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Um pouco de esperança

15 de Agosto de 2019 às 00:01

A cena urbana aconteceu em uma avenida importante da zona sul de Sorocaba, mas poderia ter sido em qualquer outra via da cidade: um furgão de empresa prestadora de serviços para no semáforo e o ajudante, sentado no banco do carona, abre a porta e joga no meio da pista uma embalagem de alumínio ainda com restos de alimentos. Ato contínuo, ele recebe uma sonora vaia de crianças que ocupavam uma perua escolar parada ao lado. O fato pode ter várias leituras, mas a mais evidente é que está surgindo uma geração, no caso representado pelas crianças, com mais informação e mais preocupada com a questão do meio ambiente e a limpeza das cidades.

Reportagem publicada por um jornal paulistano revela que a quantidade de lixo varrido nas ruas de São Paulo caiu praticamente pela metade (45,3%) em sete anos. Em 2012 foram coletadas 49.549 toneladas e, neste ano, 27.114 t. No mesmo período, a coleta de lixo domiciliar se manteve praticamente a mesma. A queda da quantidade do lixo varrido nas ruas tem sido contínua, o que demonstra que os hábitos dos paulistanos têm mudado e, ao que tudo indica, as pessoas estão mais conscientes da preservação ambiental, segundo a opinião de especialistas. Um professor de gestão ambiental da Universidade Mackenzie ouvido pela reportagem lembrou que as pessoas têm ouvido mais, por exemplo, que jogar lixo no chão entope bueiro. Colabora também para a diminuição do lixo nas ruas o aumento do número de lixeiras na capital paulista e sua troca constante, quando avariadas.

É cada vez mais comum encontrar pessoas que mantêm lixinhos dentro do carro ou sacos plásticos na bolsa ou mochilas para ter onde colocar papéis e embalagens quando não encontram recipientes de lixo nas ruas. E há quem veja na atitude mais civilizada dessas pessoas um reflexo do que é ensinado nas escolas desde as primeiras séries sobre questões ambientais, ou seja, a tendência é diminuir o lixo ao longo dos anos por conta da nova geração de jovens mais conscientes sobre os problemas ambientais.

Não há como saber se em Sorocaba o mesmo fenômeno está acontecendo, pois não existem números disponíveis sobre a quantidade de lixo recolhido das ruas. Mas segundo pesquisa realizada pelo Indicadores de Satisfação dos Serviços Públicos (Indsat) divulgada no mês de abril, a cidade foi vice-líder no ranking de melhor Limpeza Pública entre as dez maiores cidades do Estado de São Paulo. Sorocaba, segundo esse trabalho, teria subido quatro colocações em comparação com o levantamento anterior. De acordo com a Secretaria de Saneamento (Sesan), colaborou para essa evolução a utilização da varrição mecanizada, que garante maior produtividade e limpeza em vias extensas, que é capaz de varrer até 650 km mensalmente e auxilia o trabalho dos varredores que, em dupla, varrem em média 100 km no mesmo período. Só no primeiro trimestre deste ano foram varridos 3.800 km de vias. Há ainda em andamento uma pesquisa para localizar pontos onde precisam ser instalados mais contêineres. Hoje são 11 mil desses recipientes espalhados pela cidade e o objetivo é atingir a cobertura de 100% da cidade até o final do ano. Sorocaba enfrentou durante alguns anos, principalmente na gestão passada, um sério problema com a questão do lixo. O rompimento de contrato fez com que a empresa que operava no município retirasse, de um dia para outro, milhares de contêineres que estavam espalhados pelos bairros e região central, causando um sério problema para a cidade.

Qualquer observador percebe que, apesar da queda do volume de lixo retirado das ruas de São Paulo e a expansão da varrição em Sorocaba não solucionaram totalmente a questão da limpeza das duas cidades. Sorocaba tem muitos locais onde a limpeza ainda precisa ser melhorada. A quantidade de embalagens plásticas e garrafas pet que precisam ser retiradas do rio Tietê após chuvas fortes na cidade de Salto também revelam que há muito que evoluir, pois aquelas embalagens não chegam até os córregos e depois ao rio sem que tenham sido descartadas de maneira incorreta nas ruas. Mas há indicadores positivos de que as coisas podem melhorar e o caminho mais seguro é a educação das novas gerações para respeitar o meio ambiente.