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Presença: Acreditar para conquistar

30 de Agosto de 2020 às 00:01
Manuel Garcia [email protected]

Presença: Acreditar para conquistar Rogério de Paula. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Rogério de Paula, é um grande campeão. Em sua vida como atleta profissional ele acumula a marca de ter sido durante 17 anos atleta profissional de voleibol, com diversas participações e títulos nas ligas profissionais brasileira, portuguesa e europeia. Rogério liderou 9 equipes de voleibol como técnico profissional, tendo conquistado 5 títulos nacionais em Portugal.

Este campeão cresceu em nossa “terra rasgada”, evoluiu, profissionalmente e pessoalmente, conquistou várias medalhas e títulos, mas sempre ligado ao sentimento de gratidão às pessoas com as quais ele encontrou no seu caminho e por nossa cidade. Conheça a história de do atleta Rogério de Paula, o nosso personagem da semana.

Onde você nasceu como foi sua infância?

Nascido em Sorocaba, tive uma infância muito próxima da família e numa época em que as brincadeiras e a prática de esportes eram muito presentes no meu dia a dia. Acredito que lá atrás, comecei a aprender os primeiros passos do que era a disciplina. Se fizesse tudo bem, tinha ganhos. Sem dúvida, nessa época, a família, a escola e o esporte, deixaram valores morais muito marcantes no meu caráter.

Como você começou a se interessar pelo esporte, sempre foi o voleibol ou teve outras paixões?

Olhando para trás, vejo que sempre fui muito focado em resultados. Aprendi cedo que, sempre haveria consequências, tanto dos bons quanto dos maus resultados. Na época, desde que houvesse uma competição, lá estava eu. No entanto, a descoberta do voleibol me levou para outro patamar de escolhas. Foi no voleibol que participei das equipes de jovens que representavam a cidade de Sorocaba onde fiz bons amigos e guardo incríveis lembranças. Foi uma época de ouro para mim. Foi muita dedicação e muito empenho daquela garotada e das pessoas que coordenavam o voleibol na cidade. A profissionalização, surgiu logo a seguir e em apenas um ano, após ter saído da cidade, eu me vi jogando na elite do campeonato nacional adulto. Na época ainda era chamado de Campeonato Nacional de Voleibol e não de Super Liga de Voleibol, como é atualmente.

Você foi atleta profissional de voleibol durante 17 anos, com diversas participações e títulos nas ligas profissionais brasileira, portuguesa e europeia de voleibol, quais lembranças tem deste tempo?

Durante toda a minha carreira, tive uma regra que coloquei como prioridade. Seguir os meus estudos, paralelamente à profissão de atleta. Assim, fazia faculdade de educação física no Brasil e após duas épocas no Campeonato Brasileiro de Voleibol em representação da cidade de São Carlos, fui contratado por uma equipe de Portugal, passando por outras quatro equipes da elite nacional daquele país, com participações em campeonatos nacionais e em competições europeias. Os últimos desafios da minha carreira se concretizaram com a participação em dois campeonatos nacionais portugueses de voleibol de praia e em três etapas do “Beach Volleybal World Tour - 2001”, representando Portugal. Uma experiência marcante e, sem dúvida, muito simbólica para o encerramento da minha carreira como atleta.

Quando optei pela carreira profissional de voleibol, sabia que deveria estar aberto e preparado para fortes emoções, combates, desafios, derrotas e vitórias. Eu arrisco dizer que o caminho de um atleta profissional é impagável e incrivelmente marcante. Claro que, antes de tudo, foi importante aprender a perder, para que a partir daí aprendesse a buscar o que havia de melhor dentro de mim. É curioso olhar para trás e me recordar apenas de bons momentos. Mas é importante relembrar que o meio do esporte de alta performance profissional não é um meio inocente, é muito duro e competitivo. Somos, constantemente, testados pelo lado do bem e pelo outro lado. Aprendi cedo a escolher a turma do bem, independentemente, do que poderia me acontecer. Nunca me arrependi, dessa escolha. No entanto, há sentimentos que me trazem recordações incríveis. Desde as muitas finais de campeonatos, dos bons amigos que fiz no esporte, até os países incríveis que conheci, jogando na Europa. Mas a grande lição, para mim, veio do desejo incansável de persistência. Sabe, neste meio, somos confrontados com situações, dentro e fora das quadras, que uma pessoa comum poderia pensar que tudo estaria perdido, mas atleta que tem, realmente, a alta performance no espírito, sabe que desistir dos seus propósitos, da sua equipe, dos seus líderes, da sua torcida e do seu futuro, nunca é uma opção. Assim, trabalhei muito a persistência e o bom senso, que transporto até aos dias de hoje para a minha vida profissional.

E a vida como técnico profissional de voleibol, como foi este passo em sua vida?

A cultura de muitos países europeus incentiva que atletas e treinadores profissionais de muitas modalidades esportivas, concluam as suas faculdades e tenham os seus trabalhos partilhados com as suas carreiras esportivas. Eu estava terminando a minha faculdade em ciências do esporte e educação física na Universidade do Porto, onde finalizei uma pós graduação e o meu mestrado em alto rendimento esportivo e nesse contexto, recebi o primeiro convite para ser técnico, não hesitei e comecei uma nova carreira, dentro de uma área profissional que eu já conhecia.

Eu sempre gostei de estudar a área do comportamento humano, por isto, no mestrado, estudei a área da psicologia esportiva, concretamente o sucesso de treinadores. Estava feita a trajetória de desafiar a teoria com a prática e confesso que não foi fácil. Mas, se fosse fácil, todo mundo faria.

Você liderou 9 equipes como técnico profissional, tendo conquistado 5 títulos nacionais em Portugal com equipes de alta performance esportiva quais destes títulos, mas te orgulha?

Cada conquista que tive na minha vida profissional, tanto no voleibol, quanto em outras áreas que atuei e que ainda trabalho nos dias de hoje, como é o caso das mentorias, das palestras sobre performances profissionais e da qualidade de vida pelo personal training, tiveram e têm os seus sabores muito marcados de momentos felizes, de impactos emocionais poderosos, de missão cumprida e, principalmente, de alegria por ter ajudado a construir algo para pessoas, para instituições, para cidades e para países. Não posso me esquecer de dizer que, entre outros, guardo um sabor especial por três momentos únicos. A participação como técnico principal de uma equipe, na Liga dos Campeões da Europa de Voleibol, por ter levantado a Taça de Portugal de voleibol profissional, por duas vezes, uma no masculino e outra no feminino e por ter conquistado um título nacional com uma equipe feminina de voleibol da cidade de Guimarães em Portugal que superou tudo e todos, provando que não há limites e nem conquistas impossíveis, desde que o conjunto funcione como um só.

Como foi o período que passou morando na Europa?

Para quem chegou em Portugal, em 1990, com um contrato de apenas um ano como atleta profissional de voleibol, mas acabou ficando vinte e dois anos pelo velho continente, só posso me lembrar de coisas boas e agradecer pelas incríveis experiências de vida pessoal e profissional. Foram épocas de muitas escolhas, de ideais, de combates, de respeito, de perseverança, de conquistas e de muita gratidão. Hoje, trago comigo, sentimentos de conquistas emocionais, mentais e de muita experiência profissional, que faço questão de partilhar com aqueles que me cercam e com a cidade de Sorocaba que me acolhe. Sempre valorizei as minhas origens sorocabanas. Considero que cresci, evolui, profissionalmente e pessoalmente, mas sempre ligado ao sentimento de gratidão pela caminhada, pelas pessoas encontradas no caminho e por esta cidade que me criou.

Atualmente você é Coaching, fale um pouco desta sua fase na vida.

Ao longo dos anos com a carreira de atleta profissional, depois como técnico de voleibol, além de anos de trabalho com educação escolar e com a saúde e bem-estar no personal training, fui despertando e aprendendo que a alta performance profissional, independentemente da área de trabalho, está muito relacionada com o fortalecimento e empoderamento mental, físico, emocional e social das pessoas. Por isto, comecei a levar a sério estes sentimentos e desenvolvi a minha tese de mestrado, na Universidade do Porto, reconhecida pela USP, na dimensão da psicologia do esporte. Estudei o sucesso de treinadores profissionais. A partir daí, venho completando a minha formação acadêmica com várias formações internacionais nas áreas do coaching, da programação neurolinguística e do empreendedorismo. Tudo isto para reforçar a minha experiência prática com o que há de mais recente nas áreas do comportamento humano.

Hoje, além de me dedicar diariamente ao atendimento de pessoas que buscam a melhoria da saúde e do bem-estar através de atividades físicas, desenvolvi uma mentoria que ajuda pessoas comuns, empreendedores e atletas de alta competição a se tornarem profissionais extraordinários e a conquistarem altas performances nas suas carreiras. Este método baseia-se na estruturação e organização mental de metas e de estratégias de planejamento físico e mental para novas e futuras conquistas pessoais e profissionais. O meu empenho se resume a construir novas necessidades e ajudar pessoas a conquistarem coisas e metas na suas vidas.

Qual o conselho você daria para quem está iniciando agora no esporte e sonha em um dia ser um atleta de alto rendimento?

Se eu puder contribuir com algo que já vivenciei, e que estudo nos dias atuais, será ótimo. É muito importante saber que, quem sonha em ser um atleta profissional, primeiramente, deve ser amigo de si próprio. O autoconhecimento deve ser uma meta na sua jornada e a clareza dos seus objetivos só acontece quando você consegue entender um pouco mais sobre você próprio. Nunca deixe que outras pessoas façam o caminho que deve ser percorrido por você, mas saber aceitar ajuda daqueles que querem o seu bem ou daqueles que sabem mais do que você é um ato de sabedoria.

O sonho se realiza com boas atitudes, boas escolhas e muito empenho. Nunca se revolte com as coisas que não darão certo. Exercite, aprenda com elas e trace novos planos. Lembre-se sempre de que a ação cura o medo.

Para quem pensa que ser um atleta profissional, basta sorte, está enganado. Não se esqueça que sorte é a junção da competência com a oportunidade. Uma sem a outra, não funciona. Há muitas condicionantes no meio do caminho, mas uma coisa é certa, se você aprender a exercitar e a controlar o seu talento de atleta, você vai conseguir. Encontre a sua real necessidade, ponha os pés no chão e trabalhe para que as conquistas apareçam. Só que tudo passa nesta vida, e não faz nenhum sentido você se dedicar a uma carreira de atleta profissional, sem se preocupar com o seu desenvolvimento intelectual. Cada vez mais, os atletas inteligentes e dedicados de corpo e alma, têm mais chances de se destacarem.

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