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Entrevista: Tati Romano, a rainha das panelas

31 de Maio de 2020 às 00:01
Manuel Garcia [email protected]
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Entrevista: Tati Romano, a rainha das panelas Tati Romano. Crédito da foto: Divulgação / Bruna Russo

A psicóloga Tati Romano, em 2009, começou a dar uma viravolta em sua vida: criou um blog em que postava fotos e receitas culinárias que preparava para os seus amigos e familiares. Mais de uma década se passou e ela se transformou eu uma das mais reconhecidas e prestigiadas influenciadoras digitais do ramo da gastronomia.

Aos 40 anos, é uma das chamadas celebridades da internet. Mantém um exército digital de seguidores em sua página Panelaterapia. Conheça, na coluna Presença de hoje, a história dessa sorocabana de coração, que conquistou o mundo com o sabor de suas receitas.

Presença - Você nasceu em Presidente Prudente, como foi a sua infância?

Tati Romano - Eu sou filha única. Meu pai é professor de física e minha mãe já teve vários negócios próprios, mas hoje não trabalha. Tive uma infância típica de cidade do interior. Meus pais acampavam todos os finais de semana e minha avó tinha chácara, então desde os 2 anos sempre estive em contato com natureza.

P - Qual sua lembrança mais marcante na cozinha?

T.R. - Tenho várias, mas acho que a mais antiga é o macarrão “cabelo de anjo” com carne moída, que segundo minha mãe, nas piores fases da minha alimentação (sim eu fui uma criança que não gostava de comer) era o que eu pedia.

P - Você é psicóloga, sempre quis seguir essa carreira?

T.R. - Eu entrei na faculdade muito nova, não sabia bem o que queria da vida. Gostei do curso, mas não me via atuando na área clínica. Quando fui para o mercado de trabalho, já com pós-graduação em Recursos Humanos, após 6 anos trabalhando na área comecei a sentir falta de desafios, espaço para crescer, de autonomia.

P - Você criou seu blog em 2009, o “Panelaterapia”, no começo qual era a sua intenção?

T.R. - Minha intenção era apenas ter um registro das receitas que, na maioria da vezes, eu inventava com o que precisava ser usado na geladeira. Queria me lembrar depois de como fiz aquele determinado prato ou passar a receita para algum amigo que pedia.

P - Quando você percebeu que o seu blog poderia virar um profissão?

T.R. - Foi depois de três anos da existência dele, quando marcas conhecidas nacionalmente e internacionalmente começaram a me procurar para anunciarem seus produtos no meu blog.

P - Você defende que a cozinha pode ser terapia para muitos, como psicóloga você acha que o fato de cozinhar pode ajudar em problemas emocionais?

T.R. - Eu acho que descobrir uma atividade que dê prazer é importante e com certeza essa atividade terá uma função terapêutica na sua vida. Pode ser a cozinha ou qualquer outra atividade que lhe seja prazerosa.

P - No Brasil existem grandes cozinheiras que fazem sucesso na televisão e internet, você tem algum ídolo na cozinha? Gostaria de fazer alguma receita com alguém?

T.R. - Eu tenho profunda admiração por muitas pessoas e já tive a oportunidade de estar com alguns deles. Com a Paola Carosella eu participei de uma publicidade e fiz um espaguete al limone para ela. Outro que eu adoro é o Claude Troigros, que apresenta o reality “Mestre da cozinha” na Globo. Já estive com ele algumas vezes, nunca cozinhei junto, mas fui convidada para divulgar a estreia do programa e fizemos uma brincadeira onde eu experimentei ser participante por um dia.

P - O seu blog abrange um público de diferentes faixas etárias, conta com mais de 600 mil seguidores no Instagram, mais de dois milhões e meio no Facebook e 1,4 milhão no Youtube. Do blog, surgiram livros e vários convites de marcas e programas de TV. Você imaginava este sucesso tão grande?

T.R. - Não imaginava e não foi planejado, o que me faz acreditar que na vida a gente apenas “pensa” que tem controle de algo, mas na verdade cada dia é uma surpresa!

P - Sua cozinha estúdio é linda, fica dentro do Boulevard Vila que é o único empreendimento 100% filantrópico da cidade de Sorocaba, como foi o processo de escolha do local?

T.R. - Eu pretendia além de usar o espaço para gravar os vídeos, ter um local para estar mais perto das pessoas, porque minha vida é muito on-line, eu queria que as pessoas comessem minha comida, sentissem cheiro, então a ideia era também dar cursos e reunir pessoas. Eu buscava um local com estacionamento fácil e seguro. Pensei em prédios comerciais, mas estes prédios possuem muitos serviços de saúde e não comporta uma estrutura de cozinha. Foi então que eu soube do Boulevard. Eu nunca tinha entrado lá, apenas passado na frente. Quando conheci e soube que era um empreendimento beneficente, com renda dos aluguéis para a Vila dos Velhinhos, não tive dúvidas que estava no local certo.

P - Como está sendo conciliar sua carreira de digital influenciar e a maternidade?

T.R. - Eu fui mãe bem tardiamente, engravidei com 38 anos e sem ter feitos planos. Foi uma surpresa que mudou muito minha rotina. Em todos os aspectos essa mudança foi positiva, mas profissionalmente levou um tempo para conseguirmos nos reorganizar, mas felizmente agora estamos adaptados.

P - Você acha que os chefes de cozinha ainda são muitos glamourizados?

T.R. - Eu acho que cozinhar é uma forma de arte e temos muitos “artistas” da cozinha no Brasil e no mundo. Como em toda profissão existe muito ego envolvido. Eu valorizo e respeito os chefs, mas também valorizo as merendeiras, as cozinheiras caseiras, as domésticas que há anos alimentam famílias com ingredientes que elas nunca tiveram acesso nas suas casas, todos merecem respeito e valorização.

P - Como está sendo a sua quarentena?

T.R. - Eu já trabalhava em casa então a adaptação está sendo mais fácil. Tenho consciência do privilégio que tenho em ficar em casa e da minha profissão ter sido menos afetada do que tantas outras, por isso acho que é meu dever agora fazer o que posso para ajudar aos que não tem os mesmos privilégios que eu.

P - Qual sua receita de felicidade?

T.R. - Compartilhar tudo que posso. Seja conhecimento, bens materiais, enfim, tudo que você divide, você multiplica!

P - Qual seus projetos futuros?

T.R. - Olha, eu já realizei tanto na minha área de atuação que talvez só me reste fazer TV. Já tive dois convites, mas o momento não permitia, porque exige muita dedicação e muitas horas de trabalho, eu ainda tenho uma filha pequena, mas quem sabe no futuro?

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