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Subterrâneos da cidade

21 de Maio de 2019 às 00:01

Crédito da foto: Fábio Rogério (17/05/19)

Algumas avenidas de Sorocaba têm recebido intervenções para a implantação do sistema BRT, o chamado ônibus rápido, que deverá circular em alguns corredores no próximo ano. As obras inicialmente se concentraram no corredor da avenida Itavuvu, uma vez que a ligação da região central com a zona norte é prioridade, tanto por facilidade de implantação, como pelo potencial número de futuros usuários. Os moradores daquela região já tiveram problemas de fechamento do canteiro central, interrupção total e parcial de vias, mudanças de abrigos de ônibus, postes de iluminação pública, entre outros contratempos comuns quando está em curso um projeto dessa envergadura. Nos últimos dias, entretanto, duas pequenas intervenções para a implantação do sistema pela Concessionária BRT causaram transtornos em duas regiões diferentes na cidade. Na tarde da última sexta-feira, quando faziam uma escavação, funcionários da empresa contratada acertaram um anel de distribuição de água que passa sob a avenida Itavuvu. O vazamento foi grande e chegou até a porta dos estabelecimentos comerciais daquele trecho da avenida. Outro incidente ocorreu um dia antes no início da avenida Washington Luiz. A implantação de um simples totem de sinalização de ponto de ônibus do novo sistema causou a perfuração de uma tubulação de água. Esse vazamento, de menor gravidade, foi contido rapidamente por uma equipe do Saae. A Prefeitura de Sorocaba informou que o incidente ocorreu porque a rede de água perfurada não estava catalogada, ou seja, por falta de informação, os operários fizeram um buraco sem saber que sob aquela calçada passa uma rede de distribuição de água.

Acidentes como esse e até mais graves, uma vez que temos dutos de gás natural sob as calçadas de muitos bairros da cidade, podem ocorrer, pois não há um mapa dos subterrâneos da cidade detalhando redes de água, esgoto, cabeamento de internet, cabos de eletricidade, gás e outros, compartilhados entre aqueles órgãos e empresas que realizam esse tipo de instalação. A empresa responsável pela instalação de dutos de gás colocou sinalizadores nas calçadas mostrando seu traçado, mas os sinalizadores de plástico desapareceram em muitas ruas. Já ocorreu de máquinas atingirem esses dutos durante escavações, felizmente sem maiores problemas além da interrupção por algumas horas no fornecimento do combustível. Consequência mais trágica teve o rompimento de uma tubulação de gás em Jundiaí em outubro do ano passado. A explosão destruiu um imóvel e danificou outros dois. Duas pessoas receberam ferimentos graves. O acidente aconteceu quando uma operadora de fibra ótica cavava o local. Há alguns anos, em Sorocaba, parte do bairro Alto da Boa Vista ficou sem sinal de internet por um período depois que uma retroescavadeira arrancou as fibras óticas subterrâneas que serviam parte do bairro.

Tempos atrás se descobriu que não havia cadastro nem mapeamento da rede de água e esgoto de um grande conjunto habitacional da cidade onde moram milhares de pessoas. A construtora simplesmente não entregou esse material ao poder público. O próprio Saae desconhece por onde passam redes de distribuição em bairros mais antigos e outras regiões da cidade, uma vez que antes de ser criada a autarquia, em dezembro de 1965, não havia essa prática de mapear com precisão as redes existentes ou implantadas.

O conflito de dutos e encanamentos nos subterrâneos da cidade tende a aumentar. Há uma lei de 2012, criada a partir de um projeto apresentado pelo então vereador José Crespo, que estabelece que todas as empresas concessionárias de energia elétrica, telefonia, TV a cabo e telecomunicações substituam os fios e cabos suspensos em postes por fiação subterrânea na região central. Hoje, vários empreendimentos imobiliários já são projetados utilizando o cabeamento subterrâneo, um sistema muito mais seguro e duradouro, segundo os especialistas da área. Tanto que entraram em vigor no início de março passado duas leis que obrigam concessionárias, empresas estatais e prestadoras de serviço a tornar subterrâneo o cabeamento de energia elétrica, TV a cabo, internet e outros serviços nas novas avenidas da cidade e em áreas protegidas pelo Patrimônio Histórico.

Com isso é urgente que as empresas, o Saae e outros serviços que usam o subsolo façam um mapeamento atualizado dos subterrâneos da cidade e troquem informações sobre as expansões das redes. Esse mapa virtual sempre atualizado e distribuído para esses prestadores de serviço poderão evitar acidentes sérios no futuro.