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Vacinas e medicamentos

18 de Junho de 2020 às 00:01

Desde os primeiros dias deste ano, quando o novo coronavírus foi identificado em uma longínqua, porém populosa região da China, cientistas e pesquisadores de todo o mundo se debruçaram sobre o vírus. Tudo até então era um mistério. Ainda não se sabia como havia surgido, como contaminava os seres humanos, mas de uma coisa os especialistas tinham certeza, era perigosíssimo e com enorme potencial para se espalhar por todo o mundo, o que não demorou para acontecer, apesar das medidas sanitárias tomadas naquele país.

Menos de um mês depois, vários países já contavam com casos da nova doença que ganhou o nome de Covid-19. A velocidade com que o vírus se espalhou foi surpreendente, assim como foi a resposta dos pesquisadores na busca de informações sobre a nova doença que em pouco tempo receberia da Organização Mundial de Saúde a classificação de pandemia, ou seja, uma epidemia que se espalhou por todos os continentes e com alto poder de contaminação.

Pesquisadores brasileiros se destacaram nas pesquisas, desde os primeiros momentos da pandemia. Somente dois dias após o primeiro caso de coronavírus ser identificado na América Latina -- um doente internado em hospital de São Paulo -- e muito antes das mortes em grande quantidade, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e das universidades de São Paulo (USP) e Oxford, do Reino Unido, publicaram a sequência completa do genoma viral, que recebeu o nome de SARS-Cov-2. Era o começo de um trabalho que arregimentou pesquisadores nos maiores centros de pesquisa do mundo, uma verdadeira corrida contra o tempo que ainda não terminou, com a pandemia atingindo quase 8 milhões de pessoas e que já causou a morte de quase 500 mil pessoas, perto de 50 mil no Brasil.

É consenso que as relações sociais, de trabalho, as relações interpessoais em geral, só voltarão ao que eram antes após a descoberta de uma vacina devidamente testada e medicamentos que possam ajudar aqueles que foram contaminados pelo vírus. Ainda não temos nem uma coisa nem outra, apesar dos avanços inimagináveis conseguidos nas últimas semanas. Pesquisadores afirmam que nunca se trabalhou tão rápido em busca de vacinas como agora. Um trabalho que demorava dez anos no passado, agora pode ser concluído em menos de dois. Pelo que já se descobriu, esse tempo pode cair ainda mais, o que traz muita esperança para a população de vários países.

Há em todo o mundo, segundo a OMS, ao menos 130 estudos de vacinas contra a Covid-19 em andamento, mas apenas dez estão em fases adiantadas, o que inclui duas vacinas que serão testadas também por voluntários brasileiros. Uma das mais conhecidas está sendo desenvolvida pela empresa norte-americana Moderna Therapeutics, especializada em biotecnologia. Outra empresa dos EUA, a Inovio, se baseia em uma nova estratégia de pesquisa. As duas empresas usam tecnologias que envolvem a modificação de material genético. A China está desenvolvendo, ao mesmo tempo, três diferentes vacinas já com testes em humanos. No Brasil, há iniciativas do Instituto Butantan junto com a Fiocruz e USP para criar uma vacina nacional, mas ambas estão em estágio inicial.

Uma das vacinas, que faz parte do acordo do governo paulista com um laboratório chinês, tem parceria também com o Instituto Butantan, mas há ainda uma série de fatores a serem considerados antes de sua eventual produção em São Paulo. O contrato ainda está sob sigilo, uma situação comum nessa área. O maior benefício seria a transferência de tecnologia para produção nacional em larga escala. E o acordo prevê que, ao final da pesquisa, o Instituto Butantan ficará responsável pela sua produção no Brasil.

Há avanço significativo também na busca de medicamentos para pessoas com Covid-19. Depois da polêmica envolvendo cloroquina, várias alternativas têm sido estudadas pelos cientistas. A mais recente e promissora é desenvolvida por pesquisadores britânicos que dizem ter comprovado uma droga eficaz para reduzir a mortalidade da doença. Os resultados iniciais já foram divulgados pela Universidade de Oxford e utiliza um corticoide bastante popular e que é usado contra artrite e asma desde 1960. Usado em mais de 6 mil pacientes, o medicamento mostrou-se capaz de reduzir a mortalidade dos pacientes mais graves.

Como se vê, a corrida para a criação de vacinas e a busca por medicamentos eficazes, mesmo entre os já existentes e destinados ao combate de outras doenças, acendem um sinal de esperança, em um momento especialmente delicado para o Brasil que assiste à escalada dos números de contaminados e mortos.