Confirmações da covid-19 em Sorocaba crescem em relação aos casos descartados
Profissional da saúde com exames para detecção do novo coronavírus. Crédito da foto: Gil Cohen-Magen / AFP (29/6/2020)
A proporção atual de casos confirmados do novo coronavírus em relação aos descartados indica um aumento de positivações dentro dos testes realizados em Sorocaba. Em maio, a cidade chegou a ter um caso confirmado para cada grupo de 3,7 descartados. Nesta quinta-feira (2), a proporção era de uma confirmação para cada 1,5 descarte.
O levantamento foi feito com base em dados fornecidos diariamente pela Secretaria de Saúde (SES). Eles apontam que, nos últimos 30 dias, os casos descartados aumentaram 338%, de 2.038 para 8.969. Por outro lado, as confirmações aumentaram em maior proporção: 444%. Em 2 de junho, havia 1.083 casos positivos, subindo para 5.894 em 2 de julho.
Para Rosana Maria Paiva dos Anjos, infectologista e especialista em saúde pública, há uma explicação para esses números. “A incidência vem aumentando devido a vários fatores como o maior contato das pessoas sem a devida proteção. A chegada do inverno também contribuiu para isso. Houve, ainda, aumento da testagem e a mudança na definição de casos pelo Ministério da Saúde desde 24 de junho”, diz.
“Além dos exames laboratoriais para a confirmação de casos, agora pode-se diagnosticar também sem esses exames. Pacientes que têm síndrome gripal ou síndrome respiratória grave e estiverem com contato com alguém confirmado, com risco comprovado, vai ser considerado caso positivo”, explica a médica. Respostas como ausência de paladar e olfato, conforme a médica, ajudam no diagnóstico positivo.
Índice era de um caso confirmado para 3,7 descartes em maio e chegou ontem a um caso para 1,5 descarte. Crédiot da foto: Arte / JCS
“A mudança na proporção de casos confirmados/descartados pode ter várias causas”, aponta o infectologista Alcides Poli Neto. “Uma, importante, é que estamos aprendendo a conhecer a doença, então as suspeitas são mais precisas e o número de confirmações é maior. O número de casos também está aumentando, mas não penso que seja um aumento tão grande para justificar a mudança. O que nos importa é a variação do número de casos novos. Enquanto estiver na ascendente, é sinal de que o vírus ainda está encontrando muito campo para se espalhar.”
Poli Neto observa, ainda, a importância de saber a porcentagem da população que já teve contato com o vírus, por intermédio das testagens de sorologia. “Quanto menor, sinal de que mais tempo durará a epidemia”, acrescenta, ao advertir que, “infelizmente”, o momento ainda é de preocupação.
Recentemente, houve liberação para que farmácias façam o teste rápido com a finalidade de detectar se a pessoa já teve contato com o vírus. Entretanto, somente os casos positivos precisam ser informados para as instituições de saúde de forma compulsória. Nesse caso, eles não entram para as estatísticas de casos descartados. (Marcel Scinocca)