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Estão faltando medicamentos nas farmácias

18 de Abril de 2021 às 00:01
Vinicius Camargo [email protected]

Está faltando medicamentos nas farmácias Estabelecimentos estão sem medicamentos para diabetes, problemas cardíacos, antidepressivos, entre outros. Crédito da foto: Pedro Henrique Negrão

Atualizada em 19/04/2021 às 14h42

A pandemia de Covid-19 ocasiona a falta de medicamentos em farmácias de Sorocaba. Entre a tarde de terça (13) e a amanhã de quarta-feira (14), a reportagem do Cruzeiro do Sul contatou, por telefone, dez drogarias da cidade, nas zonas norte, sul, leste, oeste e industrial. Há defasagem de remédios em quatro delas. Nas outras seis, a situação estava normal. A principal causa do déficit é a carência de matéria-prima para a produção.

Os estabelecimentos estão sem medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial, a exemplo do Benicar, Olmesartan e Valsartana. Faltam, ainda, antidepressivos, como o Exodus; anticoncepcionais, a exemplo do Depo Provera injetável e Allestra 20; o Proctyl, para tratar hemorroidas; o Xigduo XR e o Thioctacid para o tratamento da diabetes; e o repositor hormonal Levoid, utilizado por pacientes com problemas na tireoide. Até mesmo vitaminas C, D e zinco não são encontradas.

Segundo Vicente Carlos Rinaldo Júnior, proprietário da Farma Nova Popular, no Jardim São Guilherme, a crise sanitária afetou, principalmente, a importação de insumos da China e da Índia, os dois maiores fornecedores. Sem os componentes, os laboratórios não conseguem desenvolver os remédios. Bruno Pioli, dono da Drogaria Pioli, na Vila Hortência, diz que essa, inclusive, é a justificativa apresentada pelas distribuidoras. "Por causa da pandemia, os laboratórios estão com as atividades suspensas e não fazem as entregas para as distribuidoras", conta ele.

De acordo com o gerente da Farma ABM, no Cajuru, Maurício de Sozua, e Rinaldo Júnior, o novo reajuste no preços dos produtos, que varia entre 10,08%, 8,44% e 6,79%, em vigor desde 1º de abril, influencia nesse cenário. Porém, não é determinante. inaldo Júnior informa que, antes do aumento, as distribuidoras retêm as vendas, para repassar os remédios com os preços atualizados. A estratégia ocasiona a falta. Contudo, após a alta, a situação se normaliza. 

Na ABM Farma, conta Souza, as vitaminas estão em falta desde o início da pandemia, devido ao aumento de mais de 100% na procura. Os demais medicamentos não chegam desde dezembro de 2020. De acordo com ele, a defasagem elevou a demanda pelos remédios. Consequentemente, os preços subiram entre 20 e 25%. O prejuízo ao tratamento de pacientes que dependem dos remédios, especialmente, os de uso contínuo, é outra consequência da falta. "Principalmente, para quem sofre com problemas de pressão arterial. As pessoas estão tendo dificuldades (para encontrar) alguns medicamentos e estão tendo que substitui-los", afirma. 

Na Drogaria Pioli, na Vila Hortência, as prateleiras também não recebem alguns medicamentos há aproximadamente 40 dias. Em umas das unidades da Drogaria São Paulo do Parque Campolim, o problema completa cerca de dois meses. Na Farma Nova Popular, ocorre há mais ou menos sete meses. Conforme Rinaldo Júnior, dono desta última, determinados remédios sequer constam nos catálogos das distribuidoras para compra. "Está fora do normal. Está faltando muita medicação", pontua ele. 

Diretor da Febrafar diz que faltas são pontuais

O diretor da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), Rogério Lopes Júnior, afirma que há faltas de medicamentos pontuais na cidade. "São menos de dez unidades (tipos) que estão tendo dificuldade maior de serem encontradas", alega.

Lopes Júnior corrobora com os farmacêuticos e aponta dificuldades na importação de componentes e na produção dos remédios como causas desse cenário. De acordo com ele, as farmacêuticas chinesas e indianas reduziram a sua produção. Além disso, os dois países fornecem matérias-primas para diversas outras nações. Com o fluxo menor de atividades, as empresas diminuíram os repasses para cada país. "Todos que dependem da matéria-prima vinda da China e da Índia tiveram algum entrave", assinala. 

Ainda em consonância com os donos e o gerente das drogarias, Lopes Júnior aponta que o reajuste não teve responsabilidade expressiva no desabastecimento. Os valore sobem sempre no mês de abril, informa ele. Sabendo da retenção das vendas pelas distribuidoras nesse período, as farmácias estocam, em fevereiro, quantidades suficientes para venda durante todo o mês de março. Desta forma, não há falta.

Outros produtos, como o xarope expectorante Bisolvon, não são encontrados no mercado, justamente, por serem usados no tratamento da Covid-19. Segundo Lopes Júnio, o aumento da prescrição desse medicamento elevou, automaticamente, a procura. (Vinicius Camargo)