Calçada estendida na rua da Penha é pouco utilizada pelos pedestres
Crédito da foto: Antonio Geremias
O projeto da Prefeitura de ampliar calçadas do Centro, aumentando a área disponível para pedestres e reduzindo a de automóveis, que está em testes em duas quadras da rua da Penha, ainda não ganhou a confiança de seus usuários preferenciais. Além do mais, carece, também, de compreensão, mesmo entre os agentes de trânsito encarregados, teoricamente, de fiscalizar e orientar o processo.
O trecho entre as ruas Miranda Azevedo e Coronel Benedito Pires (duas quadras) teve cerca de 60 centímetros de leito trafegável de cada lado pintado de verde e delimitado -- por cones -- para pedestres. Após o período de testes (de 16 de fevereiro a 5 de março) e, na dependência de levantamentos feitos junto a motoristas e pedestres, pode virar calçada em definitivo.
Nesta quinta-feira (28), em dois momentos -- entre as 10h e as 11h e das 12h às 13h -- a área verde estava absolutamente vazia, sem nenhuma pessoa circulando por ela. Além disso, como os cones de delimitação ocupam parte da faixa verde, o espaço estava bem reduzido. E não havia ninguém da Urbes para orientar e ajudar as pessoas.
Outro problema verificado nesta quinta-feira (28) foi na esquina da rua da Penha com a Padre Luiz. Neste local, os veículos que faziam a conversão constantemente passavam sobre a faixa verde.
Erika Francini de Oliveira Paulo, 41, contadora, explica que não se sente ‘segura só com a delimitação pelos cones, só com o colorido. Estou acostumada com as calçadas, sabe?”. E ela não acredita que a ideia possa resultar em algo bom. Moradora do Centro, ela diz que “nessa região o trânsito já fica parado, e (com o estreitamento da rua) vai ficar pior para o motorista. Mesmo para o pedestre não vai ficar melhor. Além disso, o aumento do trânsito prejudica muito e o movimento cai. E só piora com as escolas que tem aqui”, concluiu.
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André Augusto Coelho, 40, comerciante de Tatuí, falou com a reportagem ao sair de um estacionamento, na rua da Penha. Segundo ele, que circula muito pelo Centro, “isso já deveria ter sido feito há mais tempo”. O fato de as faixas estarem vazias, segundo ele, “é que as pessoas não entendem direito. Tem que ter os cones, por segurança. Mas, com eles não sobra espaço para passar”. André acredita que, com a ampliação em definitivo da calçada, “as pessoas vão se sentir seguras e vão usar”.
Duas vendedoras de uma loja de lingerie da região, que só deram os primeiros nomes -- Paula e Rosiele --, gostam da ideia de as calçadas aumentarem: “ Vai ficar mais gostoso de andar, menos embolado”, diz Paula. Sua amiga completa: “Mas, assim, quem é louco de andar na rua? Olha lá, veja como os carros passam colados nos cones. Os motoristas não respeitam a faixa de pedestres, eu não vou me arriscar. E não tem ninguém da Prefeitura para orientar”.
A resposta oficial
De acordo com a Urbes Trânsito e Transportes, uma equipe da Educação para o Trânsito vem realizando intervenções em períodos e dias alternados, para orientar e estimular a utilização da “ampliação da calçada”. Em resposta a questionamento enviado por e-mail, a Secretaria de Comunicação (Secom) afirmou que agentes de trânsito também estão presentes em dias e horários alternados para a mesma orientação.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, não há penalidades previstas para os motoristas que trafegarem pela área pintada de verde. “O projeto é temporário e a pintura verde não é uma sinalização de trânsito”, justificou a administração municipal. Por conta disso, até agora nenhuma multa foi aplicada no local.
Mudanças nas regras causam confusão
Alteração do estacionamento para vans é uma das reclamações. Crédito da foto: Antonio Geremias
O teste com a calçada expandida, na Rua da Penha, também tem causado confusão entre motoristas e agentes de trânsito. Uma dessas situações foi flagrada pelo jornal em frente à Organização Sorocabana de Ensino (OSE-COC). No início da tarde desta quinta (28), quando centenas de crianças e jovens chegavam de carro ou em vans, o problema era a mudança na posição dos cones utilizados na delimitação do novo espaço destinado pedestres.
Na lateral da escola os equipamentos estavam mais próximos da guia. Porém, os do lado oposto haviam sido retirados. O objetivo, segundo apurou a reportagem, era liberar mais espaço para os carros, pois as vans deveriam parar ao lado da escola. Dois agentes da Urbes estavam presentes.
No dia anterior, no entanto, de acordo com o proprietário de uma loja próxima (que não quis se identificar), o arranjo funcionou ao contrário. “O pessoal não está gostando”, comentou, acrescentando que “a orientação dos guardas (os agentes de trânsito) é ruim”.
Ainda conforme o comerciante, na quarta-feira (27), a equipe que trabalhou no local orientou as vans para pararem no lado direito da via. “Hoje (quinta-feira, 28), isso mudou. Um motorista de van que parou aqui discutiu com o guarda que ameaçava multá-lo”.
Na opinião do entrevistado, a sinalização tem que ser permanente. “Tem que ser algo definitivo, não pode ficar pondo e tirando os cones”.
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