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Economia criativa muda a vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social

13 de Fevereiro de 2021 às 12:56

A costureira Jocemara Rocha encontrou na economia criativa uma forma de voltar a ser economicamente ativa. Crédito da Foto: Divulgação / Instituto Empodera

A chamada economia criativa está sendo a alternativa encontrada durante a pandemia para mudar a vida de mulheres em Sorocaba que vivem em situação de extrema vulnerabilidade. Por meio do artesanato, costura e outras artes manuais, elas conseguiram se tornar economicamente ativas novamente.

A Organização das Nações Unidas (ONU), declarou, em novembro do ano passado, que 2021 seria o “Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável”. De acordo com a organização, estimular a economia criativa será um fator importante para o crescimento dos setores de serviços, além de um apoio ao empreendedorismo e a diversidade cultural.

A economia criativa tem sido a aposta de muitos brasileiros, empresas e institutos, que buscam inovar com sustentabilidade e criar uma fonte de renda. Segundo um relatório divulgado pela empresa especialista em pesquisa e avaliação dos impactos sociais, Plano CDE, 130 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, e esse número pode aumentar ainda mais, visto que, com a pandemia, 51% das famílias das classes D e E perderam metade ou mais de sua renda mensal.

A fim de mudar a realidade de muitas mulheres que se encontram abaixo dessa linha da pobreza, o Instituto Empodera, uma organização que tem por finalidade a promoção da assistência social, capacitou, por meio do artesanato, da costura e demais tecnologias manuais (atividades reconhecidas como economia criativa), mulheres em situações de extrema vulnerabilidade social. Isso proporcionou a essas mulheres um sentimento de acolhimento e empoderamento diante de suas comunidades, além de torná-las economicamente ativas.

O projeto atua nas cidades de Sorocaba, Campinas, São Paulo, São José dos Campos e Tapiraí. Durante a pandemia, os coletivos formado por cerca de 70 mulheres sofreram um forte impacto econômico, pois precisaram parar com boa parte de suas produções. O grupo é formado por ex usuárias abusivas de drogas, trans, indígenas, vítimas de violência sexual e demais que se encontravam em situações de vulnerabilidade. Para garantir que essas chefes de famílias não ficassem desamparadas, elas focaram na produção de máscaras, a fim de abastecer o serviço de saúde e a sociedade.

Projeto atende mulheres em situação de extrema vulnerabilidade social em Sorocaba. Crédito da Foto: Divulgação / Instituto Empodera

Atualmente, essas mulheres retomaram parte de suas atividades e seguem produzindo bolsas, bijuterias e uma série de produtos manuais para a geração de renda. "Esse projeto mudou a minha vida. A importância desse tipo de trabalho é nos mostrar que somos capazes, que temos talentos. Sou feliz em mostrar para as mulheres meu trabalho e as incentivar a ter sua própria renda e como é importante ser independente", diz Jocemara Rocha, que participa do coletivo em Sorocaba. Com 27 anos,  hoje ela atua como costureira.

Maria Das Dores, de 51 anos, uma das mulheres acolhidas, chamadas carinhosamente de musas, conta que além de ser uma fonte de renda, o artesanato é um remédio para a sua saúde. Por meio dele conseguiu vencer a abstinência e deixou o uso abusivo de drogas.

“O dinheiro é importante, mas para mim vai muito além, pois, está sendo uma forma de ocupar a cabeça e poder ajudar outras mulheres a se reencontrarem também. O trabalho com dignidade é muito importante para o recomeço, ser honesta consigo mesma e com as pessoas que confiam em você. É muito triste viver nas ruas, as pessoas te enxergam como lixo ou como um bicho, quantas vezes eu fui humilhada! Hoje sou outra pessoa, com uma nova vida, parece que eu nasci de novo”, desabafa Maria, que é atendida em São José dos Campos.

O objetivo do Instituto Empodera é oferecer metodologias e ferramentas que possibilitem a formação, o desenvolvimento de habilidades e competências, para que grupos e indivíduos possam produzir, criar e gerir suas vidas.

"É por meio dos coletivos apoiados e pelos projetos do Instituto Empodera, como o Conexão Musas, que as musas acolhidas, tem contato com a economia criativa e circular, reconhecendo seus talentos, sua força de criação, de geração de renda e transformação de suas histórias”, frisa Sofia Coelho Moreira, engenheira e mestre em Ciências Ambientais, integrante da diretoria do Empodera.

Instituto oferecerá oficinas online

Pensando na propagação dessas ferramentas e metodologias, o Instituto Empodera, com apoio do Governo do Estado de São Paulo, contemplado pelo Programa de Ação Cultural (PROAC), por meio da Lei Aldir Blanc, realizará nos dias 08, 15, 22 e 29 de março, o evento On-line e gratuito: “Expedições Criativas”.

O objetivo é apresentar a economia criativa e a história de superação das mulheres por meio dela. O evento também oferecerá oficinas de upcycling, customização, moda circular e modular, tingimento natural e extração de pigmentos, confecção com biomateriais e eletrônicos aplicados aos têxteis.

Durante os quatro dias de programação, os inscritos participarão de vivências e investigações junto as mulheres e suas manualidades realizadas dentro dos coletivos.

O evento é aberto a todos os interessados, bastando se inscrever  pela internet. Para saber mais sobre os projetos do Instituto Empodera e obter mais informações do evento, acesse as redes sociais: @institutoempodera. (Da Redação)

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