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Sob nova direção

23 de Dezembro de 2018 às 00:01

A Prefeitura de Sorocaba, por meio de sua empresa pública, a Urbes - Trânsito e Transportes vai administrar a rodoviária de Sorocaba a partir de janeiro. Segundo comunicado divulgado no último dia 19, a Urbes ficará responsável pelo gerenciamento, fiscalização e controle de tráfego do transporte intermunicipal, interestadual e internacional, enquanto a Sócia S.A, empresa que vinha administrando o local desde sua fundação, ficará responsável pela exploração comercial do local.

Nem o comunicado divulgado para a imprensa, nem o decreto 24.416/18 assinado pelo prefeito especificam com detalhes como a estação rodoviária vai funcionar dentro de alguns dias. O usuário de transporte intermunicipal e interestadual ao adquirir sua passagem na rodoviária paga uma representativa taxa de embarque que, teoricamente, deve ser utilizada para oferecer algum conforto ao passageiro, como alargar a área de partida do ônibus, sanitários etc. O decreto não especifica se essa taxa ficará com a Urbes ou continuará indo para o caixa da Sócia, que continuará explorando comercialmente a rodoviária até que ela venha a ser desativada, com a construção do futuro Terminal Intermodal que a atual administração pretende construir na rua Padre Madureira, no terreno que pertence à antiga metalúrgica Gerdau e já foi declarado de utilidade pública pela Prefeitura.

A atual estação rodoviária funciona há aproximadamente 20 anos sem qualquer contrato entre a Prefeitura e a empresa concessionária. A situação foi denunciada em março deste ano por uma reportagem do Cruzeiro do Sul. Após a denúncia, o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu uma investigação. O MP quer saber quanto o município deixou de arrecadar com essa situação. O primeiro contrato entre a Prefeitura e a empresa foi assinado em 1973, quando o empreendimento foi inaugurado, e a última prorrogação é datada de novembro de 1998, na gestão do ex-prefeito Renato Amary. O contrato inicial previa que a empresa Sócia construísse o prédio e, como contrapartida, teria direito a explorá-lo comercialmente por 12 anos, a partir de 1973. Esse contrato foi sendo prorrogado até ser perdido na burocracia municipal.

A construção de uma nova estação rodoviária, em local que não atrapalhe tanto o trânsito na região central e que seja integrado com outros tipos de transporte faz parte de nove entre dez candidatos a prefeito. Em toda campanha eleitoral praticamente todos os que se apresentam para administrar a cidade têm uma ideia diferente sobre a questão. Vários deles venceram o pleito, mas nem por isso a nova rodoviária foi construída. A atual rodoviária foi construída no início da década de 1970, quando o trânsito de Sorocaba era menos problemático e a frota circulante várias vezes menor. Hoje, os ônibus intermunicipais têm dificuldades em trafegar pela região, passar por ruas estreitas e tortuosas. A rodoviária em si tem dimensões modestas, oferece pouco conforto aos passageiros e as operações de embarque e desembarque são realizadas praticamente a céu aberto.

Vários ex-prefeitos de Sorocaba pensaram em criar uma nova rodoviária. Alguns pensaram em construí-la longe do Centro, junto à rodovia Celso Charuri. Outros pensaram em transferi-la para a rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho. Crespo já declarou de utilidade pública a área que deseja utilizar, próximo à avenida Dom Aguirre, ao lado dos trilhos da ferrovia e junto ao rio. A intenção do prefeito é integrar a rodoviária com a futura estação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que ele pretende implantar na cidade e até uma linha de trem metropolitano. Teoricamente é um projeto interessante a ser desenvolvido em uma área de grandes dimensões, mas também é bastante complexo. O VLT ainda é uma peça teórica. Resta saber se haverá tempo hábil para desenvolvê-lo e construir a nova rodoviária propriamente dita. No próximo dia 1, Crespo começa a metade final de seu governo.