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O descaso de sempre

30 de Dezembro de 2018 às 00:01

A passarela metálica para passagem de pedestres construída no início da rodovia João Leme dos Santos por empreiteira contratada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mais que uma obra malfeita, é o retrato fiel do trabalho realizado pelo departamento responsável por administrar as rodovias estaduais de São Paulo nos últimos anos. Conforme mostrou reportagem deste jornal, a passarela foi erguida nas proximidades do Jardim Tatiana, em Sorocaba, junto a cabos de energia elétrica e telefonia, ao alcance das mãos daqueles que usam o dispositivo para não atravessar as pistas da rodovia. Uma criança sem noção do perigo ou um adulto menos avisado correm sério risco ao tocar na fiação. Apesar da proximidade com a fiação elétrica, ironicamente a passarela não tem iluminação, o que torna seu uso durante o período noturno ainda mais perigoso. Ela é utilizada por centenas de moradores, entre trabalhadores e estudantes das proximidades, que tentam cruzar a rodovia com segurança. Linhas de ônibus embarcam e desembarcam passageiros junto à passarela.

A duplicação da rodovia João Leme dos Santos (SP-264) vai entrar para a história pela sequência de problemas e atrasos. A obra começou com atraso de vários anos e depois de muitas mortes em decorrência de acidentes. Mesmo com movimento muito grande por conta do tráfego de caminhões com destino à SP-79 com destino ao litoral ou à região sul do país, pois são impedidos de passar pelo Centro de Votorantim, e pelo grande movimento provocado pelo câmpus da UFSCar e vários condomínios, o governo estadual atrasou ao máximo seu início. Assim que começou, nova parada. A empresa que ganhou a concorrência para construir o primeiro trecho simplesmente abandonou a obra. Foram anos de atraso e o resultado é uma rodovia com asfalto irregular e sinalização precária. Nada, entretanto, que surpreenda quem conhece o padrão desse departamento da Secretaria Estadual de Transportes e Logística.

Além da morosidade na duplicação da SP-264 e no resultado abaixo do esperado, são inúmeras as pendências que o DER tem na região. O exemplo mais conhecido é a duplicação da rodovia Sorocaba-Itu que se arrasta há seis anos sem que seja concluída. Por inúmeros problemas a conclusão da obra vem sendo adiada há anos. A última informação era que o trecho estaria totalmente concluído no mês de dezembro. O mês terminou, o ano também, e ficarão ainda vários trechos sem conclusão. Sem contar que os trechos entregues ao tráfego têm um péssimo acabamento e já se encontram desgastados pelo uso.

Há ainda várias obras prometidas para a região e que não há jeito de sair do papel. Uma delas é a duplicação, ao menos até o entroncamento com a rodovia Castelo Branco, da rodovia Emerenciano Prestes de Barros, que liga Sorocaba a Porto Feliz. A pavimentação dessa estrada já foi uma epopeia no final dos anos 1970 e só foi realizada devido ao empenho da Prefeitura de Sorocaba que cuidou das desapropriações. Agora se espera a duplicação do trecho. Essa obra é urgente. Além do crescimento da cidade naquela região, foram construídos dois conjuntos residenciais gigantescos, o Carandá e Altos de Ipanema. Juntos, esses dois conjuntos construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida têm mais de 20 mil habitantes que se deslocam diariamente pela rodovia de pista simples. Esse núcleo é maior que muitos municípios paulistas e merece atenção do governo. Também precisa de atenção para melhoria de sua segurança a estrada que liga a Cruz de Ferro, no final da avenida Ipanema, a Iperó, passando por Aramar, que gera movimento intenso de veículos. Dezenas de pessoas já morreram em acidentes nessa estrada sinuosa e com poucos dispositivos de segurança.

Talvez esse pouco caso do governo estadual e do DER nos últimos anos explique o surgimento de novas lideranças de outros partidos na região. Durante vários anos Sorocaba foi o maior município do Estado governado pelo PSDB, mas nunca recebeu atenção proporcional à sua importância. Desatenção envolveu praticamente todas as áreas. Na área da Saúde, apenas para dar um exemplo, quantos anos esperamos por um novo Hospital Regional? Vamos torcer para que o novo governador e os parlamentares do mesmo partido que se reelegeram tenham mais sensibilidade para os problemas regionais nos próximos anos.