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Recursos para o zoológico

07 de Dezembro de 2019 às 00:01

Foi apresentado na Câmara de Vereadores de Sorocaba um projeto de lei que pretende ajudar na arrecadação de recursos para a manutenção do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, talvez nossa principal atração turística e eleita em mais de uma ocasião o cartão-postal da cidade.

O nascimento de um novo animal ou a chegada por meio de permuta com outros zoológicos de um animal diferente atrai uma grande quantidade de visitantes.

O projeto que está sendo analisado pelos vereadores pretende criar o programa Adote um Recinto, que prevê a participação de entidades, empresas ou pessoas físicas na manutenção e reforma das instalações de recintos do zoo mediante contribuição financeira ao Fundo de Apoio ao Meio Ambiente (Fama).

Em contrapartida, o adotante terá direito, após a assinatura do termo de cooperação, de explorar a publicidade na placa de identificação dos recintos, sem retirar da Prefeitura a incumbência de administrar o parque e todo seu acervo.

Zoológicos, principalmente aqueles administrados por prefeituras, encontram sérios problemas de sobrevivência no Brasil e muitos já foram fechados.

As despesas para a manutenção de um zoológico são muito altas.

É preciso alimentar os animais, mantê-los em locais espaçosos e dignos, ter um corpo de biólogos, veterinários e técnicos para atender os animais, entre outras providências.

É por esse motivo que muitos municípios têm privatizado ou terceirizado seus zoológicos.

A cidade do Rio de Janeiro, que tem um dos zoos mais antigos do País, já privatizou o seu faz tempo e ele agora passa por reformas, inclusive conceituais.

O governador de São Paulo, João Doria, assim que assumiu o governo anunciou sua intenção de privatizar o zoológico e o Jardim Botânico, que funcionam na zona sul da capital paulista.

A proposta apresentada na Câmara de Sorocaba não tem relação com privatização ou terceirização desse cartão-postal da cidade, mas apenas de encontrar uma alternativa para obter recursos para sua manutenção.

Além de atrair milhares de visitantes, inclusive caravanas de estudantes da região, o zoo de Sorocaba, que completou 50 anos em 2018, conta com um corpo técnico de primeira linha, que desenvolve trabalhos científicos reconhecidos, realiza pesquisas e é frequentemente solicitado para dar apoio a ações da Polícia Ambiental quando esta apreende animais silvestres feridos ou doentes.

Com frequência realiza cirurgias em animais até de outros zoos, uma troca importante de conhecimentos.

Além do problema comum de terem altos custos de manutenção, os zoológicos passam por uma séria crise de identidade.

Eles existem há milhares de anos.

Havia zoos no Egito Antigo e na China e os romanos tinham como hábito levar para Roma -- e exibir como troféus -- animais selvagens capturados em outras regiões do planeta.

Era um hábito ligado à ostentação e ao poder e os animais eram mantidos vivos para entretenimento.

O primeiro zoológico que permitiu a visitação pública foi o de Viena, inaugurado em 1752, e seu foco ainda era o entretenimento.

Somente no século 19 é que os zoológicos começaram a se tornar centros de pesquisa, mas ainda durante muitos anos estiveram muito próximos dos circos no que se refere à apresentação de animais exóticos.

O primeiro zoológico brasileiro foi fundado provavelmente em 1882 como anexo ao Museu Paraense Emilio Goeldi, em Belém do Pará, e que se transformou em um centro de pesquisas e referência internacional.

Em resposta às pressões ambientais e mudanças culturais, houve uma profunda alteração nas estruturas dos zoológicos e também no seu conceito, voltado mais à conservação das espécies, embora ainda mantenham a exposição de animais como forma de entretenimento para arrecadar dinheiro com a bilheteria.

Mas na essência, os zoológicos da atualidade têm um novo perfil.

Têm necessariamente de apoiar a conservação das espécies ameaçadas de extinção; sensibilizar o público visitante para as questões relacionadas à conservação ambiental e realizar ou oferecer apoio a pesquisas científicas.

Uma grande parte dos zoológicos tem programas de educação ambiental e foco na reprodução de animais ameaçados em cativeiro para posterior reintrodução dos animais na natureza.

Essas atividades, que aproximam os zoos de centros de conservação, têm um custo elevado.

Reforçar o orçamento do Parque Quinzinho de Barros com patrocínios privados parece ser um caminho acertado para a manutenção dessa instituição sorocabana.