Buscar no Cruzeiro

Buscar

Reta final

05 de Outubro de 2018 às 10:15

A disputa pela Presidência da República nesta eleição atinge temperaturas tão altas que afeta a percepção do processo eleitoral como um todo. A disputa pelo Palácio do Planalto entre dois extremos do espectro político divide o País e é o foco do debate, da discussão e até do bate-boca generalizado nas redes sociais nestes últimos dias de campanha. Segundo a última pesquisa Datafolha, Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida com 35% das intenções de voto, seguido pelo petista Fernando Haddad, com 22%. Ciro Gomes (PDT, com 11%) e Geraldo Alckmin (PSDB, 8%), se distanciam no segundo pelotão. Os principais candidatos, apesar das pressões naturais da reta final das eleições, apenas oscilaram dentro da margem de erro, sem nenhuma mudança significativa. A grande dúvida, preocupação número um nas coordenações de campanha é se haverá ou não segundo turno.

A monopolização da disputa pela Presidência ocupa tanto espaço nas conversas, nas redes sociais e até no noticiário da imprensa tradicional que relegou ao segundo plano a escolha para outros cargos, igualmente importantes, no pleito deste domingo. Em todos os aspectos, a escolha dos futuros governadores, dos senadores e mesmo dos deputados foi ofuscada nesta eleição. Se no topo da pirâmide eleitoral há uma disputa ferrenha entre extremos, a esquerda populista de um lado e a direita de outro, no restante há mais equilíbrio. Se na escolha do futuro presidente impera a paixão, na escolha dos escalões inferiores prevalece o uso da razão para a escolha dos nomes que ocuparão cargos igualmente importantes.

As pesquisas mostram que os partidos dos dois principais candidatos, PSL e PT e coligados, por exemplo, não lideram as pesquisas de intenção do Ibope na maioria dos Estados. Partidos mais ao centro, como PSD, PSDB, MDB, DEM, PP, PROS e PHS lideram pesquisas de intenção de voto para os governos de 16 Estados. Ou seja, as pesquisas mostram que apesar da polarização entre esquerda e direita na disputa presidencial, possivelmente 21 dos 27 governadores devem sair de legendas que não apoiam diretamente nem um, nem outro candidato. Essa realidade leva a um raciocínio interessante manifestado por vários especialistas em política: a escolha de um grande número de governadores posicionados ao centro do espectro político poderá servir como um útil contrapeso para a política nacional a partir do ano que vem, qualquer que seja o resultado da eleição de domingo. Os governadores, dependendo de seu poder de articulação, poderão se transformar em um fator de moderação em um futuro próximo. Os partidos que mais têm candidatos em primeiro ou segundo lugar nas disputas estaduais são o PSDB (bem situado em oito unidades da federação), seguido pelo PT (com sete), PSB (sete) e MDB, (também com sete). DEM e PDT estão bem situados em cinco Estados cada um. No Estado de São Paulo, por exemplo, João Doria (PSDB) chegou a 24% nas últimas pesquisas, praticamente empatado com Paulo Skaf (MDB), com 21%, seguidos por Márcio França (PSB) com 14%. Luiz Marinho, do PT, amarga situação difícil e nunca chegou aos dois dígitos nas pesquisas.

Um exemplo de que a atuação dos futuros governadores será importante no próximo governo, um fator de estabilidade, diz respeito, à situação das contas públicas, que é dramática, e exigirá medidas de aperto. Eles estarão presentes na negociação e a provação de futuras reformas, como a tributária e da Previdência.

Tanto para a escolha do futuro presidente, como para governadores, senadores e deputados estaduais e federais, o importante é que o eleitor escolha políticos que não tenham envolvimento com corrupção, que seja um voto consciente. A dois dias da eleição, é importante pesar e avaliar as promessas de última hora dos candidatos. Muita gente se lembra do verdadeiro estelionato eleitoral cometido pela ex-presidente Dilma em 2014, quando disputava a reeleição. Além de acenar com uma série de benefícios aos trabalhadores, se comprometeu a não mexer em direitos trabalhistas. Encerrada a eleição que lhe assegurou novo mandato, aumentou a taxa básica de juros, maquiou contas públicas e encaminhou Medida Provisória com ajustes nas despesas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e da Previdência Social, afetando o seguro desemprego, pensão por morte e auxílio-doença. Tudo o que havia prometido não fazer.