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Perigo de nova epidemia

09 de Janeiro de 2020 às 00:01

O município de Sorocaba encerrou o ano de 2019 com o registro de 1.076 casos de dengue de acordo com dados da Secretaria de Saúde (SES).

Foram, segundo dados oficiais, 915 casos autóctones, ou seja, de pessoas que contraíram a doença por aqui mesmo, 109 casos importados e 52 indefinidos.

Também foram registrados 88 casos de chikungunya, um caso importado de febre amarela e nenhum caso de zika.

Todas essas doenças têm um transmissor comum, o velho conhecido Aedes aegypti, e numa tentativa de ampliar o combate ao transmissor, a SES informa que contratou um terceiro veículo para aumentar o combate ao mosquito por meio da aplicação de inseticidas, uma medida de efeito duvidoso se não houver colaboração decisiva da população em combater os criadouros, principalmente nesta época de ano de chuvas.

Em nota distribuída à imprensa, a SES informa que as chuvas realmente preocupam e por isso prossegue com a remoção de criadouros.

De janeiro a dezembro do ano passado a Divisão de Zoonoses removeu nada menos de 585 toneladas de objetos e recipientes que poderiam servir para a reprodução do mosquito.

A remoção é feita por meio de “arrastões” em que equipes de funcionários retiram os objetos com o auxílio de caminhões da Prefeitura.

Essa atividade, segundo a nota, tem boa aceitação por parte da população, pois remove de imediato os criadouros e elimina ovos e larvas de potenciais criadouros dessas áreas. Estão em curso em Sorocaba e Votorantim trabalhos de avaliação de densidade larvária, para aferir o nível de infestação nos dois municípios.

Em todo o Brasil, o ano de 2019 teve o segundo maior número de casos de dengue desde que a notificação obrigatória começou, em 1990.

O Ministério da Saúde ainda trabalha na contagem dos casos registrados no período final do ano, mas sabe-se que de 1 de janeiro a 7 de dezembro de 2019 foram feitas 1,53 milhão de notificações da doença, a maioria delas em São Paulo e Minas Gerais.

O número só é inferior a 2015, quando 1,69 milhão de casos foram registrados. Em relação a 2018, o aumento foi de 600% e esse crescimento se deve à mudança do subtipo de vírus predominante no país, pois passou a circular o sorotipo 2 da doença.

Prevendo o crescimento ainda maior da doença em 2020 no Estado de São Paulo, a Secretaria da Saúde realizou uma pesquisa sobre criadouros do mosquito em sua jurisdição no final do ano passado e constatou que cada residência do Estado tem, em média, 2,5 criadouros do mosquito da dengue.

Com 390 mil casos confirmados até o início de novembro e 256 mortes no mesmo período, o Estado corre risco de ter novamente uma grande epidemia. Os pesquisadores encontraram maior prevalência de larvas em recipientes móveis como garrafas pet, vasos de plantas e potes plásticos. Havia 1,3 criadouros destes por casa positiva.

Recipientes naturais, facilmente encontrados em qualquer quintal ou jardim, como ocos de árvores, plantas e bambu, tiveram o menor índice de criadouros com larvas. Também tiveram índices pouco expressivos, recipientes em depósitos elevados, como forros, calhas, lajes e piscinas.

O setor de Controle de Endemias da Secretaria Estadual da Saúde avalia que a presença de tantos criadouros com larvas é um alerta para uma grande epidemia de dengue nos próximos meses. A pesquisa de campo foi feita nos meses de outubro e novembro, quando houve atraso nas chuvas e a temperatura não estava tão elevada como agora.

Com as chuvas das últimas semanas e o aumento da temperatura, é possível que tenhamos uma explosão de casos já a partir do primeiro mês do ano. Por isso é importante redobrar esforços para eliminar criadouros do mosquito.

E há um agravante: neste ano circula o vírus do tipo 2 da dengue e quem já teve a doença nos últimos anos, pode apresentar sintomas ainda mais graves. A doença está presente em 96% dos municípios paulistas. São José do Rio Preto registrou 32.822 casos no ano passado e Campinas, 26.246.

Sorocaba teve uma grande epidemia de dengue em 2015 com o registro de mais de 52 mil casos e aproximadamente 30 óbitos.

Nas condições atuais, se a população não colaborar com as autoridades da Saúde para a eliminação do mosquito, esse quadro pode se repetir e talvez de maneira mais grave.