Erosão em terreno próximo a escola preocupa
Terreno com erosão fica nos fundos da Escola Municipal Luiz Almeida Marins, no Júlio de Mesquita. Crédito da foto: Fábio Rogério (5/10/2019)
A erosão em uma Área de Preservação Permanente (APP), que provocou o afundamento do asfalto na rua João Batista Machado, no bairro Júlio de Mesquita Filho, também está afetando um terreno que fica nos fundos da Escola Municipal Luiz Almeida Marins. O problema tem preocupado moradores das imediações, pois temem riscos aos estudantes. Bem junto ao muro da escola tem um barranco, mas a Prefeitura disse que verificou e não há risco de desmoronamento.
A reportagem esteve no local para verificar a situação e percorreu o espaço juntamente com um dos moradores e o professor de geografia da UFSCar Emerson Martins Arruda, especialista em geomorfologia. Conforme o professor, tudo indica que o enorme buraco na APP pode ter sido causado pelo aterramento de nascentes.
O local ainda apresenta indícios de movimentação de massa (solo). “A inclinação da vegetação e pontos de fissura no solo são algumas evidências”, disse. Emerson afirma que o espaço precisa de uma ação integrada para ter o problema solucionado de forma definitiva. Segundo ele, a ação do Poder Público precisa ser organizada com urgência. “A partir de novembro há uma tendência de aumento das chuvas e esse fator pode contribuir ainda mais com a movimentação de massa (solo)”, advertiu.
Ainda de acordo com o especialista, a área foi afetada pelas intervenções feitas ali, práticas que não respeitaram a característica natural daquela região. “Esse vale é muito inclinado e apresenta um histórico de intervenções inadequadas. Agora, dada a complexidade, tem de ser feito um estudo integrado com uma equipe multidisciplinar, para não apenas minimizar os problemas atuais e sim estabelecer a recuperação de fato e não apenas um paliativo”.
Emerson recomenda ainda a reavaliação do sistema de drenagem urbana desse entorno. O professor esteve no local a convite da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que disse estar preocupada com o avanço da erosão em direção à escola. “Centenas de crianças estudam ali. Vou cobrar uma posição da prefeitura, para que eles apresentem um projeto à sociedade”, afirmou.
Na semana passada, moradores de dois imóveis da via precisaram deixar suas casas, que foram interditadas.
Apreensão
Prefeitura tem feito intervenções na região para conter problema no solo. Crédito da foto: Fábio Rogério (5/10/2019)
Além das casas e da Escola Municipal Luiz Almeida Marins, a área verde também está próxima do CEI 57, CEI 82 e da Escola Estadual Antônio Vieira.
O morador Delso José da Costa, 54 anos, que trabalha como secretário escolar, afirma que para resolver de vez o problema seria necessário cuidar da nascente. “Estão fazendo a compactação do solo sem se preocupar com o que tem por baixo”, afirma. Ele lembra que a área, que tinha várias minas, foi aterrada.
“Tudo isso tem um nome: irresponsabilidade administrativa. Isso aconteceu porque alguém resolveu fazer aqui uma pista de motocross em 2006”, reclama.
Delso lembra que na época da criação da pista de motocross, mais de 200 caminhões de terra cobriram o vale para montar o circuito. Ele fazia parte da Associação de Moradores de Bairro e já em 2006 havia a preocupação de que a alteração na área ambiental pudesse ocasionar prejuízos no futuro.
Após algum tempo e muito conflito, disse Delso, a pista foi embargada, abandonada e a vegetação voltou a crescer. “O muro da quadra da escola Antônio Vieira já desabou, o asfalto sempre apresenta afundamento e ninguém apresenta uma medida a longo prazo. São apenas questões paliativas e o problema sempre volta”, comenta Delso. “Estou querendo preservar vidas e o patrimônio das pessoas, ter um susto desse a cada 10 anos ninguém merece. O problema é sério”, denuncia
Avaliação técnica
Professor, vereadora e morador observam o local. Crédito da foto: Fábio Rogério (5/10/2019)
A Prefeitura informou que na quarta-feira (3), uma equipe técnica da Secretaria de Conservação, Serviços Públicos e Obras (Serpo) esteve em três unidades escolares próximas ao local atingido, a pedido da Defesa Civil para avaliar as condições de segurança do aterro. A análise inicial é de que os aterros junto às escolas estão em condições estáveis.
Um técnico da Secretaria do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema) também foi ao local na semana passada para avaliar a situação e fez as recomendações à Defesa Civil. A Sema destaca que a origem do ocorrido no local depende de uma análise geológica e hidrológica na área e é prematuro afirmar neste momento qual foi a causa.
Ainda conforme a Prefeitura, o Saae está realizando uma ação emergencial na referida rua, visando recuperar a área onde houve o afundamento do asfalto. Foram construídas rampas para acessar os locais que sofrerão intervenções. O ponto que entrou em colapso perto do asfalto, segundo a Prefeitura, já foi alcançado e agora está sendo feita a remoção controlada do material superficial a fim de diminuir a pressão sobre o solo nesse trecho e estabilizar a área.
“A recuperação do talude será feita paulatinamente, da parte mais baixa para a mais alta, com uma base sólida de pedra (matacão) e sobre ela o aterro da área, compactando-se o solo em camadas”, cita. O serviço está em fase inicial e não há previsão para o término. (Daniela Jacinto)
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