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Cresce número de mortes por atropelamento

22 de Julho de 2018 às 13:35

Os atropelamentos causaram a morte de 17 pessoas -- entre pedestres e ciclistas -- no primeiro semestre de 2018 em Sorocaba, segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado (Infosiga). Em 2017, no mesmo período, foram 14 óbitos e no ano todo somou 40, sendo novembro o mês mais violento, com 11 pessoas mortas por atropelamento nas vias urbanas e rodovias que cortam o município. Na região administrativa (RA) de Sorocaba, composta por 47 cidades, 66 atropelamentos fatais foram registrados nos primeiros seis meses deste ano. De acordo com o levantamento, no ano passado 146 pessoas foram atropeladas e morreram na RA.

Entre as vítimas que foram a óbito em Sorocaba em 2018, 12 eram pedestres e cinco trafegavam de bicicleta pelas vias. Já na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), 41 pedestres morreram atropelados no primeiro semestre de 2018. Em 2017 foram 95 mortes. Desses casos, segundo o Infosiga, 27,7%, ou seja, 26 pessoas, foram atropeladas à noite, entre 18h e 24h. 22,11% dos atropelamentos ocorreu durante a madrugada. De manhã e à tarde, entre às 6h e às 18h, 37 pessoas morreram.

Em Sorocaba, entre rodovias e vias urbanas, a maioria das vítimas tem entre 35 e 39 anos. 94% são do sexo masculino. Conforme o Infosiga, de janeiro a junho 64% dos atropelamentos na cidade ocorreram em ruas e avenidas. Já 29,4% foram em rodovias e 6% não tiveram o local indicado pelo sistema.

Segundo o Infosiga, as mortes por atropelamento em rodovias representam 29,4% do total - ERICK PINHEIROSegundo o Infosiga, as mortes por atropelamento em rodovias representam 29,4% do total - ERICK PINHEIRO

Perímetro urbano 

Já a Urbes, responsável pelo trânsito no perímetro urbano de Sorocaba, informou que foram registrados 68 atropelamentos entre janeiro e maio deste ano em ruas e avenidas da cidade. Desse total, cinco resultaram em óbito no período. O mês de abril, segundo a empresa pública, foi o mais violento, com sete casos. As vias que registraram mais atropelamentos nos primeiros cinco meses de 2018 foram a avenida Itavuvu, com seis casos; avenida Afonso Vergueiro, com cinco atropelamentos; avenida General Carneiro e Ipanema, com três casos cada; avenida General Osório, Armando Pannunzio, Barão de Tatuí e as ruas São Bento e Leopoldo Machado registraram dois casos cada.

A empresa pública alerta que a maioria dos casos de atropelamento ocorre devido a distração dos pedestres que, somado a velocidade dos veículos, acaba provocando os acidentes. "O importante a se pensar nos casos de atropelamento, é que não é suficiente o pedestre ver o veículo, é fundamental que ele seja visto pelo condutor do veículo para que ambos possam compartilhar o trânsito em harmonia", destacou Roberto Bataglini, presidente da Urbes.

Julho 

Embora os casos de julho ainda não tenham sido contabilizados pelos órgãos, em menos de uma semana Sorocaba teve dois óbitos por atropelamento. Um caso foi na avenida José Joaquim de Lacerda, na Vila Gabriel, na madrugada da última sexta-feira, que vitimou a adolescente Luana Yumi Miyamaru Vieira, de 15 anos. O segundo caso ocorreu na terça-feira, com o atropelamento de uma idosa de 71 anos, na rodovia José Ermírio de Moraes (SP-79), a Castelinho.

Imprudência e falta de estrutura são as causas dos acidentes 

Atropelamentos estão diretamente relacionados à imprudência, tanto de pedestres, quanto de motoristas, mas também são causados -- principalmente em casos registrados em rodovias -- pela falta de estrutura. Moradores do bairro Iporanga 2, localizado às margens da rodovia José Ermírio de Moraes (SP-79), a Castelinho, no quilômetro 4, precisam percorrer uma distância de 3,5 quilômetros para conseguirem atravessar a pista em segurança. Nesta semana uma idosa de 71 anos morreu após ser atropelada no quilômetro 6,5 da mesma rodovia.

A CCR ViaOeste foi questionada sobre a falta de passarela e informou que o atropelamento citado aconteceu a cerca de 300 metros de um dispositivo de travessia segura. Em 2018, a concessionária contabiliza dois atropelamentos na região de Sorocaba. "Desde abril de 2016, a concessionária não registrava mortes por atropelamento na região", divulgou a concessionária.

 Maria Isabel: falta passarela - ERICK PINHEIROMaria Isabel: falta passarela - ERICK PINHEIRO

A dona de casa Maria Isabel Messias de Oliveira, 35, sempre se arrisca na travessia nesse trecho da Castelinho e conta que vários moradores do bairro já pediram a instalação de uma passarela, mas a CCR ViaOeste ainda não realizou a intervenção. "Falam que não tem a distância necessária da outra passarela", afirma. Já a concessionária afirma monitora a rodovia constantemente e, quando há necessidade comprovada, realiza estudos a implantação de melhorias de segurança adequadas. "Destacamos também que as comunidades e empresas na altura do km 4 da Castelinho dispõem de viaduto do município para travessia segura, que passa sobre a pista na altura do km 3+600, com acesso para a rodovia por meio de escadas", finaliza.

Maria Isabel conta que durante os 20 anos que reside no bairro, já viu muitas mortes por atropelamento e diante do perigo, evita sair de casa com as filhas pequenas. "Sempre que tenho que resolver alguma coisa no centro da cidade eu deixo as meninas com a minha cunhada." Ela também relata que muitos moradores do bairro trabalham em empresas instaladas do outro lado da Castelinho e de manhã muitas pessoas precisam cruzar a via. "A gente chega a esperar 10, 15 minutos para atravessar e alguns motoristas não reduzem a velocidade", reclama.

Já entre os quilômetros 95 e 105 da rodovia Raposo Tavares, também administrada pela CCR ViaOeste, que compreende o trecho, embora existam passarelas, é comum ver pedestres pulando os alambrados que separam as pistas. Colocando a vida em risco, as pessoas cruzam o asfalto, principalmente próximo aos bairros João Romão, Vila Zacarias e Vila Sabiá. Na quarta-feira (18) uma equipe de reportagem do Cruzeiro do Sul permaneceu por aproximadamente dez minutos no local, e flagrou duas pessoas se arriscando na travessia, mesmo com uma passarela ao lado.

 Apesar de haver passarela no local, rapaz arrisca a vida na rodovia Raposo Tavares - ERICK PINHEIROApesar de haver passarela no local, rapaz arrisca a vida na rodovia Raposo Tavares - ERICK PINHEIRO

Em uma das situações, um rapaz sai do bairro Barcelona, passa correndo entre os carros, pula o alambrado, atravessa a pista principal e a marginal e entra no bairro João Romão. Menos de cinco minutos depois, o rapaz retornou e fez a travessia inversa. Nesse momento uma viatura da Polícia Rodoviária trafegava pelo local e chegou a reduzir a velocidade para não atropelar o rapaz.

Conscientização 

Com o objetivo de conscientizar a população e reduzir o número de acidentes e mortes por atropelamento, a CCR SPVias, realizou evento educativo "Café na Passarela". A ação, que aconteceu em Itapetininga, serviu aos pedestres, que passaram pelo local, café, leite, pães e bolachas. Além disso, os participantes da ação também receberam materiais educativos e orientações sobre travessia segura.

De acordo com o supervisor de interação com o cliente da CCR SPVias, Cristiano Galavoti, o evento tem como principal objetivo chamar a atenção dos pedestres e moradores das regiões próximas à rodovia. "Todos precisam entender sobre a importância da utilização das passarelas na preservação da vida", afirma.