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Referência de sucesso

25 de Dezembro de 2019 às 23:16

No dia 21 de dezembro do ano passado, um incêndio de grandes proporções destruiu o Museu da Língua Portuguesa, localizado em uma parte do edifício da Estação da Luz, um cartão-postal da capital paulista obra com estilo e materiais ingleses em 1867, marco da construção da malha ferroviária do Estado de São Paulo.

O incêndio ocorreu em uma segunda-feira e o fogo, pelo que foi apurado, começou por volta das 16h no primeiro andar e rapidamente alcançou os dois andares superiores e o telhado do edifício, que abriga o museu desde a sua inauguração, em 2006.

Um bombeiro que trabalhava no local morreu tentando combater as chamas, mas felizmente não havia visitantes, pois o museu permanecia fechado às segundas-feiras.

A presença de 120 bombeiros e 60 viaturas da corporação não deixou que o telhado levasse o fogo até a Estação da Luz, mas não impediu que o museu, elogiadíssimo pela tecnologia que utilizava, fosse totalmente destruído.

No último dia 16, o governo do Estado de São Paulo anunciou que as obras de restauro e de readequação do Museu da Língua Portuguesa estavam concluídas.

O museu dedicado à língua nacional está fechado desde o incêndio de dezembro de 2015 e a expectativa é de que seja reinaugurado no dia 25 de junho de 2020.

Com a conclusão da restauração e recuperação do prédio destruído pelas chamas, começa agora a parte mais complicada do trabalho, a montagem do acervo de um dos museus que já foi considerado um dos mais avançados tecnologicamente.

Um dos grandes atrativos do museu era a interação que proporcionava aos visitantes. A promessa é que ele será ainda mais interativo e acessível a jovens, crianças, adultos e pessoas com deficiência.

Com o uso de tecnologia, o acervo do Museu da Língua Portuguesa deverá oferecer experiências inéditas aos visitantes, como as seções de Sons das Línguas do Mundo, que vai destacar 20 das mais de 7 mil línguas faladas hoje; Falares, que traz os diferentes sotaques e expressões no Brasil; e Nós da Língua Portuguesa, que aborda sua presença no mundo, com a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A nova disposição do museu deverá manter as áreas de Palavras Cruzadas, que mostra as línguas que influenciaram o português falado no Brasil; e a Praça da Língua, um espetáculo imersivo de som e luz que homenageia o português escrito, falado e cantado.

Além do Museu da Língua Portuguesa, outros dois museus paulistas importantes, o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, um dos mais importantes do país pela qualidade de seu acervo, e o museu literário Casa das Rosas, instalado em um dos últimos palacetes construídos no início do século passado na avenida Paulista, também entram em reforma e deverão permanecer fechados pelos próximos anos.

O trabalho mais complexo será realizado no Museu Paulista, pertencente à Universidade de São Paulo e que terá um custo superior a R$ 139 milhões. Cerca de 450 mil itens de seu acervo foram retirados do edifício no primeiro semestre deste ano e transportados para imóveis adaptados para recebê-los.

Todas essas obras de restauração e reconstrução, que mostram apreço ao patrimônio histórico, artístico e cultural do País, estão sendo realizadas com o apoio da iniciativa privada.

O custo da reforma do Museu do Ipiranga é patrocinado via Lei de Incentivo à Cultura por bancos e grandes empresas, além de parcerias com a Fundação Banco do Brasil e da Caixa.

O mesmo ocorre com o Museu da Língua Portuguesa e da Casa das Rosas. Essas parcerias indicam um caminho que poderia ser trilhado pela Prefeitura de Sorocaba para a restauração e ampliação dos museus da cidade, além da restauração do patrimônio ameaçado, como o prédio da Estação Ferroviária.

O casarão que abriga o Museu Histórico Sorocabano, típica construção bandeirante, precisa urgente de restauração. Sua estrutura de taipa está visível em alguns pontos, o que mostra a deterioração do patrimônio.

Também perdemos recentemente o Museu de Arte Sacra, que ficou fechado à visitação durante muitos anos até ser extinto pela Arquidiocese de Sorocaba. Parcerias produtivas com empresas poderiam ser importantes em todos esses casos.

Poderíamos ver restaurado o casarão que abriga o museu, a recuperação de imóveis tombados e até manter em exposição permanente o valioso acervo do Museu de Arte Sacra.

O poder público municipal precisa desenvolver uma boa articulação para a prospecção de patrocínios, como vem ocorrendo com o governo do Estado.