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Com aquecimento global, dias de calor extremo em SP estão mais frequentes

14 de Outubro de 2020 às 00:01

Com aquecimento global, dias de calor extremo em SP estão mais frequentes Altas temperaturas têm sido corriqueiras na capital paulista. Crédito da foto: Robson Fernandes / Arquivo Fotos Públicas

Entre 30 de setembro e 7 de outubro, a capital paulista alcançou quatro das cinco maiores temperaturas do registro histórico, acima de 37°C, em meio a uma onda de calor que atingiu o Sudeste e o Centro-Oeste com quebras de recordes consecutivas. Esse calorão extremo, porém, é cada vez menos uma exceção. Em São Paulo, os dias com altas temperaturas nos meses de setembro e outubro têm sido mais frequentes na última década, em sinal do aquecimento pelo qual passa o planeta inteiro, destacam especialistas.

É o que revela análise sobre dados coletados pela estação meteorológica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da USP, de 1933 a 2019, para os meses de setembro e outubro, quando é mais comum ocorrerem os extremos de temperatura. Como são meses, em geral, com poucas nuvens, o Sol incide direto na superfície, aquecendo-a rapidamente. No verão, quando é mais úmido, apesar do calor, dificilmente os dias batem o calor extremo.

No período de 30 anos entre 1960 e 1990, um terço dos meses de setembro e de outubro teve mais do que três dias com extremos de temperatura (igual ou maior que 31,1ºC para setembro e igual ou maior que 32°C para outubro). Nos últimos 20 anos, metade dos meses de setembro e de outubro apresentou mais do que três dias nessas condições.

Outro levantamento, feito pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), aponta que no mês de outubro as dez maiores temperaturas registradas para o mês na estação do Mirante de Santana, onde a medição começou a ser feita em 1943, ocorreram a partir de 2012 na capital. O valor mais alto, e também o recorde histórico geral para a capital, é de 17 de outubro de 2014, com 37,8°C.

Frio mais raro

Outro indício do aquecimento pode ser notado com a evolução dos dias mais frios, que se tornaram menos frequentes na cidade. Dados do IAG revelam que, entre 1960 e 1990, 17 meses de setembro tiveram mais de três dias com temperaturas iguais ou inferiores a 10,3°C.

Para os meses outubro, em 23 deles houve mais do que três dias com extremos de temperatura mínima (igual ou abaixo de 12,1°C). Desde 2000, tanto em setembro quanto em outubro, só cinco anos alcançaram a marca. “O aquecimento global da atmosfera está influenciando as temperaturas no mundo inteiro e particularmente algumas regiões, piorando o efeito já conhecido de ilha de calor”, disse o físico e meteorologista Tércio Ambrizzi, pesquisador do Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG-USP. (Giovana Girardi - Estadão Conteúdo)