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Acessos da Raposo continuam alvo de reclamações

08 de Dezembro de 2019 às 10:01

Acessos da Raposo continuam alvo de reclamações Tanto para entrar como para sair da rodovia, usando os alças de conexão, a dificuldade é grande. Crédito da foto: Fábio Rogério

Os acessos da Raposo Tavares e suas marginais, tanto para entrar como para sair da rodovia, usando os alças de conexão com ruas e avenidas municipais, continuam a ser alvos de reclamações de usuários que todos os dias atravessam este corredor viário no trecho urbano de Sorocaba. Os congestionamentos de veículos são frequentes, principalmente nos horários de pico da manhã e do fim de tarde.

Saídas da marginal causam congestionamentos, o que significa perigo aos motoristas. Crédito da foto: Fábio Rogério.

Boa dose de paciência dos motoristas e passageiros não é suficiente para eliminar a preocupação com os riscos de acidentes. Motoristas e especialistas em trânsito, ouvidos pelo Cruzeiro do Sul, confirmam as dificuldades e recomendam atitudes em busca de soluções.

O vendedor Paulo Sérgio Gaspar, de 47 anos, que também é motorista e trabalha próximo ao chamado Trevo da Vida, na conexão entre a avenida Comendador Pereira Inácio e a Raposo Tavares, disse que a instalação de semáforo no local melhorou o fluxo do trânsito: “Mas não resolve, bastante veículos.” Ele disse que não faz ideia do que teria que ser feito para melhorar o cenário de lentidão na alça de acesso à via urbana para quem trafega pela rodovia no sentido capital-interior.

Acessos da Raposo continuam alvo de reclamações Paulo: solução difícil. Crédito da foto: Fábio Rogério

O operador de máquina Pedro Crieguer, de 41 anos, lamentou as dificuldades para quem sai da rua Antônio Aparecido Ferraz e tenta entrar na rodovia, pois o local não tem espaço de aceleração: “Aqui tem muito acidente, é bem complicado, talvez seja excesso de veículos.” Sobre qual seria a solução, ele afirmou: “Tem que estudar.”

Além do Trevo da Vida e da conexão com a rua Antônio Aparecido Ferraz, outros trechos da avenida são desafios diários para o motorista: um deles fica na altura do viaduto Jorge Guilherme Senger, na ligação entre as avenidas Antônio Carlos Comitre e Izoraida Marques Peres, e na região do viaduto que liga a avenida Armando Pannunzio à rodovia SP -264 (João Leme dos Santos), ligação entre Sorocaba e Salto de Pirapora. Outro complexo de acessos, na altura da conexão da rodovia com a avenida Luiz Mendes de Almeida (local conhecido como Posto Ikeda), também é região complicada para os motoristas.

Acessos da Raposo continuam alvo de reclamações Pedro: muitos acidentes. Crédito da foto: Fábio Rogério

A movimentação de veículos em todo esse trecho urbano da Raposo Tavares, que vai dos kms 91 ao 110, é reflexo da junção dos trânsitos de passagem e local pela rodovia. Nos últimos anos, toda essa região também apresentou crescimento em termos de ocupação de solo, com intensa movimentação de atividades comerciais e de serviços, além da implantação de novos empreendimentos imobiliários já entregues e ainda em construção. O perfil de Sorocaba como polo de atração regional e sede de Região Metropolitana acrescenta grande movimento de pessoas e veículos e responde por parte desse fluxo que passa pela Raposo Tavares.

Especialistas dizem que autoridades têm que buscar soluções para via

As dificuldades representadas pelos acessos da Raposo Tavares são desafios também para os especialistas em trânsito. O engenheiro civil com atuação na área de trânsito, Vanderlei Cóffani, começa por avaliar que dispositivos viários têm determinada capacidade para atender a uma referida demanda. Se a demanda ultrapassa a capacidade, o que acontece? No seu cálculo, um dispositivo viário que poderia funcionar bem há dez anos, atualmente, com o crescimento da demanda, pode não estar atendendo à necessidade do presente.

No seu raciocínio, essa desproporção pode não significar uma falha de projeto de engenharia de tráfego, mas pode configurar o resultado do crescimento da demanda de veículos ao longo dos anos. “Dispositivos com o passar do tempo foram recebendo uma demanda e chega uma hora que essa demanda supera a capacidade, aí o que vai fazer?”, questiona. “A questão é demanda versus capacidade.”

Sobre a decisão a ser tomada em busca de solução, Cóffani informa que é preciso definir de quem é a competência de jurisdição sobre a rodovia, mas sugere que a Agência Reguladora de Transportes de São Paulo (Artesp) e a Prefeitura de Sorocaba terão que conversar sobre o assunto.

Acessos da Raposo continuam alvo de reclamações Dispositivos não atendem a atual demanda de veículos. Crédito da foto: Fábio Rogério (4/12/2019)

Nesse aspecto, o advogado Renato Campestrini, especialista em trânsito, mobilidade e segurança -- colunista de mobilidade urbana na rádio Cruzeiro FM 92,3 -- defende que autoridades municipais possam solicitar à Artesp a revisão dos acesos da Raposo Tavares para a execução de melhorias. Acrescenta que a medida teria que ser apoiada pelos deputados representantes de Sorocaba e região: “Como é rodovia concedida, tem que ver se no contrato de concessão não está previsto esse tipo de serviço, em que pé que está o contrato, para que numa eventual renovação; tem que encabeçar junto à Artesp um pedido desse para trabalhar a melhoria dos acessos.”

Campestrini, que também é presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da OAB/Sorocaba, disse que o problema é combinação do excesso de veículos com o traçado dos acessos. “Todos os acessos dificilmente têm uma curva de raio longo, habitualmente é uma curva fechada”, ele descreveu.

Nesse caso, por segurança, os motoristas diminuem a velocidade, isso prejudica o fluxo de veículos e os motoristas acabam tendo que se colocar em fila e a lentidão está instalada. Ele esteve em Campinas na semana passada, trafegou pela rodovia Dom Pedro e fez comparação: “Lá as curvas são mais suaves, não há esses acessos fechados da Raposo.”

Urbes diz que tem atuado para melhorar o fluxo

A Urbes informa que trabalha em conjunto com a CCR ViaOeste a fim de amenizar os reflexos nas vias adjacentes por conta do excesso de veículos em horário de pico ou de demandas pontuais como o período de compras de final de ano, por exemplo: “Quando as vias ficam saturadas, elas refletem diretamente na fluidez do tráfego, consequência esta da opção pelo uso do veículo individual em detrimento do transporte coletivo. A recomendação é que as pessoas evitem o horário de pico, escalonando os horários de circulação ao longo do dia.”

Em nota, a Urbes também cita melhorias já implantadas por ela e a CCR ViaOeste nos locais de acessos citados pela reportagem. Na rua Antônio Aparecido Ferraz, na área junto à empresa Coca Cola, a empresa de transporte cita que houve a proibição do acesso de veículos da rodovia para a via local, permitindo somente o fluxo do bairro para a rodovia.

Acessos da Raposo continuam alvo de reclamações Trecho urbano da rodovia, que vai dos kms 91 ao 110, é o mais afetado pelo excesso de tráfego. Crédito da foto: Fábio Rogério

No antigo Trevo da Morte, onde se situa a ligação da avenida Comendador Pereira Inácio com avenida Juvenal de Campos, com acesso ligando Sorocaba a Votorantim, a urbes cita que foi semaforizado e está com os tempos do equipamento adequados à demanda de veículos.

Já no viaduto Jorge Guilherme Senger sobre a Raposo Tavares, na ligação entre as avenidas Antônio Carlos Comitre e Izoraida Marques Peres, a empresa diz que foi implantada a direita livre no sentido centro e que estuda outras melhorias para a região. “Vale destacar que o novo viaduto da rua João Wagner Wey divide a demanda de circulação de veículos na Comitre e Izoraida, diminuindo a quantidade de veículos transitando por essas vias”.

E concluiu que no viaduto ligando a avenida Armando Pannunzio à rodovia SP -264 (João Leme dos Santos), que liga Sorocaba a Salto de Pirapora foram implantadas duas direitas livres, sentido centro e sentido bairro, que também contribuem com a fluidez do tráfego.

ViaOeste afirma que dispositivos auxiliam tráfego

A concessionária CCR ViaOeste divulgou nota em que a lentidão apontada nos trechos da Raposo Tavares indicados pela reportagem tem influência pelo excesso de veículos em horários de pico.“Esclarecemos que os acessos da Raposo Tavares têm interface direta com vias urbanas municipais e foram adequados durante a construção das vias marginais, que ocorreu entre 2008 e 2014. É importante enfatizar que as marginais implantadas pela concessionária são de grande relevância, pois as vias promovem a segregação do tráfego de longa e curta distância, ou seja, contribui para organizar o fluxo urbano e rodoviário.”

A nota acrescenta que outras melhorias também foram realizadas pela CCR ViaOeste nos acessos da rodovia Raposo Tavares, como a implantação de dispositivos no km 96 (acesso a Sorocaba), no km 97+800 (acesso Sorocaba/Votorantim) e no km 102+637 (Piedade). “Além disso, vale destacar ainda que a concessionária tem trabalhado em conjunto com a Prefeitura de Sorocaba e Artesp para realizar melhorias operacionais ao longo deste segmento da rodovia.” (Carlos Araújo)

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