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Vandalismo criminoso

21 de Janeiro de 2020 às 00:01

Na tarde do último domingo um grupo de pessoas interrompeu o trânsito da rua José Martinez Peres, no Parque Vitória Régia, colocando fogo em pneus. Na sequência, eles incendiaram um ônibus do transporte coletivo que atende o bairro e roubaram dois caminhões que igualmente foram queimados, um caminhão do Saae que estava naquela área para obras de manutenção e um segundo caminhão de uma empresa terceirizada que presta serviços para a autarquia. No início da noite, mais um ônibus foi queimado por um grupo de pessoas.

A origem desse suposto protesto seria a morte de um rapaz de 18 anos cujo corpo foi encontrado no domingo boiando nas águas do rio Sorocaba. Esse jovem, segundo foi divulgado no bairro, teria sido abordado por uma equipe da Guarda Civil Municipal na sexta-feira e desde então não foi mais visto.

A Secretaria de Segurança e Defesa Civil da Prefeitura colheu um depoimento informal com as equipes da GCM que atuaram sexta-feira naquela área e informa que uma guarnição localizou um grupo de jovens reunidos em um local de mata normalmente utilizado para o tráfico de drogas. Ao perceberem a aproximação dos guardas, todos teriam corrido para um matagal.

Não teria ocorrido nenhum contato físico entre os guardas e os suspeitos, nem sabiam que um dos rapazes do grupo era o mesmo cujo corpo foi encontrado dois dias depois no rio.

Não se sabe ainda quem insuflou alguns moradores a iniciar os atos de protesto, nem se foram moradores que participaram dos atos. O fato é que além de queimarem pneus no início da tarde de domingo, interrompendo o trânsito em uma via importante, destruíram dois ônibus que atendem a comunidade e dois caminhões, um de empresa prestadora de serviços ao município e outro de propriedade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto, um patrimônio público, portanto.

Alguns veículos que passaram pelo bairro foram apedrejados, inclusive a viatura de uma emissora de TV que foi até lá com uma equipa de reportagem. As manifestações, sejam elas da população ou de grupos organizados, precisaram ser contidas pela Polícia Militar que deslocou várias viaturas para o bairro, além do Corpo de Bombeiros, chamado para tentar apagar o fogo nos veículos.

Desde domingo, ônibus e caminhões de coleta de lixo estão sendo escoltados pela polícia no bairro. Os atos de incivilidade também provocaram uma reunião de emergência do secretariado municipal, convocado pela prefeita Jaqueline Coutinho (sem partido). Sabe-se que a Secretaria de Segurança e Defesa Civil fará uma sindicância interna e colherá oficialmente o depoimento dos guardas civis que participaram da abordagem do grupo de jovens na última sexta-feira.

As investigações sobre esse fato e o desaparecimento do jovem será responsabilidade da Polícia Civil. A principal dúvida a ser esclarecida é se há ligação entre a suposta abordagem do grupo e a morte do rapaz. Não se sabe ainda se ele morreu afogado ou se seu corpo foi parar já sem vida nas águas do rio, outro ponto importante a ser esclarecido.

Também precisa ser esclarecido o que o grupo de jovens fazia no matagal e se tem alguma relação com o tráfico.

Embora nada justifique os atos de barbarismo registrados no Parque Vitória Régia, o caso precisa ser esclarecido o quanto antes, para que atos de vandalismo não se repitam.

O policiamento em toda a região foi reforçado e a prefeita informa que oficiou a Polícia Militar e a Polícia Civil solicitando apoio para manter a ordem na cidade e não descartou um contato com a Secretaria de Segurança Pública para eventual presença da Rota em Sorocaba, caso seja necessário. A GCM também continua fazendo rondas na região.

É preciso esclarecer os fatos com todo rigor, mas nada justifica os atos de barbárie registrados no bairro onde caminhões que prestam serviços à comunidade e dois ônibus do transporte coletivo foram destruídos. Foram atos criminosos encobertos por uma manifestação de protesto, como lembrou a prefeita.

Alguns suspeitos já foram identificados e alguns detidos pela polícia para esclarecimentos. Os responsáveis por esses atos também precisam ser investigados e autuados pelos crimes que cometeram: roubo, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha. Sorocaba não aceita nem compactua com nenhum tipo de ação criminosa.