Operação Coletor: Ex-auditor da Receita teve bens bloqueados em 2017
A PF apreendeu na quarta-feira documentos, celulares e cerca de R$ 180 mil em dinheiro. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (11/11/2020)
O ex-auditor fiscal da Receita Federal de Sorocaba que nesta semana foi alvo da Operação Coletor, da Polícia Federal, já havia tido seus bens bloqueados pela Justiça em agosto de 2017 a pedido do Ministério Público Federal (MPF/SP). Na ocasião, o funcionário e a sua esposa foram alvos de uma ação de improbidade administrativa do Núcleo de Combate à Corrupção do MPF/SP após uma investigação conduzida pela Corregedoria da Receita Federal em São Paulo. A apuração revelou a incompatibilidade entre a renda e a variação patrimonial do auditor, que estava na ativa no período analisado.
Segundo os procuradores, o patrimônio do casal teve acréscimo de R$ 6,9 milhões entre 2003 e 2006 sem origem declarada. As informações foram divulgadas à época no site da Procuradoria da República em São Paulo mas, atualmente, o processo corre em segredo de Justiça.
Na última quarta-feira (11), Receita Federal, com apoio da Polícia Federal, realizou uma operação contra lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e improbidade administrativa na região de Sorocaba e apontou o mesmo ex-auditor e sua família como supostos autores da prática criminosa. Intitulada Coletor, nome que faz menção à denominação utilizada, no passado, para designar arrecadadores de tributos, a ação foi deflagrada em Sorocaba, Araçoiaba da Serra e Ibiúna.
Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, em endereços residenciais e empresariais ligados ao ex-funcionário do órgão e aos demais envolvidos. A Justiça também determinou o sequestro de 133 imóveis e de ativos em contas bancárias, até o limite de R$ 421 milhões e veículos. O valor seria o equivalente ao patrimônio do ex-colaborador construído com indícios de irregularidades, afirma a Receita.
O objetivo é coletar provas acerca de possível crime de lavagem de dinheiro, tendo como base os crimes de corrupção passiva, sonegação fiscal e outras atividades criminosas. A Polícia Federal foi questionada ontem, mas não informou até o fechamento desta edição se os acusados foram presos e por quanto tempo ele teria agido irregularmente no exercício da profissão. A PF também não informou a quantidade de bens relacionados bloqueados, quais são os próximos passos investigação e se além da perda dos bens irregulares, que punições poderão ser aplicadas caso aos acusados caso sejam confirmadas. O escritório de advocacia que representa o ex-auditor neste caso foi procurado, mas não retornou a ligação até o fechamento desta edição. (Felipe Shikama)