Espaço esportivo em Votorantim está abandonado
Cerca de 20 pessoas vivem ali. Elas construíram barracos de madeira nos arredores dos vestiários. Crédito da foto: Pedro Negrão
O mau estado de conservação e a presença de moradores de rua e usuários de drogas nas instalações da Associação Atlética Vila Garcia, situada no Jardim Cláudia, em Votorantim, impedem a prática de atividades no local e oferecem riscos à segurança dos moradores do bairro. Mato alto, grande quantidade de entulho e falta de iluminação são alguns dos outros problemas encontrados no cento esportivo.
Antes da pandemia de Covid-19, aconteciam, frequentemente, jogos de futebol no clube. Havia, também, aulas esportivas para crianças. Quando ocorriam as atividades, a manutenção do local era feita regularmente. Porém, com as recomendações de isolamento social, para evitar a propagação do novo coronavírus, as partidas e os treinos infantis precisaram ser suspensos. Consequentemente, a associação foi fechada. A partir disso, a Prefeitura de Votorantim deixou de cuidar do espaço, afirmam Antonio Marcos Miguel, 48 anos, treinador de futebol, e Ronaldo Vieira do Nascimento, 37 anos, pintor industrial. Além de moradores do bairro, ambos são membros da diretoria da Atlética.
Anteriormente, afirmam Miguel e Nascimento, a administração municipal já não efetuava a preservação adequada. Os serviços eram feitos pelos próprios integrantes da associação. Mas, com o advento da pandemia, a situação piorou, e as instalações foram completamente abandonadas. A Atlética conta com um campo de futebol, uma quadra poliesportiva, vestiários, academia ao ar livre, playground e área para confraternizações. Os sinais de abandono podem ser notados em todas as instalações.
De acordo com Miguel, ao perceber o fechamento do local, moradores de rua começaram a invadi-lo. Atualmente, acrescenta Nascimento, cerca de 20 pessoas vivem ali. Elas construíram barracos de madeira nos arredores dos vestiários. Até o momento, há três moradias improvisadas. A presença delas dificulta, sobretudo, a retomada das aulas para as crianças. O cenário é agravado pela falta de iluminação, consideram eles. Diversas luzes dos postes do centro esportivo estão queimadas há tempos e, até agora, não foram trocadas. Por questões de segurança, informam, muitos pais têm receio de permitir que os filhos frequentem o local.
Diversos usuários de drogas, principalmente, se alojam na área. Além disso, a venda de entorpecentes é feita nas imediações do centro esportivo. O tráfico ali ocorre há, pelo menos, cinco anos, diz Miguel. “É a cracolândia de Votorantim”, compara.
O mato alto e a grande quantidade de lixo e entulho despejados na sede da Atlética também geram riscos. Conforme Miguel, em razão do matagal e dos dejetos, animais peçonhentos ou transmissores de doenças, como escorpiões, cobras e ratos, sempre são vistos por ali. Quando a reportagem do Cruzeiro do Sul esteve no local, por volta das 14h30 do último dia 9, havia sido ateado fogo em vários detritos.
Os moradores do entorno têm medo até mesmo de sair de casa e de deixar os filhos brincarem nas vias. Eles temem serem assaltados ou agredidos pelos moradores de rua ou usuários de drogas. Já foram registrados, inclusive, episódios de ameaças, relatam os membros da associação. “O município tem uma área que deveria beneficiar a população, mas, ao contrário disso, tem trazido prejuízos”, critica Miguel.
Ele diz já ter contatado a Prefeitura sobre a situação diversas vezes. No entanto, nenhuma providência foi tomada. Enquanto as melhorias necessárias não são efetuadas, o funcionamento do centro esportivo segue suspenso. “Enquanto não forem tomadas providências, é impossível usar o espaço”, fala Nascimento.
O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, a Prefeitura de Votorantim informou que a Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) está realizando serviços naquela região. “Desde o ano passado, o local não recebia manutenção. A Sesp segue um cronograma elaborado para atender a demanda que, nessa época do ano aumenta muito, agravada pelo fato de a cidade não receber manutenção desde o ano passado”, informa. (Vinícius Camargo)