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Arrecadação com multas em Sorocaba tem aumento de 31% em sete meses

23 de Setembro de 2018 às 20:00
Marcel Scinocca [email protected]

Arrecadação com multas aumenta 31% Janeiro liderou no número de multas aplicadas: 15.791. Crédito da foto: Erick Pinheiro

A arrecadação com multa de trânsito em Sorocaba aumentou 31% de janeiro a julho deste ano em comparação com o mesmo período de 2017. Em valor, esse aumento foi de quase R$ 3 milhões. As informações estão disponíveis no site da Urbes, a empresa pública que gerencia o trânsito e o transporte de Sorocaba. O número de multas aplicadas teve aumento, mas de forma inexpressiva.

Conforme os dados, nos primeiros sete meses deste ano foram aplicadas 92.350 multas, com arrecadação de R$ 12.612.429,80. No mesmo período do ano passado, o número de multas foi até maior - 92.604 -, mas com arrecadação de R$ 9.634.962,34. Janeiro liderou no número de multas aplicadas: 15.791. A média mensal é de 13.193 multas, cerca de 435 por dia, ou 18 por hora.

Reajuste nos valores

Durante todo o ano de 2017, a Urbes arrecadou R$ 20,9 milhões com multas de trânsito, aumento de 32% com relação ao ano anterior, já que em 2016 foram R$ 15,8 milhões (informações da Secom, embora o site da Urbes cite que o valor é de R$ 12,9 milhões. O crescimento foi justificado pela Urbes diante do reajuste no valor das multas e no fato de algumas infrações terem sido reclassificadas. O uso do celular ao volante e estacionar em vaga preferencial, por exemplo, passaram de irregularidades média e grave para gravíssima. No período, apesar do aumento pouco expressivo no número de multas, a cidade ganhou aproximadamente cinco mil novos veículos. Estão aptos a aplicar multa na cidade 87 agentes de trânsito da Urbes e mais 161 agentes da GCM.

Avaliação de motoristas

Arrecadação com multas aumenta 31% Vital da Costa. Crédito da foto: Erick Pinheiro

O gráfico Vital da Costa, 48 anos, não gosta da situação. “Acho que é uma indústria. Não é só em Sorocaba, mas em todo Brasil. Aqui, acho que o dinheiro não está sendo bem investido. Basta andar pelas ruas”, diz. “A gente paga tudo e não tem nada”, acrescenta.

Arrecadação com multas aumenta 31% Alisson Costa. Crédito da foto: Erick Pinheiro

O motorista de aplicativo Alisson Costa Dias, 29 anos, também acha que o dinheiro não está sendo bem usado. “Tem muitas ruas que as faixas estão apagadas. Na zona norte precisa melhorar muito. Só no Centro que eles gostam de sinalizar”, emenda. Mas há quem apoie. O taxista Luiz Antonio da Silva, 45 anos, diz que a situação seria pior sem os radares, por exemplo. “Precisa ter. Estou há vinte anos na rua e sei que tem muito motorista irresponsável”, afirma.

Arrecadação com multas aumenta 31% Luiz Antonio da Silva. Crédito da foto: Erick Pinheiro

Para onde vai o dinheiro das multas?

Conforme prestação de contas da Urbes, a maior parte do dinheiro arrecadado com as multas de trânsito em 2017 foi para os chamados pagamentos de “serviços de terceiros - PJ”, usados em recuperação asfáltica e manutenção paisagística. Nos 12 meses do ano, esses serviços custaram à empresa pública mais de R$ 9,5 milhões, quase metade do total arrecadado. Cerca de R$ 4,5 milhões foram gastos no ano passado em investimentos em semáforos e na sinalização horizontal e vertical. Para a fiscalização eletrônica, o valor dispensado no ano passado foi de R$ 1,6 milhão. R$ 849 mil foram enviados, segundo a Urbes, para o Fundo Nacional de Segurança e Educação no Trânsito (Funset). Outros R$ 504 mil foram gastos com veículos, na manutenção e na compra de combustível.

Arrecadação com multas aumenta 31% Maior parte dos recursos é para recuperação asfáltica e manutenção paisagística, diz a Urbes. Crédito da foto: Erick Pinheiro

Entre os maiores gastos ou investimentos em 2016, sempre levando em consideração o que foi arrecadado com as multas de trânsito, a Urbes destinou R$ 4,8 milhões para fiscalização de operação, R$ 3,9 milhões foram reservados para os semáforos e na sinalização horizontal e vertical, R$ 1,6 milhão foi destinado para a fiscalização eletrônica. Outros R$ 820 mil foram gastos em materiais e bens de consumo e manutenção da frota, incluindo combustível. O Funset recebeu R$ 653 mil. Os “serviços de terceiros - PJ” consumiram R$ 618 mil.

Dos valores arrecadado em 2017 e 2016, boa parte foi investida no processamento das próprias multas. Para se ter ideia, no ano passado esse valor foi de R$ 1,3 milhão, o que corresponde a 6,2% do total arrecadado. Em 2016, o valor gasto foi superior a R$ 1,2 milhão, ou quase 10% do total arrecadado.

Educação no trânsito é a priori dade, diz gestora

Com relação à educação no trânsito, considerando apenas o valor investido com o total arrecadado com multas, foi destinado em 2017 R$ 309.980,46, cerca de 1,5% do total arrecadado. Em 2016, o valor foi de R$ 174.617,96, também cerca de 1,5% do total arrecadado. Até julho deste ano, o valor total obtido foi de R$ 313.674, ou 2,4% do total.

Roberta Bernardi, gestora de educação para o trânsito da Urbes, diz que a fiscalização é necessária e apresenta resultados. “Quando há acidentes e mortes, por exemplo, é preciso tomar medidas emergenciais. A fiscalização está dentro do esforço legal e é o que apresenta o resultado mais rápido”, diz. “Mas não é uma estratégia que vai durar para sempre. A fiscalização é necessária, mas não podemos negligenciar aquilo que vai sedimentar o comportamento, que é a educação”, destaca.

Roberta cita ainda o caso das vagas preferencais. De acordo com ela, em 2011 o índice de ocupação regular dessas vagas era de 38% e hoje passou para 97%.

Outro ponto diz respeito aos acidentes de trânsito, cuja meta determinada pela ONU era de redução de 50% até 2020 e a cidade conseguiu reduzir para 56%. “Sorocaba está no caminho certo, com diminuição, por exemplo, nos acidentes de trânsito. Os esforços precisam aumentar ainda mais, porque nossa meta é zero”, acrescenta.

Ainda conforme ela, os investimentos em educação em Sorocaba se referem a trabalhos com crianças, jovens, adultos e idoso e inclui projetos como Meu tesouro, meu bebê, escola do pedala, motociclista seguro e faixa viva, entre outros. Outro investimento que a Urbes está criando, segundo ela, é a Escola de Gestão de Mobilidade, que deve ser implementada ainda neste ano.

 

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