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Divulgada nova troca de e-mails entre Crespo e voluntária

24 de Abril de 2019 às 23:19
Marcel Scinocca [email protected]

Divulgada nova troca de e-mails

Novos e-mails obtidos pelo Cruzeiro do Sul atribuídos a membros do Executivo do Sorocaba, incluindo o prefeito José Crespo (DEM), dão a noção de como era o trabalho desenvolvido pela então voluntária Tatiane Polis para o atual governo. Em um deles Crespo chega a pedir “autorização” de Tatiane Polis para uma agenda.

Outro cita uma possível reeleição do chefe do Executivo. As mensagens, divulgadas após a operação Casa de Papel, estão em uma conta usada pelo então secretário Eloy de Oliveira, quando ele estava à frente da Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom).

Em um dos e-mails, redigido em 2 de dezembro de 2018, Tatiane Polis é tratada como assessora de imagem. A denominação vinha após ela ter sugerido um projeto que agradou a Crespo. Em outro e-mail, no 8 de dezembro, Crespo fala para Tatiane Polis sobre a organização do chamado grupo Gedai. A ideia era encontrar pessoas dispostas a trabalhar de forma voluntária, defendendo Crespo e o governo municipal em redes sociais.

Entre as tarefas dadas para Tatiane Polis, Crespo pede que ela se encarregue de recrutar e selecionar as pessoas adequadas para a composição do grupo, além de manter contato frequente com essas pessoas.

Ela também estava incumbida de pedir para essas pessoas para que compartilhassem conteúdos de interesse do governo ou ainda que manifestassem em defesa dele -- Crespo -- e do governo.

Em outro e-mail, em 18 de janeiro, Crespo fala de uma reunião em seu gabinete para uma conversa de alinhamento. O documento está direcionado a Eloy, com cópia para Tatiane Polis. Nele, Crespo avisa que Tatiane estaria presente na reunião.

Ele explicita que o encontro ocorrerá no gabinete. Em outro e-mail, em 25 de janeiro, Crespo pede autorização para Tatiane Polis incluir uma visita em sua agenda. “Dra. Tatiane, vossa excelência aceita incluir uma visita (à escola do Carandá) para esta 4ª. feira dia 30/1/2019?”

Na sequência, o prefeito observa que não terá outro dia da semana para aquele compromisso e finaliza. “Aguardo sua resposta.” Ela responde de forma positiva. “Sim, a agenda na escola do Carandá achamos ser uma agenda externa muito positiva. Alinhei com Eloy e André [André Gomes, secretário de Educação] e já incluímos”, diz.

No dia 1 de fevereiro, Crespo, mais uma vez, deixa evidente a influência da ex-assessora em sua agenda. O problema seria espaço na para para entrevista a uma rádio. “A única solução, caso a gestora de campo Dra. Tatiane Polis concorde, será o agendamento em uma 4ª. feira à tarde”, sugere o prefeito.

Em 29 de março, Eloy escreve para Crespo em tom de desabafo. “O que veio a público não partiu da Secom. Ao menos até onde tenho conhecimento. Penso que usaram a secretaria que estou como bode expiatório. Sobretudo porque primeiro sou eu e minha equipe que primeiro se prejudica neste caso. Depois o governo e o nosso compromisso com a reeleição”, afirma. Em outro trecho, Eloy pede para que Crespo não condene por antecipação.

No mesmo e-mail, Eloy fala novamente dos desafios, de erro grave, de injustiça e de uma campanha com outras secretarias, onde foi conseguido R$ 10 milhões para a Secom, citando o momento de sua criação em 2017. Ele ainda fala de um grande desafio vencido, que era a contratação de uma advogado para a defesa de Crespo no processo de cassação.

O secretário também menciona o desafio vencido relacionado ao retorno de Tatiane Polis à Prefeitura. Em resposta ao e-mail de três páginas de Eloy de Oliveira, Crespo manda, em 30 de março, um singelo e curto “grato pela franqueza, Eloy”. O detalhe é que, ao contrário de todas as outras mensagens, nesta, Crespo não trata Eloy como doutor.

Citados

Questionada ontem, às 19h39, a Prefeitura de Sorocaba não se manifestou sobre o conteúdo dos e-mails até o fechamento desta edição. A defesa de Tatiane Polis não comentou a questão, Na última ocasião de publicação de e-mail envolvendo a cliente e demais membros do Executivo, o advogado Márcio Leme afirmou que não teve acesso ao material e que se manifestaria posteriormente. (Marcel Scinocca)