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Editorial: Vento favorável

09 de Agosto de 2018 às 13:21

Até o final deste mês, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Ministério das Minas e Energia, receberá consulta para revisão do orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) de 2018. A proposta é de aumento do fundo em R$ 1,446 bilhão, totalizando este ano a considerável quantia de R$ 19,625 bilhões. A CDE é usada para uma série de atividades do setor elétrico, mas principalmente para custear políticas públicas do setor elétrico, como os subsídios à conta de luz das famílias de baixa renda; programas como o Luz Para Todos; pagamento de indenizações para empresas e, principalmente, a compra de parte do combustível usado pelas usinas termelétricas.

É claro que esse aumento de despesa da CDE será paga pelos consumidores, diluída nas contas de energia elétrica do restante do ano. Um dos fatores que mais pesaram para a revisão do orçamento e que irão impactar nas contas de energia foram os combustíveis fósseis usados para produzir energia em alguns Estados durante alguns períodos do ano. Além de serem fonte de poluição, as termelétricas acrescentam um gasto novo nas contas de energia. Foram instaladas a partir do "Apagão" no início deste século para suprir a demanda de energia diante da limitação das hidrelétricas em operação.

De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a geração térmica cresceu 6,5% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, devido ao aumento da operação de usinas movidas a carvão mineral e biomassa.

Mas se de um lado temos esse aumento de custo da energia elétrica, há também notícias animadoras nesse setor, que nos fazem prever um futuro próximo com mais energia geradas em fontes não poluentes. De acordo com dados preliminares divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a geração de energia eólica aumentou no Brasil 24,1% no mês de julho, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo o Operador Nacional do Sistema, a energia produzida pelo vento já é responsável por 10% da energia elétrica gerada no País. Na região Nordeste, onde existem vários parques eólicos, a participação é maior. Para dar sustentação a essa expansão, o BNDES informou recentemente que abriu linha de crédito no valor de US$ 1 bilhão para investimentos nesse setor.

A partir do próximo ano, a geração de energia eólica será a segunda fonte energética do Brasil, atrás apenas da eletricidade gerada pelas hidrelétricas. Hoje já respondem por 8,5% da potência instalada no Brasil e a tendência é de crescimento. E Sorocaba tem muito a ganhar com o aumento da produção de energia eólica. A cidade conta há vários anos com empresas que fabricam equipamentos e componentes para os aerogeradores e que se beneficiam diretamente dessa expansão. As empresas instaladas na cidade suprem o mercado interno e exportam parte da produção. Também está instalada no município a filial de uma das maiores produtoras mundiais de placas fotovoltaicas, equipamento chave da energia solar.

Essa vocação da cidade para produzir componentes para a produção de energia limpa incentivou a criação do primeiro Arranjo Produtivo Local (APL) de energias renováveis do País. A nova entidade deverá ser oficializada em breve e a ideia é reunir a capacidade das empresas aqui instaladas com o conhecimento produzido pelas universidades locais, com financiamentos voltados exclusivamente para o setor.

Essa troca de conhecimentos entre a academia e as indústrias deverá criar uma dinâmica de atração de novas empresas especializadas, que poderão se juntar ao atual parque industrial especializado. Energia eólica e solar são energias limpas, renováveis e sua utilização deverá crescer significativamente nos próximos anos. Sorocaba pode e deve aproveitar a oportunidade de se engajar na pesquisa dessas tecnologias.