela gestão do CHS. Os três casos citados acima na reportagem ocorreram antes do início da gestão do Seconci.

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