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Cerca não impede acesso em área da Saturnia

07 de Setembro de 2018 às 21:19
Marcel Scinocca [email protected]

Parquinho onde crianças do bairro brincavam também está com o acesso fechado. Crédito da Foto: Erick Pinheiro.

A administração da massa falida da Saturnia, na região do Éden, promoveu o fechamento da área principal de onde ocorria um garimpo ilegal de chumbo, mas ainda é possível acessar alguns pontos da empresa, inclusive áreas que já sofreram ação dos “garimpeiros”. O mesmo ocorre em um horta improvisada e um parquinho.

Foram instaladas cercas de arame na parte onde o garimpo foi flagrado e denunciado pelo Fantástico, da TV Globo, em 19 de agosto. Além da colocação da cerca, também foram colocadas placas com o aviso “perigo de morte”. No entanto, é possível acessar outros locais da empresa, incluindo trechos onde há muita terra revirada e outras áreas não garimpadas, ao lado do local denunciado. Pode se acessar os pontos de carro, inclusive.

A área onde existe um parquinho também teve seu acesso principal fechado. Entretanto, ainda é possível acessá-la por caminhos laterais. Moradores afirmaram, porém, que o local deixou de ser frequentado. Uma área que funcionava como horta ainda tem acesso aberto. No local, há dezenas de pés de mandioca, por exemplo. Durante o tempo em que a reportagem esteve no terreno, na quarta-feira (5), ninguém foi visto na área da antiga Saturnia, a não ser a Polícia Ambiental, que tem monitorado o local diariamente.

Segundo Sadi Montenegro Duarte Neto, administrador da massa falida da empresa Saturnia, a prioridade foi o fechamento da parte em que se concentrava o garimpo ilegal. “Emergencialmente, tínhamos que fechar o garimpo. Não tem como fechar tudo. Fecha o lado direito e podem entrar pelo lado esquerdo. Não tenho condições de fazer o fechamento de toda a propriedade”, afirma. O trabalho foi efetivado, segundo ele, antes do prazo solicitado.

Sobre o parquinho, Sadi afirmou que a área não faz parte da massa falida, por enquanto. A intenção dele é incorporar a área. “Fizemos o fechamento, mas não era nossa obrigação. Atendemos um pedido da Cetesb”, afirma.

A entrada principal da antiga fábrica não está fechada e Sadi afirmou que a fechará, se tiver condições financeiras. Sadi afirmou também que fechou buracos e cavas abertas. Um trator foi usado para nivelar alguns pontos do local. As despesas geradas na execução do trabalho foram pagas pelo próprio administrador e com a venda de sucata da fábrica.

Moradores, como a comerciante Elioneide Ferreira, que tem filhos e netos que brincavam no parquinho, reclamam que o local era o único ponto de lazer do bairro. “Não tem mais parquinho. As crianças usavam aí e agora não tem para onde ir”, reclama.

Placas colocadas na cerca de arame alertam sobre o risco de contaminação no local . Crédito foto: Erick Pinheiro

Ministério Público

O promotor Jorge Alberto de Oliveira Marum, responsável pelo caso no Ministério Público, afirmou que a instituição pedirá laudos sobre o local. Segundo ele, há órgãos conveniados com o MP que deverão fazer o trabalho. Ainda conforme ele, essa é uma linha de investigação no caso e que neste momento se está dando prioridade para as questões emergenciais.

Comissão da Câmara

Logo que a questão se tornou pública, a Câmara de Sorocaba se mobilizou no sentido de criar uma comissão para investigar o caso. Segundo o Legislativo, essa comissão se reuniu em duas ocasiões e encaminhou ofícios a órgãos do Ministério Público, Cetesb, 1º Cartório de Registro de Imóveis e Prefeitura Municipal de Sorocaba, solicitando diversas informações sobre o caso.

A partir da próxima semana, serão realizadas oitivas com dirigentes e funcionários de órgãos ambientais, bem como trabalhadores ligados à massa falida da empresa. “A comissão pretende ainda solicitar à Mesa Diretora a contratação de estudo técnico para avaliar o índice de contaminação da área e de seu entorno”, diz a Câmara em nota.

O leilão da área, com valor próximo de R$ 10 milhões, deverá ocorrer na segunda quinzena deste mês. A venda, legalmente, pode ocorrer até antes do leilão. Com o valor arrecadado, a prioridade será quitar dívidas com funcionários que não receberam as verbas trabalhistas.

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