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Avanço do coronavírus gera preocupação em sorocabanos na Europa

27 de Fevereiro de 2020 às 20:11

Avanço do coronavírus gera preocupação em sorocabanos na Europa Praça do Duomo di Milano, no centro de Milão, na Itália, quase vazia em meio a temores sobre a disseminação do coronavírus. Crédito da Foto: Miguel Medina / AFP

A chegada do coronavirus à Itália vem mudando drasticamente a rotina das pessoas. É o que conta a sorocabana Alessandra Schincariol, 44 anos, que se mudou recentemente para a região de Emilia-Romagna, adjacente à Lombardia, também no norte do país, região que concentra a maior parte dos casos da doença. Em toda a Itália são 528 casos e a contagem de mortes já soma 14.

“Devido à quarentena imposta pelos governos das três regiões do norte, estão proibidas as aulas nas faculdades e as reuniões sociais em lugares fechados. Os bebês não podem ir à creche, as crianças não vão à escola e, com isso, alguns pais precisam ficar em casa para cuidar delas”, ela relata. Embora as pessoas possam andar pela cidade, ela comenta que os comércios estão vazios. Poucos andam de ônibus e quase ninguém sai de casa.

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Por ora o governo da região proibiu as pessoas de ir diretamente aos hospitais. Em vez disso, há disponível um número de telefone para chamar uma equipe ambulatorial, que vai até a residência dos enfermos para prestar os primeiros socorros e, caso necessário, direcionar a vítima ao hospital apropriado. A medida tem como objetivo conter o avanço da doença.

Jogos de futebol e shows também foram cancelados nas regiões, para a segurança da população, e boletins são transmitidos de hora em hora para atualizar o público sobre os casos por cidade e região. Schincariol conta que há um receio latente de que aconteça na Itália o mesmo que ocorreu na China.

Há também casos de xenofobia sendo reportados; ela menciona que circulam na internet vídeos de pessoas sendo violentas com os imigrantes asiáticos, culpando-os pela chegada da doença ao país.

Brasil

O Brasil é um dos mais de 40 países em que pelo menos um caso da doença já foi confirmado. O primeiro paciente é um homem de 61 anos que esteve na Itália nos últimos dias. A suspeita foi registrada pelo Hospital Albert Einstein e, após a realização de um segundo teste pelo Instituto Adolfo Lutz, o caso foi confirmado pelo Ministério da Saúde. Como ainda é considerado um caso leve, o paciente ficará em isolamento domiciliar.

Segundo o professor doutor Eric Barioni, coordenador do curso de Biomedicina da Universidade de Sorocaba (Uniso) e delegado do Conselho Regional de Biomedicina da região metropolitana de Sorocaba, ainda não há motivos para pânico. “O Covid-19 possui um taxa de mortalidade de 3,4%, menor do que outros tipos de coronavírus, como, por exemplo, o que afetou a China em 2002, que teve uma taxa de mortalidade de 10%, ou o da Arábia Saudita, em 2012, com 36%. As pessoas não precisam ficar nervosas, mas devem cuidar da própria proteção, principalmente adotando algumas práticas higiênicas”, ele ressalta.

“A principal precaução é a lavagem correta das mãos. É preciso ressaltar que o uso do álcool em gel não substitui a lavagem com água e sabão. É muito importante, também, que se evite levar as mãos aos olhos, ao nariz e à boca sem necessidade, especialmente após exposição em potencial, como quando se usa o transporte público, por exemplo. Evitar locais fechados, com grande aglomeração de pessoas, também é uma boa dica”, ele alerta, destacando que, ao contrair uma gripe, é importante também tomar alguns cuidados para não contaminar outras pessoas: uma atitude simples de botar em prática é evitar usar as mãos para cobrir a boca ao tossir ou espirrar; em vez disso, na ausência de uma máscara, o ideal é usar a parte interna do cotovelo, flexionando o braço, de modo a não contaminar terceiros ao cumprimentá-los ou tocar em objetos como teclados ou maçanetas.

Barioni explica que o vírus deverá enfrentar mais dificuldades para se proliferar em ambientes quentes como o Brasil em pleno verão. Ainda assim, a possibilidade de epidemia no país é uma realidade e é preciso se preparar para a queda da temperatura a partir da segunda quinzena de março.

A cada 24 horas a Organização Mundial da Saúde (OMS) emite um documento atualizando os dados mundiais sobre o avanço do coronavírus. O boletim publicado ontem, 26 de fevereiro, informa que os casos mundiais chegaram a 81.109 (um aumento de 871 casos em 24 horas). Desses, 78.191 estão concentrados na China, onde já morreram 2.718 pessoas.

No Brasil, são 132 casos suspeitos, sendo 85 em São Paulo. Em coletiva para a imprensa, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou que, além das medidas padronizadas, serão adotadas algumas adicionais, como a criação de um aplicativo voltado àqueles que desembarcarem em portos e aeroportos brasileiros. Por ora não serão tomadas medidas mais drásticas, como o bloqueio de aeroportos, pois os casos da doença ainda estão sendo classificados como leves ou moderados. (Giulia Alvers e Rafael Filho - Agência Focs / Jornalismo Uniso)