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Prejuízos na aprendizagem

13 de Novembro de 2020 às 00:01

A pandemia causada pelo novo coronavírus -- e que, infelizmente ainda está atuante, requerendo cuidados -- trouxe prejuízos para todas as atividades. Indústria, comércio, serviços, atividades informais, todos foram afetados em maior ou menor grau, que aos poucos, oito meses depois, começam a ser recuperados em ritmos diferentes, de acordo com cada tipo de atividade. Na área da educação, o estrago também foi grande e os maiores prejudicados são os estudantes tanto das escolas particulares como das redes públicas, estadual e municipal. É evidente que algumas escolas particulares e parte da rede pública reagiram com certa rapidez e criaram sistemas alternativos de transmissão de aulas e atividades escolares pela internet. Mas nem todas as escolas e muito menos os alunos estavam preparados para essa guinada tecnológica. Por mais equipadas que fossem, muitas escolas não estavam totalmente preparadas para trabalhar todo o tempo on-line, assim como seus professores e alunos. Mas na rede pública a situação foi mais complicada e continua com problemas. A rede estadual respondeu rapidamente às necessidades de isolamento social e criou programas de aulas pela internet. Ocorre que nem todas as escolas e professores estavam preparados para mudar radicalmente o modo de aprendizagem, como também os alunos tinham condições de acompanhar essa evolução. E nesse ponto, o nível social dos alunos cria uma série de barreiras. A rede pública dispõe desde alunos que sequer têm internet ou computadores em casa, até famílias de classe média com vários estudantes em casa que dispõem de apenas um computador ou um celular para a recepção das aulas.

Na rede municipal de Sorocaba ocorreram vários problemas. Durante o período da pandemia a Secretaria não conseguiu montar um sistema mais eficiente de aulas pela internet e trabalhou com Atividades Não Presenciais (ANPs) entregues aos alunos on-line ou de forma impressa, nas unidades escolares. Uma alternativa precária se comparada aos esquemas montados pelas escolas particulares ou mesmo pela rede estadual.

Seis meses longe das salas de aula, várias escolas da rede particular e estadual iniciam a retomada das aulas presenciais, sempre com cuidados sanitários, enquanto a rede municipal as aulas presenciais só ocorrerão no ano que vem.

Não há dúvida de que todo esse transtorno provocado pelo coronavírus trouxe prejuízo para a aprendizagem de nossos estudantes. Alguns, aqueles que se adaptaram logo e tiveram acesso a aulas bem elaboradas pela internet serão menos prejudicados, mas muitos estudantes estão sem aprender nada há oito meses, um problema que refletirá no desempenho escolar dos próximos anos e poderá até agravar a questão das desigualdades sociais.

Há uma preocupação correta entre os educadores que como consequência dos meses seguidos sem aula aumente a evasão escolar, principalmente entre estudantes mais pobres e que cursam as últimas séries do ensino fundamental e estudantes do ensino médio.

A Secretaria Estadual de Educação divulgou esta semana que não reprovará os alunos por desempenho este ano e todos serão matriculados no ano seguinte em regime de progressão continuada. Cada aluno, entretanto, terá de entregar um mínimo de atividades. Calcula-se que 15% dos alunos não entregaram nenhuma atividade no período. Por outro lado, a Secretaria está montando uma verdadeira operação de guerra para tentar contornar a questão da falha no aprendizado. Está contratando 10 mil professores para atividades de reforço escolar nas unidades da rede estadual de ensino, a partir de janeiro do ano que vem. Os professores da rede estadual que tiverem interesse em participar das aulas de reforço em janeiro, mediante pagamento extra, também podem participar. Existe ainda a previsão de formação de mais 140 mil profissionais de várias áreas para o programa de recuperação.

Difícil analisar se todo esse aparato vai funcionar a contento e cumprir a missão de minimizar os déficits na aprendizagem dos estudantes que podem ter ocorrido durante o período de suspensão das aulas, mas mostra vontade de acertar. Neste momento, em que temos oito candidatos e candidatas pleiteando o cargo de prefeito (a) de Sorocaba, seria importante que todos assumissem um compromisso de criar programas para tentar recuperar o tempo perdido pelos alunos durante este ano, como também trabalhar para evitar a evasão escolar. Seria o mínimo a ser feito na área da educação do município no início do próximo mandato.