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Encontro discute o feminismo negro e a proteção de direitos

06 de Abril de 2019 às 00:26

Encontro discute o feminismo negro e a proteção de direitos Lideranças de diferentes movimentos participaram dos debates. Crédito da foto: Fábio Rogério

Dentro do movimento rotulado como “feminismo”, que domina grande parte dos debates das sociedades, existem categorias designadas como feminismos trans, indígena, negro, e cada segmento quer se fazer ouvir. Na sexta-feira (5) à noite, cerca de 60 pessoas se reuniram no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU das Artes), no Parque Laranjeiras, em Sorocaba, para falar sobre o feminisno negro e para mostrar que existem diferentes realidades nas questões da mulher na sociedade.

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Denominado “Feminismo Negro, Ativismo e Protagonismo: Lugares de fala da mulher negra”, o encontro foi promovido pela Defensoria Pública de Sorocaba, em parceria com os Conselhos Municipais da Mulher e do Negro e o Conselho Gestor das Artes. Entre as palestrantes, a arteeducadora, atriz e mestre em educação, Daia Moura, disse que demarcar o feminismo negro no conjunto dos feminismos tem relação com o perfil das mulheres negras: “Nós somos atingidas pelas opressões de gênero, raça e classe, principalmente aqui no Brasil.”

Daia afirmou que todas as mulheres precisam de apoio, proteção e direitos, mas ressaltou que as mulheres negras têm “urgências” que precisam de solução. Entre os exemplos, enumerou “o genocídio dos jovens negros, que são filhos, irmãos, maridos de mulheres negras”, fenômeno que é fonte de dor e sofrimento. Também declarou que as estatísticas de feminicídio entre as mulheres negras são mais altas do que entre as brancas.

Representante do Conselho da Comunidade Negra, Maria Tereza Ferreira declarou que a questão da identidade é a grande questão entre a população negra e a não negra. Também falaram Thara Wells, do Conselho da Comunidade Negra, a defensora pública Nálida Coelho Monte, coordenadora auxiliar do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública, a assistente social, dançarina e cantora, Renata Rocha Ferraz, e Maria Campos Eurico, da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa. Estavam presentes a vereadora Fernanda Garcia (Psol) e o presidente do Conselho da Comunidade Negra de Sorocaba, José Marcos.

Thara Wells narrou o drama de preconceito sofrido desde o interior da família e na sociedade, por ser uma mulher trans: “Demorou um tempo para que eu entendesse que ser uma mulher trans, negra, te leva a lutar muito mais.” E ainda lamentou: “Vivemos no país que mais mata pessoas trans.” Nálida Coelho e Renata Rocha falaram de nomes de mulheres negras que são inspiradoras do feminisno. Entre os exemplos, citaram a escritora Conceição Evaristo e as sambistas e compositoras Jovelina Pérola Negra, Clementina de Jesus e Dona Ivone Lara. (Carlos Araújo)