Buscar no Cruzeiro

Buscar

Um pouco mais de paciência

01 de Maio de 2020 às 00:01

Uma decisão judicial divulgada na última quarta-feira suspendeu algumas medidas adotadas pela Prefeitura de Sorocaba que de certa forma flexibilizavam as regras de isolamento social adotadas pelo governo do Estado de São Paulo.

Além de Sorocaba, Ribeirão Preto e Campinas também ensaiavam uma reabertura de alguns setores do comércio e serviços quando foram barradas pela determinação da Justiça que entendeu que essas medidas eram conflitantes com o decreto de quarentena do governo estadual.

As cidades do interior paulista haviam incluído entre os serviços considerados essenciais o funcionamento de salões de beleza, barbearia e escritórios de advocacia e contabilidade.

Em Sorocaba foi autorizada a abertura de lojas de tecidos para que as pessoas pudessem comprar material para confeccionar máscaras. Na ação do MP a promotora encarregada do caso alegou que o município definiu normas para a abertura de alguns setores (salões, lojas de armarinhos e escritórios, sem especificar como seria a feita a fiscalização da regra).

A Prefeitura de Sorocaba informou num primeiro momento que acataria a determinação, mas em seguida divulgou nota afirmando que vai recorrer da decisão judicial que acatou o pedido do Ministério Público sobre a permissão de reabertura de alguns setores comerciais e de serviços.

A quarentena prolongada está criando inúmeros problemas. Há grande ameaça de desemprego em massa, pequenos comerciantes não sabem como pagar seus compromissos, além de todos os reflexos que o fechamento temporário de indústrias, comércio e serviços provoca.

Há alguns setores, como o caso dos escritórios de advocacia e de contabilidade, que precisariam de algumas regras para atendimento público, uma vez que oferecem serviço essencial aos seus clientes. São muitas leis, decretos e normas que atingem sobretudo comerciantes e prestadores de serviço que se sentem desamparados e sem orientação contábil ou jurídica.

Outros setores também precisariam ser bem analisados para poder voltar a funcionar e há necessidade de serem estabelecidas normas rígidas para não anular o esforço de distanciamento social das últimas semanas.

A contaminação pelo coronavírus é muito rápida e não dá para facilitar. O exemplo trágico dos últimos dias vem de Blumenau onde a prefeitura local autorizou a reabertura parcial do comércio no dia 13 de abril e dez dias depois, liberou a abertura dos shoppings, onde houve grande concentração de pessoas.

O resultado foi que os números de infectados na cidade se multiplicaram. Em 13 de abril a cidade tinha 68 casos de Covid-19, no dia 22 pulou para 98 e uma semana após a reabertura dos shoppings o número subiu para 194. Na última quarta-feira Sorocaba contava com 142 casos confirmados de Covid-19, com 14 pessoas internadas e 107 já recuperados.

Foram registrados oficialmente 21 óbitos em virtude da doença, segundo a Secretaria da Saúde. Tínhamos também 109 pessoas que fizeram o teste e aguardam resultado. Na Região Metropolitana de Sorocaba os números também são altos: 350 casos confirmados e 34 mortes.

Onze municípios da RMS registraram pelo menos uma morte pela doença. E o isolamento social na cidade nunca esteve tão baixo. Na última terça-feira ele atingiu 45% e nunca, em todo o período, chegou perto do isolamento ideal divulgado pelo governo do Estado, de 70%.

O Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi-SP) que mede esse índice registra melhoras expressivas em Sorocaba nos domingos e feriados, mas não o suficiente para atingir a meta.

O dia do Trabalhador celebrado hoje, 1º de maio, uma sexta-feira cria um feriado prolongado. Temos, dessa maneira, somente cinco dias úteis pela frente até o fim da quarentena estabelecida pelo governo estadual, no dia 10 de maio.

Não se sabe se o isolamento será prolongado, mas há forte pressão para a liberação gradual de alguns setores em todo o Estado.

Talvez o ideal seria que as prefeituras que estão recorrendo à Justiça para reabrir alguns setores trabalhassem para fortalecer o isolamento nesse curto período que resta e acompanhar o governo estadual no processo de liberação progressiva.

Dar oportunidade para que a situação registrada em Blumenau se repita no município, mesmo que em menor escala, seria uma irresponsabilidade imperdoável.