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Toda a atenção com a tuberculose

25 de Março de 2021 às 00:01

Além da lembrança pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8, o mês de março também deve ser marcado por outro nobre motivo: a reflexão sobre uma doença que ainda afeta bastante os brasileiros: a tuberculose.

Causada por uma bactéria que afeta com mais frequência os pulmões, mas pode infectar qualquer órgão ou sistema do corpo, ela é transmitida pelo ar. Os sintomas da tuberculose ativa são tosse persistente, por três semanas ou mais, febre baixa, sudorese, geralmente à noite, emagrecimento e cansaço. Em tempos de pandemia de Covid, é necessário redobrar a atenção.

O Brasil registrou, em 2020, 66.819 casos novos de tuberculose, o que representa um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Pelo viés positivo, o total mostra uma queda em relação a 2019, quando a incidência atingiu 37,4 casos por 100 mil habitantes.

Porém, infelizmente, o Brasil segue na lista dos 30 países com alta carga para a tuberculose, sendo considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como prioritário para o controle da doença no mundo. Para piorar, não se sabe se a redução no País é real ou não, já que devido às medidas sanitárias de isolamento social, os pacientes com tuberculose buscaram menos as unidades de saúde, com receio de contaminação pelo coronavírus.

Os números foram divulgados ontem (24), no Dia Mundial de Combate à Tuberculose, pelo Ministério da Saúde. Os maiores coeficientes de incidência (acima de 51 casos por 100 mil habitantes) foram observados nos Estados do Rio de Janeiro, Amazonas e Acre.

A proporção de cura entre os casos novos de tuberculose pulmonar com confirmação por exame laboratorial no Brasil foi de 70,1%, em 2019. Os Estados do Amapá, Rondônia, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Espírito Santo apresentaram porcentuais de cura abaixo do nacional, enquanto o Acre apresentou o maior percentual de cura (89,2%).

De acordo com o Boletim Epidemiológico especial, pessoas da raça ou cor preta ou parda apresentaram a maior prevalência no período 2011 a 2020, variando de 60,2% a 66,8% dos casos novos. No mesmo período, 46.130 casos (69%) ocorreram em pessoas do sexo masculino.

Entre as populações mais vulneráveis ao adoecimento, observou-se aumento na ocorrência no período de 2015 a 2020, com a variação de casos subindo de 5.860 para 8.978, na população presa; de 837 a 1.043, nos profissionais de saúde; de 335 a 542, em imigrantes; e de 1.689 a 2.071, na população em situação de rua.

Em 2020, houve queda de 16% na notificação de casos novos de tuberculose em comparação com 2019. Também houve diminuição de 14% no consumo de cartuchos de teste rápido molecular. Na comparação de maio do ano passado com maio de 2019, a diminuição no consumo de cartuchos atingiu 44%.

O Ministério da Saúde advertiu que o boletim foi elaborado em um contexto atípico, marcado pela pandemia, e que, portanto, serve como uma prévia do comportamento da tuberculose diante da Covid, a fim de nortear ações estratégicas e do monitoramento da doença no País.

Com o objetivo de mobilizar a população e orientar sobre sintomas e tratamento, o Ministério da Saúde também lançou ontem (24) a Semana de Mobilização e Luta contra a Tuberculose.

O ministério divulgou ainda a campanha institucional de comunicação Não Fique na Dúvida, Fique Livre da Tuberculose, que alerta para a importância do diagnóstico precoce e tratamento, esclarecendo que tosse por três semanas ou mais é um dos sinais importantes da doença.

De acordo com o ministério, cinco novas tecnologias para o diagnóstico e tratamento da tuberculose foram incorporadas ou estão em processo de aquisição pelo SUS. O objetivo é promover um diagnóstico mais rápido e ampliar os esquemas terapêuticos.

Para o diagnóstico, houve aumento do acesso aos testes, de forma padronizada. Em relação ao tratamento, dois medicamentos também foram incorporados para atendimento dos casos em que os pacientes apresentam resistência ou intolerância ao atual.

Com essa incorporação, o Brasil atualiza os esquemas terapêuticos para tuberculose drogarresistente (TBDR), seguindo recomendações vigentes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Portanto, além do Covid, é preciso ficar atento com a tuberculose. A pandemia não encerra os cuidados médicos com outras doenças.