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Solidariedade

Programa HumanizAção da prefeitura já acolheu mais de 14 mil pessoas

Iniciada em 2021, a iniciativa ajuda moradores de rua a terem uma nova chance para recomeçar

24 de Setembro de 2022 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Equipe de abordagem do Humanização recolhendo moradores na noite sorocabana
Equipe de abordagem do Humanização recolhendo moradores na noite sorocabana (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/02/2022))

Homens e mulheres em situação de rua enfrentam fome e frio, principalmente em noites como a de ontem (23), com temperatura baixa. Mas há uma nova chance para recomeçar, por meio de projetos desenvolvidos pelo Poder Público, em parceria com entidades assistenciais parceiras. Um desses projetos é o “Humanização”, da Prefeitura de Sorocaba, que desde o seu início, em janeiro de 2021, até agosto de 2022, realizou 17.275 abordagens sociais especializadas em pessoas em situação de rua. E esses atendimentos geraram 14.941 acolhimentos no Serviço de Obras Sociais (SOS).

O programa Humanização realiza, diariamente em Sorocaba, abordagens sociais a pessoas em situação de rua, com o objetivo de prestar acolhimento e serviços essenciais e proporcionar mudança de vida para cada atendido. Após serem acolhidos pelo projeto, essas pessoas são atendidas no SOS, onde, além do pernoite, recebem alimentação, roupas e toalhas limpas, banho quente e cuidados de higiene. Para quem está em situação de rua, esta é a oportunidade de recomeçar tendo uma moradia digna e mais: uma chance de transformar o sonho em realidade de dias melhores.

Dos 14.365 encaminhamentos ao Centro de Triagem, 86 pessoas receberam cuidados em saúde e 2.189 pessoas conseguiram retornar ao lar de origem, seja em Sorocaba ou em outras cidades de procedência. Segundo a Prefeitura de Sorocaba, o retorno ao lar é providenciado pela gestão municipal, sempre nas situações em que há o desejo da pessoa e a viabilidade para que isso aconteça.

“Vila Dignidade”

A Vila Dignidade recebe idosos acolhidos pelo SOS - DIVULGAÇÃO/SECOM SOROCABA
A Vila Dignidade recebe idosos acolhidos pelo SOS (crédito: DIVULGAÇÃO/SECOM SOROCABA)

Outra oportunidade proporcionada pelo programa municipal é o relacionado em devolver dignidade para idosos e mulheres em situação de rua. Alguns desses idosos, por exemplo, conseguiram moradia e uma nova oportunidade na “Vila Dignidade”, um condomínio residencial popular para pessoas carentes, que são atendidas pelo Centro de Referência do Idoso (CRI) e pelos Centro de Referência em Assistência Social (CRAS).

Para serem aceitos, os idosos acolhidos na Vila Dignidade precisam cumprir requisitos, tais como faixa etária acima dos 60 anos, não contar com o apoio de nenhum vínculo familiar, ter autonomia para uma vida independente (sendo capaz de realizar as próprias tarefas domésticas, por exemplo), ser atendido pelo Benefício de Prestação Continuada BCP), entre outros.

Conforme a Prefeitura de Sorocaba, além da Vila Dignidade, existem algumas unidades residenciais, no Carandá e Altos do Ipanema, que também são disponibilizadas para esse público. “Cada um mora em sua própria casa, de forma totalmente independente, no residencial popular, que fica na zona oeste da cidade. “As moradias foram conquistadas a partir do empenho conjunto das equipes que integram o “Humanização”, contando com o respaldo da Secretaria da Cidadania (Secid)”, ressalta a administração municipal.

Nova chance

Whashington Maciel, um dos moradores  - SECOM SOROCABA
Whashington Maciel, um dos moradores (crédito: SECOM SOROCABA)

Nascido em Bauru, no interior paulista, Whashington Maciel dos Santos, 66 anos, já tinha morado e trabalhado em Sorocaba, mas viu sua vida ser totalmente transformada após um acidente na estrada, quando trabalhava como motorista de caminhão.

Ele conta que sofreu o acidente durante uma viagem, quando passava pelo Rio Grande do Sul, e acabou ficando internado nove meses em um hospital, na cidade gaúcha de Caxias do Sul, onde ficou sem contato com seus familiares. Após ter alta do hospital e retornar para Sorocaba, Whashington não tinha mais para onde voltar e nem onde morar.

Após ser acolhido no SOS, ele conseguiu uma nova chance e há pouco mais de um ano mora em uma das casas populares na Vila Dignidade. “Pra mim, aqui é o Paraíso. Tenho tudo que preciso, todo apoio. É excelente! E só temos que agradecer a Deus. Eu só tenho coisas boas pra falar desse lugar”, afirma. 

Outra ação cuida de dependentes químicos

Após 31 dias em operação em 2022, de 10 de junho a 10 de julho, o projeto Humanitárias, da Prefeitura de Sorocaba, encerrou suas atividades com ação para diagnosticar rotas de migração de dependentes químicos vindos de outras cidades, como da capital paulista. No total, foram abordadas 461 pessoas, sendo que 91,54% eram homens.

De acordo com a Prefeitura de Sorocaba, nesses locais, transitou um grande número de pessoas que não são de Sorocaba: 65,29% eram de outras cidades ou estados; dessas 12,8% vieram da capital paulista.

O projeto teve o objetivo de prestar assistência a todas as pessoas abordadas, inclusive com a oferta de tratamento da dependência química. Ao mesmo tempo, o de atuar de forma preventiva em relação aos impactos sociais mais graves, como o crescimento do número de pessoas em situação de rua na cidade.

Ao todo, foram realizados 128 recâmbios, quando é feito contato com a família de origem para o fortalecimento do vínculo antes do retorno. Também foram feitos outros encaminhamentos, como 22 internações para tratamento da dependência química, 45 encaminhamentos para tratamentos de saúde, 33 solicitações para a emissão de 2ª via de documentos e foram aplicadas 25 vacinas contra a gripe (Influenza) e 16 contra a Covid-19.

“Todos os abordados foram atendidos pelas equipes locais de assistência social e, depois, se necessário, encaminhados para unidades terapêuticas ou ao seu município de origem, sempre respeitando o desejo da pessoa abordada socialmente”, informa a gestão municipal.

Histórias femininas

O programa Humanização tem apoio de instituições parceiras da Prefeitura, como o Grupo de Apoio e Combate a Droga e Álcool Santo Antônio (Grasa). Para as mulheres, há uma unidade exclusiva para o atendimento feminino. O local oferece, além de abrigo, suporte necessário para que as mulheres que desejam obter auxílio busquem recuperação. São muitas as trajetórias de vida entrecortadas pelo desafio de superar o vício em álcool ou drogas e poder contar com ajuda especializada.

M.C.A, de 42 anos, é uma das mulheres atendidas atualmente pelo Grasa. Ela conta que vivia com a mãe e a avó, mas depois que as duas faleceram, o problema do vício, que já se manifestava, se agravou. “Chegou a um ponto que não consegui me manter mais. Ficava nas ruas, mendigando. A casa onde eu morava foi demolida e não tinha para onde voltar. Sei que dei muito trabalho e não aproveitei outras oportunidades, mas esta internação eu quis muito. Meu objetivo, agora, é me afastar de vez das drogas e arrumar um emprego”, contou.

A história de D.R.O.A, de 31 anos, é semelhante. Mas a perda que mexeu com seu emocional foi a da filha. “Eu morava com o pai da minha filha. Contudo, minha mãe faleceu e, logo depois, minha filha também morreu. Isso me desestruturou. Passei a usar crack. Saí de mim mesma, entrei em depressão. Quem mais me ajudou foi minha irmã. Aqui, estão me ajudando muito também. Não quero mais passar pelo que eu passei”, relatou. (Ana Claudia Martins)

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