Escolas com problemas aguardam solução em Sorocaba
CEI-3, no Largo do Divino, está interditado desde 2015, mas os problemas estruturais surgiram após a entrega, em 2012. Crédito da foto: Fábio Rogério
Prédios de escolas municipais que tiveram problemas estruturais continuam aguardando solução em Sorocaba. Em um dos casos, o Centro de Educação Infantil Dona Zizi de Almeida (CEI-3), que fica próximo ao Largo do Divino, no Jardim São Paulo, está fechado desde 2015, ou seja, há praticamente cinco anos interditado por problemas estruturais, que até o momento não foram solucionados.
Outras duas unidades escolares atualmente também necessitam de reformas: a Escola Municipal Luiz Almeida Marins, no bairro Júlio de Mesquita Filho, e a Escola Municipal Antenor Monteiro de Almeida, no bairro Aparecidinha, que está funcionando desde o último dia 5 de fevereiro, mas será oficialmente inaugurada no próximo dia 31. Porém, a unidade escolar de Aparecidinha, antes mesmo da inauguração, já sofreu avarias. Com a chuva do domingo (8), o muro da escola caiu.
Na Luiz Almeida Marins a situação é mais complicada porque a escola teve o vestiário do ginásio de esportes totalmente interditado pela Defesa Civil de Sorocaba. A medida foi tomada após vistoria realizada no local, por conta do aparecimento de rachaduras e trincas em alguns pontos do prédio.
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O problema ocorreu depois do deslocamento de um talude na rua João Batista Machado, que atinge parte da escola, principalmente na área dos fundos do prédio.
Nada mudou
Deslocamento de talude causou problemas à escola do Júlio de Mesquita Filho. Crédito da foto: Fábio Rogério
Na tarde desta terça-feira (10), a reportagem do Cruzeiro do Sul esteve no Júlio de Mesquita Filho e no Jardim São Paulo para verificar a situação dos respectivos prédios escolares municipais. Nos dois locais praticamente nada mudou.
O prédio do CEI-3 continua interditado, com uma porta solta em frente ao portão principal da unidade, já com bastante sinais de ferrugem devido a ação do tempo. Assim como a pintura de toda a escola e os vidros quebrados de várias salas de aula.
O cenário de abandono contrasta e entristece a paisagem local, já que a unidade escolar foi construída em uma área grande, em um terreno de esquina, e bem próximo ao Largo do Divino, que é considerado um ponto histórico da cidade.
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Além disso, há cinco anos interditada, a unidade escolar deixa de ser utilizada, mas foram investidos quase R$ 3 milhões, de dinheiro público, na construção do prédio, que foi entregue em dezembro de 2012, e passaria a atender mais de 100 crianças.
Isso até serem percebidos problemas estruturais e a inauguração ser adiada para dezembro do ano seguinte, ou seja, em 2013. Mesmo assim, o prédio passou a ser usado, mas em 2015, funcionários notaram a gravidade das falhas e houve interdição definitiva.
Por conta dos problemas apresentados no prédio, a Prefeitura de Sorocaba entrou com ação contra a empresa responsável pela obra para obrigá-la a arcar com os custos de recuperação da unidade escolar.
No processo, o Executivo informou que “ocorreu um recalque na estrutura do prédio, ocasionando várias trincas diagonais na região das salas de aula, corredor e, principalmente, no pilar que sofreu reforço estrutural”. Já a construtora argumentou que as situações foram motivadas por o que chama de “fato abrupto”, dirigindo a responsabilidade a um acidente em uma tubulação.
Em Aparecidinha, muro cedeu com a chuva do último domingo. Escola funciona, mas ainda não foi inaugurada. Crédito da foto: Cortesia
Em 2016, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) designou o engenheiro José Eduardo Molineiro para periciar a obra. Logo em seguida, o profissional concluiu, entre outras coisas, em laudo de 72 páginas, que “os danos que prejudicaram irrecuperavelmente (ou seja, há necessidade de demolição) parte da estrutura, especialmente o bloco A, desestabilizaram o bloco B e romperam os vínculos rígidos destes com os demais blocos, decorreram da falta de qualidade do aterro e da incapacidade de sustentação de cargas aplicadas às estacas da fundação”.
Além da interdição do prédio, que continua sem uso e sem reforma, em junho do ano passado, a Secretaria da Educação (Sedu) garantiu que já tinha incluído o compromisso na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020, o que não ocorreu.
Prefeitura só dá prazo para reconstruir muro
O Cruzeiro do Sul questionou a Prefeitura de Sorocaba sobre quando a situação do prédio do CEI-3, no Jardim São Paulo, será resolvida, mas não há uma data definida. A Sedu afirma que a obra para funcionamento do CEI-3 não foi efetuada ao longo dos anos, pois existia uma ação judicial solicitando que a empresa construtora fizesse o reparo, conforme a garantia. “Após a decisão judicial, o custo para a reforma não foi viabilizado na LOA 2020, mas está sendo analisada para entrar no próximo orçamento”, disse a pasta.
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Deste modo, a reforma do prédio do CEI-3 deverá ocorrer somente em 2021, em outro governo municipal.
Já em relação à Escola Municipal Luiz Almeida Marins, a Sedu afirma que existem três processos licitatórios em fase de finalização que estão relacionados à situação do vestiário: um é referente à contratação de consultoria especializada para analisar a condição do solo; outro para contratação de sondagem do terreno e um terceiro para a demolição em parte do vestiário.
Porém os prazos para início e término das três ações não foram informados. No ano passado, conforme laudo emitido pela Defesa Civil, foi apontado um solapamento de piso, fissuras e trincas nas paredes, porém sem risco iminente de colapso estrutural. A direção da unidade, contudo, foi orientada para que alunos, funcionários e demais pessoas não entrem no vestiário. Mas “pede tranquilidade aos pais, alunos, professores e à comunidade que frequenta o espaço”.
E na Escola Municipal Antenor Monteiro de Almeida, no bairro Aparecidinha, a Sedu disse que as aulas seguem normalmente, e que a previsão para reconstrução do muro atingido pela chuva é de até 10 dias.
Não informou
O Cruzeiro do Sul também questionou a Prefeitura sobre o total de prédios de escolas municipais que atualmente necessitam de reformas e adequações, mas o número não foi divulgado.
A Seção de Manutenção da Sedu informou, somente, que recebe, diariamente, as solicitações de diversas manutenções das unidades escolares e que trabalha em conjunto com a Sedu para atender as demandas das instituições educacionais, em relação à manutenção e reforma dos prédios.
Contudo, no início do mês, a Câmara de Sorocaba divulgou que realizou um levantamento, feito pelo gabinete da vereadora Iara Bernardi (PT), sobre as condições estruturais de unidades escolares municipais, no período de agosto de 2019 a fevereiro deste ano. Foram visitadas mais de 40 escolas e apontou pelo menos 14 recomendações urgentes, como interdição de parte de escolas. (Ana Cláudia Martins)
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