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Desmontagem de ponte gera reclamações em Brigadeiro

06 de Fevereiro de 2021 às 00:01
Vinicius Camargo [email protected]

Desmontagem de ponte gera reclamações em Brigadeiro Atual situação da travessia é perigosa, com vãos entre as madeiras. Crédito da foto: Pedro Negrão (5/2/2021)

A retirada da ponte da rua Paulo Varchavtchik, no bairro Brigadeiro Tobias, zona leste de Sorocaba, provoca dificuldades para os moradores da via. A estrutura de madeira ficava sobre o córrego Pirajibu-Mirim, mas foi desmontada pela Prefeitura há cerca de 15 dias. Agora, os residentes se sentem isolados e com a própria segurança comprometida. Devido à remoção e à interdição do trecho, eles não podem acessar e sair da estrada pelo percurso habitual. Com isso, precisam fazer um longo desvio pela Vila Astúrias, bairro vizinho. O caminhão da coleta de lixo não consegue passar e, consequentemente, o serviço não tem sido realizado. A administração municipal promete instalar outra estrutura no local.

A oficial administrativo Nalva D’Arc Leite Telles, de 55 anos, mora na rua há 35 anos. Segundo ela, é a primeira vez em que ocorre essa situação. A desativação da ponte, conta, foi feita há aproximadamente duas semanas, quando a estrutura foi quebrada sem comunicação prévia. Desde então, a rotina de quem vive ali mudou. Anteriormente, os moradores usavam o caminho para acessar a rodovia Raposo Tavares (SP-270), na altura da Vila Tupã, e a avenida Três de Março, no Alto da Boa Vista. O percurso levava, em média, cinco minutos. Com o fechamento da ligação, precisam desviar por dentro da Vila Astúrias. O trajeto, afirma Nalva, dura 20 minutos a mais.

A sobrinha dela passou por uma cirurgia na perna e está acamada há cerca de 20 dias. Ela precisa ir a consultas médicas. Com o aumento do tempo de deslocamento, levá-la ao hospital ficou mais complicado. Além do impasse de locomoção, hábitos corriqueiros, como receber encomendas feitas pela internet, tornaram-se difíceis. Conforme a moradora, os carros das transportadoras não conseguem entrar na estada de terra. Ela diz já ter contatado a administração municipal sobre as adversidades, mas nenhuma providência foi tomada. “Está um caos. A rua está esquecida”, critica.

Outra residente, a aposentada Aparecida Geni Correa Ferreira, 67 anos, vive a mesma realidade. De acordo com ela, um dos responsáveis pela obra informou que os trabalhos devem ser concluídos até o dia 10 de fevereiro. No entanto, desde o dia da desmontagem da travessia até o momento, os serviços não foram iniciados. “Depois de tirar a ponte, os funcionários da Prefeitura nem voltaram mais aqui”, diz. A reportagem do jornal Cruzeiro do Sul esteve no local na tarde de ontem (5) e constatou não haver atividades. Há apenas uma placa informativa sobre a interdição, bem como cones e montes de areia para isolar a área.

O neto de Geni, de 1 ano e 7 meses, e o marido, de 75 anos, também perderam consultas médicas, pois, para chegar ao ponto de ônibus mais próximo, tinham de passar pela ponte. Mas, considera ela, como restaram somente as madeiras de sustentação, era arriscado para uma criança e um idoso atravessarem. O esposo dela, inclusive, tem um problema na coluna. “A estrada já é ruim e, sem a ponte, a situação piorou”, pontua.

O irmão de Geni, o jardineiro Euclides Correa Júnior, 65 anos, diz haver, assim como ele, muitos moradores idosos na rua. Para Correa Júnior, a atual situação da travessia é perigosa, sobretudo, para essas pessoas. Isto porque, acrescenta, elas são mais vulneráveis e, diante de uma queda, podem se ferir gravemente.

Em nota, a Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo), alegou ter interditado a ponte porque ela quebrou. Conforme a pasta, a decisão foi tomada para evitar riscos aos moradores. A secretaria diz, ainda, levantar recursos para a construção de uma estrutura mais segura. O Paço, porém, não informou o prazo para a substituição da travessia. Também não respondeu ao questionamento sobre a falta de coleta de lixo na rua, por conta do fechamento do trecho.

Outros problemas

Nalva elenca, ainda, outros problemas na rua. Um deles é a falta de manutenção na estrada de terra. Segundo ela, em razão das más condições, quando chove, formam-se poças d‘água e o solo fica barrento. Por isso, não é possível caminhar ou trafegar com veículos, em virtude da possibilidade de atolamento. Ainda conforme apontado por ela, o mato nos arredores da via também está alto e não é roçado há tempos. Já o córrego Pirajibu-Mirim igualmente não é limpo frequentemente, e o mau cheiro incomoda. “Infelizmente, nós estamos abandonados aqui”, lamenta. (Vinicius Camargo)