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BOS testa tecnologia inclusiva para pessoas com deficiência visual

06 de Agosto de 2019 às 22:15
Ana Claudia Martins [email protected]

BOS testa tecnologia inclusiva para pessoas com deficiência visual Luiz Carlos, funcionários do BOS, é o primeiro a usar o aparelho acoplado nos óculos. Crédito da foto: Emidio Marques (6/8/2019)

Um dispositivo tecnológico inovador desenvolvido por dois pesquisadores israelenses, chamado “Orcam MyEye”, está transformando a vida de cegos e deficientes visuais em Sorocaba. O pequeno aparelho, que possui um avançada tecnologia assistiva vestível, é dotado de uma câmera inteligente intuitiva acoplada à armação dos óculos do usuário, e possui diversas ferramentas. O dispositivo auxilia o deficiente visual nas tarefas do dia a dia e também em atividades profissionais, proporcionando maior autonomia e independência.

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A tecnologia foi criada em 2010, em Israel, mas chegou ao Brasil recentemente. Referência na área de oftalmologia no País, o grupo Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) comprou cinco unidades do aparelho, e um deles está sendo testado há pouco mais de duas semanas por um colaborador do próprio BOS, que é auxiliar de escritório. Luiz Carlos Queiros Júnior foi o escolhido para ser o primeiro a receber a nova tecnologia.

O aparelho custa, em média, U$ 5 mil (equivalente a cerca de R$ 20 mil). Dotado de uma câmera inteligente intuitiva acoplada à armação dos óculos do usuário, o sistema tira uma foto do que está à frente, fazendo reconhecimento de faces, gravando até 150 rostos, além de auxiliar a identificar as pessoas ao redor. O dispositivo também informa o gênero e idade das pessoas e pode ler textos em português, inglês e espanhol. Por ser equipado com LEDs, pode operar também no escuro. Além disso, possibilita atualizações pela internet, ainda que funcione completamente off-line, e identifica produtos previamente gravados, detectores em roupas, objetos, dentre outras funções.

Ainda possui reconhecimento automático de notas de dinheiro e informa a hora sempre que o usuário fizer o gesto de olhar para o pulso, como se estivesse usando um relógio. Outra funcionalidade é o reconhecimento de código de barras, o que torna mais inclusiva a ida ao mercado e às lojas, por exemplo. Segundo o BOS, além de cegos e deficientes visuais, o dispositivo também pode ser utilizado por pessoas que têm dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Síndrome de Down.

O colaborador deficiente visual do BOS que já usa o equipamento afirma que sua vida diária mudou totalmente depois que ele passou a testar o “Orcam MyEye”. “Tenho baixa visão no olho esquerdo e total no direito. O dispositivo me ajuda bastante na questão da leitura e no dia a dia de trabalho. E, não apenas na área profissional, mas também na vida social. No que se refere à visualização de códigos de barras, me auxilia também com as caixas de medicamentos. O dispositivo veio para somar, para quebrar certas barreiras, algumas coisas com as quais tenho dificuldade e o aparelho está me apoiando bastante nisso tudo”, disse Luiz Carlos.

Em teste

BOS testa tecnologia inclusiva para pessoas com deficiência visual Edil Vidal de Souza, superintendente do Banco de Olhos. Crédito da foto: Emidio Marques (6/8/2019)

O Grupo BOS adquiriu cinco unidades após ter conhecimento do aparelho em uma feira de acessibilidade realizada em São Paulo. O primeiro dispositivo já está sendo utilizado e os outros serão entregues em breve. De acordo com o BOS, um vai para uma pessoa que perdeu a visão em decorrência de um assalto e faz reabilitação visual na instituição. E outro para uma paciente que teve redução da visão pelo alto grau de miopia, e mais dois ficarão à disposição do Departamento de Visão Sub-normal do Hospital Oftalmológico de Sorocaba. “A ideia é começarmos uma experiência nova com essa tecnologia. Quem sabe buscar mais recursos para beneficiar mais pessoas. Começamos com o Luiz, que trabalha conosco. Ele está sendo nossa primeira experiência e vamos poder acompanhar o resultado de perto. Espero que traga muito mais autonomia para ele”, diz Edil Vidal de Souza, superintendente do Grupo BOS.

Já o presidente do Grupo BOS, Pascoal Martinez Munhoz, disse que a intenção é fazer uma ampla campanha para que as pessoas que precisam e não têm condições possam ter acesso a esse aparelho. “Pelo que já vimos, certamente vai ajudar muito na mobilidade, na leitura e no trabalho de quem não enxerga ou que tenha sua visão reduzida. Resumindo, a qualidade de vida dessas pessoas vai melhorar consideravelmente”, comenta. (Ana Cláudia Martins)

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