Construção de base da GCM na praça central de Sorocaba é criticada
Obra é feita pela Prefeitura e apontada como melhoria na segurança para o Centro. Crédito da foto: Fábio Rogério
Uma postagem do fotógrafo e lojista Teófilo Negrão em duas páginas do Facebook às 12h desta quinta-feira (03), com críticas à construção de uma guarita da Guarda Civil Municipal (GCM) na praça Coronel Fernando Prestes, em frente à Catedral Metropolitana de Sorocaba, provocou em apenas seis horas reações de apoio computadas em 336 registros de curtidas, comentários e compartilhamentos. A base das críticas de Teófilo alerta para o fato de que a guarita vai prejudicar parcialmente a visão da Catedral Metropolitana de Sorocaba, um marco turístico e histórico da cidade, e o mesmo efeito vai atingir também a fachada do Clube União Recreativo, outro ponto de destaque da praça.
“Imagine se o prefeito do Rio, por questão de segurança, resolve colocar uma guarita em frente ao Cristo Redentor, ou se o prefeito de Paris faz o mesmo com a torre Eiffel”, comparou Teófilo. “Se está fazendo isso (referência à Prefeitura) é porque está admitindo que a praça está abandonada.” Lembrando que a Catedral é um importante ponto turístico da cidade, afirmou que “não faz sentido” a construção de uma guarita em local que fere a paisagem urbanística da praça.
Reze sugere base móvel. Crédito da foto: Ednilson Jodar Lopes / Arquivo JCS (23/10/2018)
O empresário Sérgio Reze, presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), também se manifestou complementando declaração que fizera antes sobre a base da GCM porque não conhecia a localização. Ele também discordou da localização em frente à Catedral, afirmando que “é preciso tomar cuidado com a arquitetura da praça, da Catedral, pois ali é uma região que tem importância arquitetônica”. Sugeriu a alternativa de base móvel com uso de viatura no modelo de perua.
“Houve estudo?”
“Houve estudo? Qual foi a viabilidade? De quem foi o palpite?”, perguntou Teófilo Negrão, também questionando se os órgãos competentes foram indagados pelo poder público sobre o projeto da guarita. Entre eles, citou a Associação de Engenheiros e Arquitetos, a Promotoria do Patrimônio no Ministério Público, o padre Tadeu Rocha Moraes da Catedral e também a diretoria do Clube União Recreativo.
Negrão: obra em outro lugar. Crédito da foto: Fábio Rogério
Antecipando-se a eventual justificativa do poder público referente à presença de moradores de rua no centro da cidade, Teófilo disse entender que a solução passa pela verificação dos motivos que os levaram para as ruas, entre razões sociais, emocionais, de saúde e familiares. Sugeriu que o que deveria ser feito seriam possibilidades de devolvê-los às cidades de origem ou às suas famílias e também incluí-los em programas de qualificação profissional para que tenham oportunidades no mercado de trabalho. Lembrou que entre essas pessoas há pedreiros e até profissionais liberais que, por várias razões, foram morar nas ruas.
O fotógrafo disse que sua preocupação não é somente como a de um cidadão comum, mas pelo fato de a guarita tirar a estética da praça Coronel Fernando Prestes: “Se a moda pega, vão construir essas coisas em outros lugares”, protestou. Até do ponto de vista da pretendida segurança, ele vê restrições na opção da guarita: “Guarita para os guardas ficarem olhando os moradores de rua?” Ele entende que há um local próximo onde a guarita poderia ser construída, em frente ao banheiro público, que no seu entender não prejudicaria a estética visual da praça.
Por e-mail às 19h05 de ontem, a reportagem levou as críticas ao conhecimento da Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom) da Prefeitura, solicitando posicionamento. Até o fechamento desta edição não houve resposta.
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