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Academias ao ar livre: faltam placas de orientação

12 de Fevereiro de 2019 às 05:24

Faltam placas de orientação No Parque das Águas a academia ao ar livre está com a placa orientativa em branco. Crédito da foto: Fábio Rogério

As mais de 80 academias ao ar livre em praças, parques e espaços públicos são opções para a prática de exercícios físicos em Sorocaba. Porém, a falta de orientação sobre o uso correto dos aparelhos e a má conservação de alguns espaços podem prejudicar sua utilização.

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Visitando sete pontos diferentes da cidade, na última sexta-feira (8), em apenas uma academia voltada para pessoas com deficiência havia um painel com orientações de uso. Em todos os outros, as placas estavam ilegíveis, seja por vandalismo ou deterioração, ou eram inexistentes. Especialistas alertam que o uso incorreto dos aparelhos representa risco de lesões e acidentes.

Orientação é importante

Originalmente, os painéis demonstravam a utilização dos aparelhos, além de alertar para a idade indicativa. Os equipamentos podem confundir-se com brinquedos e acabam atraindo a atenção de crianças. O presidente em exercício do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (Cref4/SP), Pedro Roberto Pereira de Souza, explica que as crianças podem se machucar nos aparelhos -- sendo uma das maiores preocupações bater a cabeça, por exemplo -- ou ainda sofrer lesões devido a sobrecarga de exercícios.

Souza, que também é presidente da Panathlon Club Sorocaba e delegado da Federação Internacional de Educação Física, reconhece a importância das placas com orientações, porém avalia que mesmo em bom estado elas não substituem a presença de um profissional de educação física. “Essas informações que estão faltando são importantes, mas não é o suficiente”, diz. Ele destaca que um profissional pode corrigir erros de postura durante o exercício, elaborar um programa que atenda as necessidades do praticante e respeite suas limitações.

De acordo com Souza, o Cref constatou diversas lesões que ocorreram em academias ao ar livre em todo o Estado. Ele conta que algumas cidades já disponibilizam profissionais de educação física em horários determinados para auxiliar os usuários. Alerta também que, antes de iniciar a prática de exercícios físicos, é preciso passar por avaliação médica.

Para o profissional, é necessário garantir a segurança nesses espaços, onde podem ocorrer lesões e acidentes. “O responsável é quem implantou (a academia)”, avalia. Ele observa que a atividade física orientada por profissional ainda é raridade no Brasil, sendo que de 47% da população que informa praticar exercícios, menos de 5% contam com auxílio profissional.

Falta de informações

No Parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim, crianças utilizavam os aparelhos para brincar. Samuel dos Santos, 34 anos, pai de duas meninas de 11 e 9 anos, observa que embora os equipamentos estivessem em bom estado de conservação, não havia indicação de uso. Vindo de Maringá, no Paraná, o homem conta que na cidade há monitores para espaços semelhantes. “Lá no Paraná fica uma pessoa orientando o pessoal das 9h às 16h” , relata.

Faltam placas de orientação No Jardim Ipiranga, também falta manutenção de equipamentos. Crédito da foto: Fábio Rogério

No Parque Nilson Lombardi, no Jardim Ipiranga, a placa indicativa está deteriorada e há mato no entorno. Um dos equipamentos está danificado, faltando a peça utilizada para os exercícios das pernas. Já na Vila Formosa, um equipamento está sem apoio emborrachado para as mãos, há mato, banco quebrado e não existe placa indicativa. Moradores relatam ainda que não usam o espaço devido a presença de usuários de drogas na redondeza.

Na praça da Amizade, no Jardim Santa Rosália, a placa com orientações está pichada e em frente à Prefeitura de Sorocaba, o dispositivo está completamente deteriorado. Na nova academia inaugurada ao lado da pista de caminhada, na confluência entre as avenidas Bento Mascarenhas Jequitinhonha e Washington Luiz, os equipamentos estão em bom estado, mas não há painel informativo. Enquanto no Parque das Águas, no Jardim Abaeté, na academia ao ar livre voltada para pessoas com deficiência há placa com informações, na área dos equipamentos convencionais, o painel está ilegível.

Prefeitura diz que a manutenção é feita

A Prefeitura de Sorocaba afirma que existem placas com orientações em todas as academias. Conforme relatado, no entanto, o dispositivo não foi encontrado ou estava ilegível em ao menos sete pontos da cidade visitados pela reportagem na última sexta-feira. Segundo o Município, são 81 academias ao ar livre atualmente e não há previsão de desenvolver algum projeto para a orientação de profissionais nesses locais.

De acordo com a Prefeitura, há um contrato de manutenção das academias. Porém, mensalmente seria realizada uma revisão preventiva nos equipamentos e, em casos de deterioração, é realizada a manutenção corretiva pela Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo). Ainda segundo a Prefeitura, são todas para uso comum adulto, exceto duas que são adaptadas para pessoas com deficiência.

Quanto às questões levantadas pelo Conselho Regional de Educação Física, a Secretaria de Esportes e Lazer afirmou que o papel do órgão é “instruir, divulgar, fiscalizar e fomentar a importância da prescrição de exercícios físicos/atividades físicas, por profissionais de educação física, devidamente regulamentados e cadastrados no respectivo Conselho”. Disse ainda que “são iminentes os riscos que as pessoas se expõem quando praticam atividades físicas, independente se seus objetivos são para manterem-se ativos, por lazer, por esporte, ou meramente no cotidiano profissional”. (Priscila Fernandes)

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