7º BPM-I foi criado em dezembro de 1912
Em 1992, o 7º BPM-I ganhou a atual sede, na mesma área onde está o CPI-7 e a Escola de Formação de Soldados. Crédito da foto: Fábio Rogério (30/7/2020)
A atuação centenária do 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior (7ºBPM-I), responsável pelo policiamento de Sorocaba, foi reconhecida na última semana pelo alto comando da corporação, após longo processo de revisão histórica iniciado em 2016. O documento que altera a data de fundação do Batalhão para 17 de dezembro de 1912 e, portanto, o coloca entre os mais tradicionais do Estado de São Paulo, foi publicado no Boletim Geral da PM da última segunda-feira (27).
A correção histórica é resultado de pesquisa feita pela capitã Luiza Maria Aidar de Oliveira Geraldi, relações públicas da corporação, com intuito de resgatar e preservar a memória e a trajetória da unidade policial. O estudo começou a ser elaborado depois de constatar que documentos oficiais da própria PM atribuíam erroneamente a fundação do 7º BPM-I como sendo em 15 de dezembro de 1975.
Essa data, na verdade, se refere à adoção da atual nomenclatura e não ao seu início efetivo. “Obviamente a gente sabia que (a data de sua fundação) era muito anterior a isso, mas para pedir a correção nós precisávamos descobrir a data correta, com toda a fundamentação e comprovação”, comenta a capitã.
Incumbida desta missão, a oficial cruzou relatos de policiais antigos com consultas a documentos oficiais do Arquivo Histórico do Estado de São Paulo, do Museu da PM, da sede do Batalhão e do arquivo do também centenário jornal Cruzeiro do Sul.
Atual comandante do 7º BPM-I, o tenente-coronel Fernando de Agrella. Crédito da foto: Fábio Rogério (30/7/2020)
Atual comandante do 7º BPM-I, o tenente-coronel Fernando de Agrella afirma que o reconhecimento de sua atuação centenária era sonho antigo de todos os policiais que atuaram e atuam na unidade. “É motivo de orgulho para nós e também uma forma de valorizar e homenagear todos os heróis que tombaram em serviço”, afirma.
A história
De acordo com a revisão histórica, o 7º BPM-I foi fundado em 17 de dezembro de 1912, data em que o então presidente do Estado de São Paulo, Francisco de Paula Rodrigues Alves, reorganizou as forças policiais e criou o 1º e 2º Corpo da Guarda Cívica da Capital, está última o embrião do Batalhão. É que em 1924, na gestão de Carlos de Campos, o Segundo Corpo passou a se chamar 7º Batalhão de Infantaria até, ao longo do tempo, passando por diferentes denominações, se transformar no 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior.
A pesquisa detalha que no ano de sua criação o 7º Batalhão de Infantaria funcionava em casarão do Parque D. Pedro II, em São Paulo, e em 1927, foi transferido para o bairro do Cambuci, também na capital paulista. Em 1931, a unidade passou a ser chamada de 7º Batalhão de Caçadores Paulistas. Já em 16 de dezembro de 1932, após a Revolução Constitucionalista, ganhou o nome de 7º Batalhão de Caçadores, mudando-se para Itapetininga.
A pesquisa foi desenvolvida pela capitã Luiza Maria Aidar de Oliveira Geraldi. Crédito da foto: Fábio Rogério (30/7/2020)
Em 20 de fevereiro de 1935, esse batalhão migrou finalmente para Sorocaba, instalando-se inicialmente no prédio da chácara Trujilo, de propriedade de Alberto Trujilo, funcionando como aquartelamento de emergência até 5 de outubro de 1938, quando foi inaugurado o prédio histórico e tombado, onde hoje funciona a sede do Comando do Policiamento do Interior-7 (CPI-7), na rua Bento Manoel Ribeiro, 209, no Cerrado. Em 1992, o 7º BPM-I ganhou a atual sede, no mesmo terreno onde funciona o CPI-7 e a Escola de Formação de Soldados.
O processo de revisão histórica mostra que em 1960, a unidade recebeu o nome de 7º Batalhão Policial, que em 1971 mudou para 7º Batalhão de Polícia Militar até, em 1975, se tornar, finalmente, o atual 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior. Em 29 de abril de 1999, a unidade recebeu sua atual denominação de 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior “Cel. Pedro Dias de Campos”.
Na revisão histórica, a capitã Luíza revela que ao constituir Batalhão de Infantaria, o Corpo, que tinha por missão precípua o policiamento, passou a receber instrução militar, aprimorando-se cada vez mais até solidificar-se como unidade Policial Militar. Ela assinala que ao longo de seus 108 anos, a unidade atuou em toda região em diferentes ações, como em duas grandes campanhas de combate ao gafanhoto em 1918 e 1922; empregou tropas em socorro as vítimas da grande enchente na cidade em janeiro de 1929 e participou do Movimento Revolucionário de 1932.
Durante o regime militar, o 7º Batalhão Policial atuou na operação que resultou na prisão de 920 pessoas que participavam de um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna, em outubro de 1968. Em 1970, as tropas do 7º Batalhão Policial estiveram na Operação Registro, no Vale da Ribeira, combatendo o guerrilheiro Carlos Lamarca e os membros da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).
Agrella reconhece que as atribuições da unidade foram se transformando ao longo do tempo. “O aspecto perene do batalhão, e que não vai mudar nunca, é a missão de servir à sociedade. E o reconhecimento do centenário aumenta a nossa responsabilidade de estar cada dia mais próximo da população”, declara.
Capitã Luiza ressalta que 7º BPM-I tem como marca o pioneirismo de uma série de programas educacionais e sociais desenvolvidos em parceria com a comunidade. Como exemplo, ela cita o Jovens Brasileiros em Ação (JBA), que visa promover a educação cidadã a jovens na faixa etária entre 12 e 18 anos; o Programa de Educação para o Trânsito (Petran); o Festival de Teatro Estudantil e Judô no Carandá.
O comandante afirma que o Batalhão conta com cerca de 500 policiais e se destaca em todo o Estado de São Paulo por abrigar praticamente todas as modalidades de policiamento como Radiopatrulha (atendimento pelo 190); Escolar; Comunitário; Rural; Força Tática; Policiamento com Motos (Rocam); Canil e Cavalaria. Tenente-coronel paulistano, que iniciou sua carreira na PM no próprio 7º BPM-I, em 1995, como segundo tenente, e agora retorna como comandante, Agrella afirma que após a revisão histórica, o próximo aniversário da unidade será celebrado em 17 de dezembro.
Capitã Luiza reconhece que a história do 7º BPM-I se mistura com a história de Sorocaba e da região, também gravada diariamente em reportagens do jornal Cruzeiro do Sul. “Na verdade a história é feita e contada por muita gente. Eu só tive o trabalho de juntar as peças”, finaliza. (Felipe Shikama)
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