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Aumento nos testes reduz taxa de mortalidade por Covid-19 em Sorocaba

26 de Maio de 2020 às 00:07
Marcel Scinocca [email protected]

Federais conduzem mais de 800 pesquisas sobre Covid-19 Aumento de testagem pelas autoridades de saúde é uma boa estratégia para o controle da pandemia. Crédito da foto: AFP / Nicolas Asfouri

O índice de letalidade entre os pacientes que testaram positivo para coronavírus em Sorocaba caiu significativamente desde o início da pandemia. O número foi de 18,2%, em 25 de abril, para 5,8% em 25 de maio. Essa redução se contrapõe ao número de testes -- em especial a partir de maio, quando foram iniciados os testes rápidos. Com o aumento no número de testes, a cidade apresentou redução na chamada subnotificação, aumentando o número de casos e diminuindo o percentual de mortes.

O percentual já foi de 33%, quando a cidade apresentou o primeiro óbito e tinha apenas três casos confirmados, em 28 de março. Em 12 de abril, esse número caiu para 8,3%, quando a cidade apresentava 36 casos e três mortes. A partir de então, o índice de letalidade voltou a subir, chegando a 20% em 23 de abril.

Desde então, com o aumento nos números de testes e de confirmações, o percentual de letalidade caiu diariamente, com pequenas variações para cima nos dias 2, 3, 4 e 5 de maio. A partir daí teve início a registro do índice. No dia 13 de maio, quando a cidade tinha 333 casos confirmados, ele era de 8,7%. No dia seguinte, com o mesmo número de mortes e 362 casos confirmados, havia recuado para 8%.

Nesta segunda-feira (25), a cidade possuía 685 casos confirmados e 40 óbitos, com uma taxa de letalidade de 5,8%. É o menor índice desde o início da pandemia.

Para a médica infectologista Maria Carolina Pereira da Rocha, mestre em ciências farmacêuticas da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o aumento no número de casos pode ter acompanhado o de testes, ao contrário do número de mortes, cujas amostras para teste estavam sendo colhidas desde o início da pandemia, por se tratarem de pacientes mais graves.

“A gente calcula a mortalidade pelo número de doenças. Quando aumentamos o diagnóstico, acabamos diminuindo o coeficiente de letalidade. Não existe um estudo para dizermos isso, mas tudo indica que seja por isso. Por que diminuiu a letalidade? Porque a gente está testando mais. Estamos encontrando casos leves. Logo, o número de pessoas que morre acaba sendo menor proporcionalmente”, detalha.

Aumento de testes

No início da pandemia em Sorocaba, a relação entre testes de coronavírus e número de habitantes era de um para cada 3.652 moradores. O registro ocorreu em 25 de março, quando os dados passaram a ser divulgados pela Secretaria de Saúde (SES). Em 25 de abril havia um teste disponível para cada 1.003 habitantes, e no dia 25 de maio se podia disponibilizar um teste para cada grupo de 266 habitantes. Foi nesse mesmo compasso que a taxa de letalidade caiu de 18,2% para 5,8%.

Na segunda-feira, a cidade já havia testado 2.548 moradores. Foram 118 pessoas a mais que no dia anterior, de 2.430 -- número recorde.

O aumento nos testes pode ter relação direta com os testes rápidos, que passaram a ser realizados pela SES a partir de abril. De 1 mil testes inicialmente disponíveis, a prefeita de Sorocaba, Jaqueline Coutinho (PSL), anunciou em seguida que a cidade já dispunha de 8 mil testes, com a possibilidade de até 13 mil ainda em maio.

Ainda conforme a médica Maria Carolina, o aumento de testagem é positivo. “Todos os países que conseguiram controlar a pandemia usaram isso como uma das estratégias de controle. Quando a gente testa, temos mais noção de pessoas doentes e, de fato, isolamos os doentes. É uma ideia mais real do que, de fato, está acontecendo”, diz.

Os dados usados pela reportagem foram obtidos nos boletins da Secretaria de Saúde divulgados entre os dias 24 de março e 25 de maio (ontem). (Marcel Scinocca)