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Celebrações da Semana Santa acontecerão sem presença de fiéis

02 de Abril de 2020 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]

Celebrações da Semana Santa acontecerão sem presença de fiéis Algumas das celebrações, que costumam lotar a Catedral Metropolitana de Sorocaba, serão mantidas, porém com as igrejas de portas fechadas. Crédito da foto: Erick Pinheiro / Arquivo JCS (20/3/2016)

As celebrações da Semana Santa, em cidades sob responsabilidade da Arquidiocese de Sorocaba, serão realizadas sem a presença dos fiéis. A determinação está em um documento assinado por Dom Julio Endi Akamine, Arcebispo de Sorocaba, e distribuído na última terça-feira.

Para a decisão, Dom Júlio levou em consideração as restrições e impedimentos das autoridades competentes para celebrar as festividades pascais, além das orientações dos órgãos governamentais e de saúde com relação à necessidade de distanciamento social e de se evitar aglomeração de pessoas, em razão da pandemia de coronavírus.

“Reconhecendo que boa parte dos nossos fiéis que participam das celebrações litúrgicas fazem parte do grupo de risco ou cuidam dessas pessoas; e avaliando que não há como controlar nem limitar o número de fiéis que tomarão parte das celebrações da Semana Santa se estas forem celebradas nas igrejas com as portas abertas, tomamos a difícil decisão de manter a suspensão das celebrações comunitárias”, afirma o documento.

Ele ainda elenca dez pontos, no texto dirigido para autoridades e fieis da igreja. “Os fiéis participem da celebração do Domingo de Ramos em suas residências e exponham ramos na porta, janela ou portão, testemunhando assim a nossa aclamação ao Senhor que entra em Jerusalém”, recomenda no primeiro ponto.

No segundo, o bispo afirma que a missa crismal, marcada para o dia 8 de abril, às 19h30, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Ponte, está suspensa e será transferida para uma data a ser comunicada depois que a emergência da pandemia passar. “Também está suspenso o encontro de espiritualidade do clero, marcado para o mesmo dia, às 16h, na igreja paróquia de S. Carlos Borromeu.”

Ainda conforme o comunicado, a Missa da Ceia do Senhor, a Paixão do Senhor e a Vigília Pascal ocorrerão sem povo na Igreja Catedral. O Tríduo Pascal não pode ser transferido e, por isso, será celebrado nas igrejas sem a presença dos fiéis.

Celebrações da Semana Santa acontecerão sem presença de fiéis Vamos celebrar a Semana Santa de uma maneira diferente de outras que nós celebramos até agora”, disse Dom Julio Endi. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (28/2/2020)

Na oração universal, os celebrantes farão uma intenção especial para aqueles que se encontram em situação de perda, doentes e de falecidos. “O ato de adoração na cruz através do beijo é limitado apenas ao celebrante. A veneração da cruz e a procissão do Senhor Morto com o povo estão transferidas, de modo facultativo, para o dia da Exaltação da Santa Cruz. Aqueles que acompanham a transmissão ao vivo podem fazer o beijo da cruz em suas casas”, determina em outro ponto.

Outras celebrações religiosas -- Via-Sacra, celebração das sete dores de Maria, entre outras -- ligadas à Semana Santa “podem ser feitas sem povo e transmitidas com a finalidade de reforçar a participação espiritual nos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. O sermão das Sete Palavras será gravado pelo arcebispo e divulgado pelos meios de comunicação social e redes sociais”.

Decisão difícil, mas responsável

Conforme Dom Julio, foi uma decisão responsável. “Foi uma decisão que consideramos mais adequada, mais responsável no combate à disseminação do coronavírus, tentando colaborar também com as autoridades competentes,” afirmou ao Cruzeiro do Sul, ontem.

Ainda conforme o arcebispo, o distanciamento pode ser encarado de outra forma. “De qualquer maneira, esse distanciamento não deve significar distanciamento espiritual e o distanciamento de Deus. Vamos celebrar a Semana Santa de uma maneira diferente de outras que nós celebramos até agora”, disse.

“Medo, preocupação, todos nós temos. Mas a Semana Santa também nos ajuda a enfrentar tudo isso também com confiança em Deus, com serenidade, mesmo tendo saudade das pessoas, sentido falta da comunhão eucarística. Aproveitamos também esse momento de a gente, de fato, poder penetrar mais profundamente na Paixão, morte e ressurreição de Cristo”, diz o arcebispo.

“Semana Santa é isso, é Jesus que dá a vida, Jesus que ama até o fim. Nem todo sofrimento é bom, nem todo o sofrimento nos torna melhores. Mas nos unindo a Cristo, temos certeza de que todo sofrimento que a pandemia provoca em nós terá proveito para a meditação, para o bem das pessoas”, concluiu. (Marcel Scinocca)

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