Policlínica imóvel
A fila de espera de centenas de pessoas para exames especializados na Policlínica Municipal existe há vários anos. Para tentar desafogar essa fila e levar atendimento médico aos bairros, a Prefeitura de Sorocaba criou, em 2012, durante o governo Vitor Lippi, a Policlínica Móvel, uma carreta equipada que poderia atender nos bairros até duas mil pessoas por mês.
O equipamento custou R$ 600 mil na época. Os atendimentos começaram em setembro daquele ano e pararam dois meses depois. No ano seguinte, a carreta passou a ser utilizada como apoio para a realização de atividades educativas na área da saúde.
A Prefeitura chegou a publicar edital de concorrência para contratar uma empresa que se responsabilizasse pelo deslocamento do equipamento pelos bairros, mas o processo foi interrompido em 2014.
Na realidade, a carreta que foi criada e equipada para levar atendimento médico aos bairros está parada desde 2013 nos fundos da Policlínica Municipal, em Santa Rosália. Há denúncias demque o veículo virou uma espécie de depósito de equipamentos velhos, fato desmentido pela Secretaria de Saúde (SES).
A Policlínica Móvel tem quatro consultórios, todos com ar-condicionado. Quando entrou em uso estava equipada com móveis e instrumentos necessários para a realização de consultas nas áreas de ortopedia, dermatologia, gastrenterologia clínica e cardiologia.
Durante o tempo em que ficou inoperante, principalmente no período que permaneceu em Lopes de Oliveira, ao lado da UBS do bairro, foram furtados móveis, toldos e alguns equipamentos. Se o projeto é tecnicamente inviável e o atendimento nos bairros de difícil execução, ninguém falou até hoje a respeito.
Fato é que foram gastos muitos recursos para a sua construção e o equipamento está abandonado, enquanto que milhares de pessoas ainda estão à espera de consultas com especialistas.
A Prefeitura de Sorocaba nunca teve tantas trocas de secretários como nos últimos três anos. Já são quase 100 trocas em praticamente todas as áreas, uma dança de cadeiras inédita na história da cidade. Áreas importantes como Educação e Saúde, as que mais geram queixas e reivindicações da população, foram as que mais tiveram trocas.
Seis pessoas já sentaram na cadeira de secretário da Educação. O mesmo pode-se dizer da Secretaria da Saúde, onde também ocorreram seis trocas. Quando o prefeito cassado José Crespo iniciou o mandato, a SES tinha como titular Sérgio Alexandre de Oliveira, que assumiu em janeiro de 2017, junto com a nova administração.
No mesmo mês a pasta passou para o advogado Rodrigo Moreno, até que Ademir Watanabe, médico e funcionário de carreira da SES, assumisse a Pasta em agosto daquele mesmo ano. Watanabe deixou o cargo e deu lugar a Marina Elaine Pereira que permaneceu no cargo até maio deste ano, quando assumiu a psicóloga Kely Schettini.
Dias atrás, Schettini pediu exoneração e Watanabe voltou a assumir a Pasta. É a quarta passagem de Watanabe pela chefia da SES. Ele já ocupou o cargo nos governos de Renato Amary (PSDB), Vitor Lippi (PSDB) e no primeiro período de governo de Jaqueline Coutinho, então do PTB.
É muita rotatividade em uma pasta importante e que requer atenção especial da administração municipal. E não há críticas individuais aos vários ocupantes da Pasta, certamente profissionais competentes levados a ocupar a direção da secretaria por curtos períodos.
É praticamente impossível, com tantas alterações, a manutenção dos mesmos programas e prioridades, como já foi mencionado neste espaço. Cada secretário, sendo que alguns não são da área da saúde, têm leituras diferentes de como melhorar o atendimento para a população.
Um mês depois de assumir a Prefeitura de Sorocaba pela segunda vez, a prefeita Jaqueline Coutinho (PDT) esteve na Câmara de Vereadores para fazer uma espécie de balanço dos primeiros 30 dias de governo e fez um alerta sobre a situação financeira do município.
Depois de tomar conhecimento de como andavam as finanças do município, falou sobre medidas de contenções de gastos para evitar o colapso. Medidas de contenção em períodos difíceis são sempre bem-vindas, mas é preciso evitar alguns desperdícios.
Recuperar e colocar em funcionamento a Policlínica Móvel pode ser um bom começo em uma cidade em que a população tanto precisa de atendimento na área da saúde.