Buscar no Cruzeiro

Buscar

Evento discute trabalho e infância roubada que envolve mais de 2 milhões de pessoas

11 de Junho de 2019 às 22:03

Evento discute trabalho e infância roubada Estudantes também participam do seminário realizado no Teatro Municipal. Crédito da foto: Erick Pinheiro

A infância roubada pelo trabalho ilegal foi o tema de um seminário realizado nesta terça-feira (11) em Sorocaba em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, celebrado nesta quarta-feira (12). No evento, realizado no Teatro Municipal, estiveram presentes o desembargador do Trabalho, João Batista Martins César, o procurador do Trabalho, Ronaldo José de Lira, além de vereadores, representantes do Executivo e estudantes. O titular da Secretaria de Igualdade e Assistência Social (Sias), Jefferson Calixto, informou que neste ano, em abordagens sociais realizadas pelas equipes da pasta, foram constatadas 95 crianças trabalhando em semáforos da cidade.

A pesquisa “Pobreza na Infância e na Adolescência”, feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), trouxe dados alarmantes sobre o trabalho infantil. Cerca de 2,5 milhões de brasileiros entre 5 e 7 anos, estão nesta condição. O desembargador João Batista afirma que o trabalho infantil ainda ocorre porque há uma má interpretação da sociedade para com o assunto. “A comunidade ainda defende que trabalhar desde cedo é bom, mas não enxerga os transtornos que isso pode causar e um dos mais graves é a evasão escolar, que usurpa toda a expectativa de vida dessa criança”, disse durante o evento. O desembargador também exaltou a importância dos professores na construção de uma sociedade mais igualitária.

Segundo as leis brasileiras, o trabalho é liberado para adolescentes acima dos 14 anos dentro do programa Jovem Aprendiz, que tem regras específicas de contratação. Além de roubar o direito à educação, o trabalho infantil, segundo a Unesco, ainda causa prejuízos à saúde, já que as crianças são expostas a condições insalubres e inseguras. Os transtornos psicológicos também são consequências dessa exploração, pois não raro, o trabalho infantil está relacionado ao abuso sexual.

O diretor da regional Sorocaba do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Erly Domingues de Syllos, presente no evento, destacou a importância de oferecer oportunidade aos adolescentes. “Incentivar a aprendizagem é uma maneira digna de inserir o jovem no mercado de trabalho e buscamos sempre conscientizar as empresas sobre a importância de se abrir essa porta”, disse.

Em Sorocaba, destaca o titular da Sias, ações de conscientização sobre o trabalho infantil vem sendo promovidas em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), como realização de exposições, palestras e também as abordagens sociais. No ano passado foram contabilizadas aproximadamente 300 crianças e adolescentes trabalhando principalmente nos semáforos de grandes avenidas da cidade. “É preciso um trabalho unindo forças para proteger esses menores”, disse Calixto.

Qualquer pessoa pode denunciar casos de trabalho infantil por meio do telefone (15) 3229-0774 ou então pelo 100, que é o disque-denúncia do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Além do seminário realizado na manhã de ontem, outros dois eventos sobre trabalho infantil foram realizados na cidade. Às 19h ocorreu a jornada de debates “Que realidade é essa?”, promovido pelo Núcleo em Educação e Estudos da Infância do campus Sorocaba da UFSCar, com a presença do juiz do Trabalho, Tarcio Vidotti. No mesmo horário, a Câmara de Vereadores realizou uma audiência pública com o objetivo de inspirar empresas sobre a importância da aprendizagem. (Da Redação)