Rodízio de abastecimento
Ainda estamos no inverno, mas o calor dos últimos dias pode ser uma prévia do que enfrentaremos nos próximos meses, durante a primavera e o verão.
A conjugação de altas temperaturas com um período de estiagem prolongado -- característico do inverno -- sempre é preocupante, uma vez que aumenta consideravelmente o consumo de água sem que chuvas regulares mantenham os reservatórios da cidade razoavelmente cheios.
Há pouco mais de uma semana, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) emitiu um alerta à população para que passasse a não desperdiçar água e que fizesse consumo consciente do líquido.
Serviu para acender a luz de alerta na autarquia o consumo verificado na cidade no feriado prolongado de 7 de setembro, quando ele cresceu 50%.
Apesar do alerta, o consumo continuou alto e a autarquia não teve alternativa senão programar um sistema de rodízio no abastecimento naquela região da cidade.
As represas que abastecem aquela região são as mais vulneráveis do sistema de armazenamento do Saae.
A represa do Ferraz, onde está a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Éden, e a da Castelinho, na realidade uma pequena represa de reforço para a primeira, estão praticamente vazias.
Já operavam com nível baixo devido à estiagem e basicamente não resistiram ao aumento inesperado do consumo.
Nesta quinta-feira (17), segundo informações do Saae, o nível das represas que abastecem aqueles bairros chegou a 15% de sua capacidade de armazenamento, sendo inevitável o início de um sistema de rodízio nos três grandes bairros da região, Aparecidinha, Éden e Cajuru, além da zona industrial, atingindo um total de aproximadamente 52 mil pessoas.
Antes de iniciar o processo, a autarquia fez um apelo para que as pessoas passassem a usar água de maneira racional e mantivessem cheios os reservatórios de suas casas.
O rodízio começou nesta quinta-feira. Os moradores terão 12 horas seguidas de abastecimento, com 12 horas de interrupção.
Éden, zona industrial e Aparecidinha recebem água durante o dia e o bairro do Cajuru, durante a noite. Para isso levou-se em consideração que o Éden é um bairro com comércio forte e Aparecidinha ter, em seu território, um Centro de Detenção Provisória, penitenciária e unidade da Fundação Casa.
Essa situação está se tornando comum em Sorocaba em períodos de estiagem prolongada, antecipado este ano pelo calor fora de época dos últimos dias, que elevou muito o consumo.
Para quebrar esse ciclo anual de rodízios e até racionamentos, que já ocorreram no passado, é fundamental a entrada em funcionamento da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) do Vitória Régia.
Essa unidade, a terceira ETA do município, ao contrário das já existentes, não usará água de represas, mas vai retirar o líquido diretamente do rio Sorocaba, uma situação possível depois do processo de despoluição concluído há alguns anos e que deu bons resultados.
A previsão era que a estação estivesse pronta no final do primeiro semestre deste ano. Segundo a construtora encarregada da obra, a pandemia do novo coronavírus teve impacto no ritmo da construção e ela só será concluída no final deste ano.
Com a sua conclusão, haverá um substancial reforço no abastecimento da cidade, atendendo diretamente muitos bairros da zona norte, a região que registra maior crescimento do município.
Informa o Saae que ao entrar em funcionamento a nova ETA, será concluída a interligação de redes de abastecimento das três estações da cidade, de tal sorte que mesmo que uma delas apresente problemas, as outras distribuirão o líquido para todas as regiões de Sorocaba.
Ao retirar água diretamente do rio Sorocaba, essa estação elimina a necessidade de quilômetros de adutoras. Para se ter uma ideia, a água para chegar à ETA do Cerrado, responsável por 70% do abastecimento da cidade, percorre mais de 14 quilômetros em tubos de aço, suscetíveis a acidentes, principalmente na região da Serra de São Francisco, onde são comuns deslizamentos durante o período de chuvas intensas.
Pelo que informa o Saae, as obras civis da nova unidade de tratamento e distribuição de água estão concluídas. Falta agora terminar a montagem dos equipamentos.
Colocar em funcionamento essa unidade é importantíssimo. Será vital para a cidade atravessar os meses de altas temperaturas que se aproximam, nem sempre com quantidade de chuva suficiente.