Aumento no preço do gás natural impacta negativamente na indústria
Na matriz energética da indústria, eletricidade e gás natural estão entre os mais usados. Crédito da foto: camara.leg.br
O aumento próximo de 40% no gás natural, anunciado pela Petrobras no começo da semana, deverá afetar parte da indústria da região. A informação é do diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em Sorocaba, Erly Domingues de Syllos. O empresário criticou duramente o reajuste, ao qual chamou de abusivo e fora da realidade.
“Sem dúvida vai impactar. O setor já vem sendo prejudicado por aumento sucessivo do setor elétrico do País”, diz. Conforme ele, na matriz energética da indústria, eletricidade e gás natural estão entre os mais usados. Para o empresário, o aumento é assustador, abusivo e fora de qualquer realidade.
“Fica difícil você repassar isso para o cliente. Isso inibe o crescimento da região e o crescimento do País”, comenta. “Reflete principalmente na geração do emprego. Temos que ver o Brasil como um todo. Em outros países não está ocorrendo aumentos tão fortes e violentos”, relembra. De acordo com ele, nem todas as indústrias da região utilizam o gás e o consumo é mais comum nas grandes fábricas ligadas ao setor automotivo, por exemplo.
Erly Domingues de Syllos ainda citou que a situação pode prejudicar ainda mais a retomada econômica do país, que tem apresentado picos. “Isso vai tirar a competitividade do mercado interno e para o exportadores”, lembra. “Isso não está ocorrendo em outros países, não nessas proporções”, garante. Ele ainda citou que o aumento do gás se soma a problemas relacionados aos preços do aço, alumínio, resina plástica e embalagens.
A Petrobras informou ao mercado em 6 de abril que os preços de venda do gás natural para as distribuidoras terão aumento de 39% a partir do dia 1º de maio. Medido em dólares, o aumento será de 32%. “A variação decorre da aplicação das fórmulas dos contratos de fornecimento, que vinculam o preço à cotação do petróleo e à taxa de câmbio”, disse a petrolífera.
A reação foi imediata e a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) afirmou que o aumento tira a competitividade do insumo em relação a outros combustíveis, além de não beneficiar as distribuidoras, que têm remuneração definida pelas agências reguladoras. Segundo a Abegás, o preço poderia ser reduzido se as petroleiras produtoras não reinjetassem cerca de 50 milhões de metros cúbicos de gás diariamente nos poços de produção de petróleo e gás, volume que poderia chegar ao mercado consumidor e reduzir o preço.
Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), disse ser necessário encontrar solução para atenuar o impacto do aumento de 39% do combustível anunciado pela estatal. Para o dirigente das entidades, é uma ironia que, logo após a aprovação da Lei do Gás pelo Congresso Nacional, haja um reajuste tão elevado no preço do combustível, a partir de 1º de maio.
Em 7 de abril, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sem partido, afirmou que o aumento é inadmissível, mas que não iria interferir na política da Petrobras. (Marcel Scinocca)