Gasolina de aviação sob suspeita foi detectada em Sorocaba
Conforme a Anac, dois relatos de problemas de qualidade partiram da cidade. Crédito da foto: Fábio Rogério
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou quarta-feira (15) uma lista de locais onde pode ter ocorrido o recebimento de combustível para aviação com problemas de qualidade. A cidade foi relacionada como “BR Aeroporto de Sorocaba”.
De acordo com a agência, Sorocaba recebeu dois relatos de problemas, o que corresponde a quase 4% do total de notificações recebidas em todo o Estado de São Paulo. A maior incidência de reclamações foi em Jundiaí.
A Anac informou que, desde o recebimento das primeiras denúncias, iniciou um grupo de trabalho para acompanhamento da possível contaminação da gasolina de aviação (AVGAS). “Como primeira medida, a Anac comunicou a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, além de solicitados os reportes dos operadores de aeronaves que identificaram problemas em suas aeronaves”, diz a agência.
Imagem feita no interior da torre de controle. Crédito da foto: Reprodução
“Todo esse trabalho de mapeamento de riscos para a aviação geral vem sendo feito em estreita parceria com a Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (AOPA) e com outros grupos do setor ligados à segurança operacional. Até o momento, foram recebidos 90 relatos”, acrescenta a agência, que aguarda os resultados da investigação da ANP e as ações das distribuidoras de combustível para identificação de causas e extensão da possível contaminação de alguns lotes de gasolina de aviação.
Aeronaves de menor porte
O tipo de combustível sob suspeita é usado em aeronaves de menor porte (mono ou bimotor), não afetando as aeronaves de maior porte que atendem voos regulares de passageiros. Conforme a Anac, atualmente, são cerca de 12 mil aeronaves com esse tipo de abastecimento.
O centro de distribuição de Sorocaba, chamado de BR Aviation Center, opera ao menos desde 2009. A BR Aviation disse que está em contato com as autoridades públicas responsáveis pelo setor, colocando-se à disposição para apoiar as avaliações sobre o tema e atender às recomendações dos referidos órgãos (ANP e Anac) e da Petrobras, seu único fornecedor de gasolina de aviação.
A empresa lembrou que está retomando a comercialização da gasolina de aviação após a Petrobras “oferecer informações técnicas suficientes para identificação exata do lote que apresentou teor de compostos aromáticos menor do que os lotes até então importados”.
Essas informações permitiram, conforme a BR Aviation, que a empresa e suas revendas fizessem o rastreamento dos locais onde aquele lote está armazenado e iniciasse o processo de completo recolhimento do produto.
Petrobras
Em nota, a Petrobras, que importou a gasolina de aviação, afirmou que o produto entregue aos clientes atende a todos os requisitos de qualidade especificados pela ANP para a comercialização no Brasil. “O lote analisado pela Petrobras não apresenta adulteração, apenas uma composição diferente das cargas anteriores em relação aos tipos de hidrocarbonetos. Não há comprovação de que existe relação de causa e efeito entre os eventos recentemente reportados em aeronaves e o lote importado pela Petrobras”, diz.
[irp posts="191750" ]
A empresa informou que, ainda assim, decidiu suspender preventivamente a comercialização do lote, “assim como irá aceitar devolução, pelas companhias distribuidoras, dos volumes comercializados.” (Marcel Scinocca)